O Que de Raios é Ser Reclamado?

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Bem, já passou uma semana desde que cheguei ao acampamento. Eram todos bastante simpáticos, para ser honesto, ainda não fui reclamado, mas também não esperava ser reclamado de qualquer maneira.

Hoje foi o dia da Captura da Bandeira, juntei-me à cabana de Hermes, com a cabana de Atena, que tinha a Annabeth, e elas eram tão inteligentes que era difícil acreditar que eram crianças. Bem, felizmente, eu estava com o Percy, e ele era basicamente o único que parecia me entender, tipo, tudo isto é estranho, e esquisito, e tudo mais. E depois tínhamos o Luke, líder da cabana de Hermes, ele era um gajo fixe, e era giro, e porreiro e.. pronto, vocês entenderam... Como uma figura de irmão mais velho que todos precisam. Bem, estávamos contra a cabana de Ares, esses tipos eram uns idiotas, uns imbecis, tudo de mau. Eles praticavam bullying com o Percy por ser mais incrível do que eles, consegue acreditar? Só porque ele matou o Minotauro, e tu és um fracasso, não precisas de intimidá-lo, estou certo ou estou certo?

Bem, prosseguindo, o Percy foi.. reclamado, por Poseidon. E eu acho que me senti perdido ao ver isso acontecer, porque, ya bué fixe, o meu melhor amigo é filho do grande deus do mar, mas ao mesmo tempo, significava: não poder comer com ele, não poder ficar acordado até tarde a conversar com ele... e eu senti-me sozinho, o único que me apoiava era Luke, ele não me abandonou, o que me fez sentir melhor e mais feliz. 

Passaram-se três dias, e ninguém parecia ter reparado que eu saltava as horas das refeições, às vezes. Um dia fui para a praia, e lá encontrei um falcão peregrino, não me perguntem como sabia a espécie, a sua plumagem é característica, em tons de cinzento-azulado no dorso e ; cabeça preta-cinza com "bigode" escuro e queixo branco; bico escuro com base amarela; patas amarelas com garras pretas riscada de negro na zona ventral. Os olhos são negros com anel amarelo e relativamente grandes. As asas são afiladas e longas, estava estatelado na areia e envolto numa rede de caça. Deve ter conseguido voar pela barreira depois de ser acertado, pensei, e comecei a cortar a rede com uma pequena navalha que trazia sempre no bolso. 

"Obrigado.. a sério", o falcão falou comigo, espera, falou comigo? O quê?

"Eu entendo o que tu dizes.. como é que tu falas?" 

"Ignorantes como sempre, claro que nós falamos! Só alguns é que nos intendem, isso é diferente!"

"Obrigado pelo elogio" 

"De nada"

O falcão bateu as asas algumas vezes, pareceu-me saudável, ele voou em cima da minha cabeça, e não sei porquê, mas senti-me bem quando ele pousou no meu ombro.

"Sou o Tornado"

"Alexander, mas podes me chamar de Alex" 

"Fixe! És o primeiro semideus com quem falei!"

"A sério?"

"Ya!"

Por incrível que pareça, eu e o Tornado ficámos a conversar na praia. Éramos de certa forma parecidos, não tínhamos família de jeito, sabiam que os falcões podem ter parceiros para a vida toda? Achei isso muito fofo, e o facto do Tornado, ter 12 anos como eu e já ter saído de casa para caçar, era adulto, no entanto, viveram tanto quanto eu. 

Eu deixei-o voar de volta para a floresta, tive a sensação que nos íamos voltar a ver. Voltei para campo, a hora de jantar tinha passado, apenas consegui avistar a Clarisse e as suas comadres da cabana de Ares perto da porta da cabana de Hermes, pareciam ter estado a contar que eu chegasse àquela hora, e que não iria me juntar à fogueira com os outros para cantar. Também não tinha em mente enfrentar estes tipos.

"Olhem.. eu gostava muito de poder entrar para a minha cabana e assim.." Eu comecei, sendo rapidamente interrompido por Clarisse.

"Não deste muita luta no jogo de sexta, és mesmo fracote"

"Pois sou, parabéns para ti, vá, desarredem a porta agora" 

"Nah, temos os nossos planos" Ela lança um olhar a dois dos seus companheiros e eles agarraram-me, eu senti o botão de pânico no meu cérebro a ser carregado e agora estava tudo em alerta vermelho. Não era nada bom a fazer frente a malta desta, normalmente limitava-me a faltar a algumas aulas enquanto chorava na casa de banho trancado, depois de me terem espetado a cabeça numa das sanitas ou de me terem partido o nariz. E estes tipos eram semideuses, por sinais poderosos, nem sabia se eles me matariam ou algo assim.

Eu tentei debater-me, mas eles eram fortes e eu fiquei rapidamente esgotado. Eles agarraram os meus braços com força, apertando a pele pálida dos meus antebraços, que estavam com algumas cicatrizes, de... batalhas antigas, diremos. Eles levaram-me para trás da cabana de Ares, onde me rodearam, continuava a ser agarrado por trás, e juntaram-se mais cinco à festa, fizeram um circulo à minha volta. Um primeiro deu-me um soco nas costelas e eu contorci-me, outro avançou e socou-me na cara, provavelmente partiu o meu nariz com a força que tinha colocado no soco. Senti as lágrimas a subirem-me à cara, mas segurei-as lá dentro. Ouvi risos gerais da malta de Ares, e depois de mais alguns socos e murros mandaram-me ao chão e bateram com a minha cabeça na terra.

"Que inútil! Nem dá luta, sem o seu amigo Percy não é nada, é mesmo putinha!" Uma das raparigas comentou.

Outros concordaram, e eu levantei-me aos poucos, enquanto eles se dissipavam. Quando todos desapareceram, eu voltei a correr, quando parei, sentei-me ao lado de um grande pinheiro, que tinha passado por antes. Deixei tudo sair, e começou a chover fortemente, a trovejar, o vento soprava. Após alguns segundos era possível ver algumas árvores a serem arrancadas pelas raízes. És um inútil! Que parvo, porque é que fugiste?! Ninguém se importa contigo mesmo! Seu estúpido, inútil!, continuei a insultar-me mentalmente e agarrei nos meus cabelos loiros que estavam molhados, o vento ficou mais forte e os trovões mais altos. A minha respiração ficou mais rápida e eu fechei os olhos com força, depois, senti uma mão no meu ombro direito, e levantei a cabeça, e lá estavam aqueles olhos verdes e azuis a olhar para mim, naquela chuva incessante. Percebi que estava a sangrar do nariz, o grande centauro mirava-me, a mim e ao Percy, um pouco mais de trás, a cara deles os dois ficou iluminada de uma luz cinzenta e um trovão foi ouvido nos céus. Eles olhavam para cima da minha cabeça, então eu fiz o mesmo. Vi uma rápida imagem desvanecida de um relâmpago que brilhava em branco e cinzento. Percy tinha os olhos esbugalhados, ele abraçou-me mesmo assim.

"Zeus.." Quíron suspirou, mas eu ouvi na mesma. 

* * * 

Passaram alguns dias, e agora, tudo estava pior. "Como estava pior? És uma criança dos três grandes!" dizem vocês, mas piorou. Agora era O filho de Zeus, já nem aparecia para comer, só quando estava realmente faminto. E quando me forçavam a ir comer, quando sequer se preocupavam comigo o suficiente para ir à minha cabana. Normalmente só tinha três companhias, Luke, Percy e o Tornado, que tinha passado a morar comigo. 

A Storm in The Underworld -- (PJO fanfic//Meu UA) --Onde histórias criam vida. Descubra agora