Cap. 5 - Os Navegantes

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Caminhamos rapidamente entre as árvores, tentando ganhar tempo. Nosso grupo não era grande, mas era chamativo, a gente precisava encontrar logo essa gruta. Sadreen murmurava "cade" afobada, buscando qualquer indício de onde estava nosso esconderijo. Livre, usei minha magia para ajudar. Senti a floresta falar comigo, indicando o caminho certo. Olhei para Décio que afirmou com a cabeça, sabendo o que eu estava fazendo. Não parei para explicar, apenas corri na direção que a floresta mandava, ouvindo Décio guiar o grupo.

Um pouco mais a frente, o ambiente tremulou, mostrando uma entrada subterrânea embaçada, escondida dos olhos humanos. Toquei a imagem que se abriu como uma cortina, revelando totalmente a entrada. Mandei-os entrar um por um, até restar apenas eu e Décio do lado de fora.

– Vá, entre! – ordenei.

– E você? Não vou deixá-la aqui fora sozinha – resmungou ele.

– Vou criar um perímetro de proteção e depois vou. Só essa neblina não vai nos esconder para sempre – expliquei. 

Ele assentiu e entrou, desaparecendo na escuridão da entrada. Voltei para o lado de fora, puxando o ar com o movimento das mãos. Um redemoinho de vento respondeu o meu chamado, criando um anel ao redor de toda a gruta, que só seria quebrado se outra bruxa ou mago encontrasse a entrada, nos escondendo no mundo espiritual. 

Assim que completei o feitiço, fechei a neblina no momento exato em que os guardas de Urhan marcharam por entre as árvores, procurando pelo nosso grupo. Suas armaduras negras reluziam com as luzes das tochas que eles carregavam. Esperei, pacientemente e pronta, eles passarem direto por nós. Quando não havia mais nenhum sinal deles, deixei a entrada e fui em direção à escuridão. 

Um pequeno caos acontecia ali dentro. Pela falta de luz, todo mundo se juntou em um círculo próximo demais, discutindo o que seria feito agora. Concentrei na luz do sol, pedindo para que ela nos presenteasse com sua luminosidade e toda a caverna acendeu, revelando uma gruta disforme, mas protegida pela terra. A magia os calou, surpresos com a repentina luz. Caminhei até sentar no chão, seguida por Décio, que sentou ao meu lado e me abraçando. Como senti falta da sua presença. 

– Assim é melhor, não acham? – ironizei – agora por favor, alguém pode me explicar o que está acontecendo?

Os rapazes e Sadreen se ajeitaram no chão ao meu redor, todos descansando pela primeira vez depois da nossa fuga. O loiro alto foi o primeiro a falar – quando executaram Ruphus, percebemos que algo estava errado – comentou.

– A gente até acreditou no discurso do Mestre Urhan de início – o mais baixo completou – só que algo não encaixava. A gente te viu, você era simpática com todo mundo, fora a luta com Sadreen, não tínhamos problemas.

– E no final – um rapaz de voz afeminada se pronunciou – você desapareceu. Quando perguntamos, eles disseram que você enlouqueceu do nada e atacou todo mundo. Não fazia sentido isso.

Tinha que fazer uma nota mental dos nomes deles, não queria ser ingrata, já que salvaram minha vida. Sadreen esbanjava orgulho pela empreitada, esperando sua vez de comentar.

– Então Sadreen juntou uma galera, mostrou umas coisas esquisitas – o mais jovem comentou, ainda com os olhos arregalados, assustado – tinha umas passagens que davam para uma sala cheia de símbolos.

– A sala de sacrifícios – falamos juntas, arrancando um riso nervoso.

– Foi aí que armamos um plano – foi a vez dela de falar – montamos uma bomba no salão de reunião, na hora do jantar e quando explodiu, foi a deixa para livrarmos vocês.

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⏰ Última atualização: Aug 06 ⏰

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