Soraya ( Simoraya )

Afire Love - 🐆🩶

Notas

Antes de qualquer coisa a questão da rainha e tals eu só pesquisei e coloquei ali, não levem no pé da letra e não me corrigem, eu só coloquei de acordo com o que eu acho, só ignorem o fato porque eu quis colocar a nacionalidade delas. Bjs 🥹

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Eis que a vida prega peças aparentemente sem sentido, e um dia sem mais, a gente acaba encontrando o encaixe perfeito para elas.

Foi exatamente isso que aconteceu com Soraya. Pensou estar apaixonada e com a mulher da sua vida, até que um dia acabou por descobrir que o sentimento não era recíproco. No momento se perguntou por que amar alguém tinha que ser tão complicado e doloroso. E então ela entendeu. Talvez fosse precipitado, mas ela estava disposta a se arriscar. Podia dizer que Simone era esse encaixe para seu coração. Clichê? Talvez, mas para quem vive em um verdadeiro conto de fadas, clichês são uma parte fundamental.

Assim, depois daquele primeiro beijo, elas passaram a noite grudadas. Dançaram, conversaram e muitos outros beijos fizeram daquela noite um primeiro encontro perfeito. Como era um pouco tarde, Soraya se ofereceu para acompanhar as três amigas até o prédio delas, e não foi muito difícil, já que estava bem perto do local. Big Paulo e Vitor foram escoltando elas com o carro, mantendo uma distancia razoável para não chamar a atenção.

Ao se despedirem, Leila e Eliziane as deixaram a sós esperando uma próxima reunião dos amigos. Como Gleisi estava ali de cão de guarda, a despedida foi rápida, e combinaram de almoçar juntas no dia seguinte antes do trabalho. Aquela ideia deixou Gleisi tensa, mas logo ideou um plano para prevenir sua protegida.

O caminho de volta foi silencioso. Soraya estava ansiosa por saber o que Gleisi achara de Simone e se poderia contar com ela para ocultar sua verdadeira identidade, pelo menos por agora.

Quando chegaram, Big Paulo e Vitor foram para a ala norte da casa deixando-as na sala. Porque todo mundo pensava que Soraya morava em um alojamento da faculdade, e isso era visível por fora, mas por dentro era praticamente um palacete.

O grande prédio escondia uma casa majestosa com moveis caros e de muito bom gosto. Eletrodomésticos de ultima geração, quarto principal, hóspedes, estúdio de música e fotografia, piscina coberta e um andar inteiro para os seguranças que controlavam as câmeras e alarmes. Gleisi por ser praticamente um membro da família, dividia a parte principal com Soraya que se queixava da solidão. Os aposentos eram conectados por um elevador e quando perguntavam se alguém mais vivia no alojamento, magicamente estudantes, que na verdade eram funcionários da casa, apareciam para mostrar que estava completo. Ninguém entrava naquela casa sem ser identificado ou convidado.

Soraya sentou como de costume em uma poltrona marrom que ficava em um extremo da sala ao lado da lareira, enquanto Gleisi retirava o casaco e se sentava no sofá. Naquele momento ela soube que a conversa era séria e que a Soraya que estava a sua frente era a decidida e segura de si. Ela estava com as pernas cruzadas e o dedo brincava com a costura do braço da poltrona.

- E então? - Soraya perguntou finalmente.

- O que eu disser vai mudar sua decisão?

- Não.- respondeu firme, porém com a expressão calma e amável e Gleisi apenas assentiu.

- Ela é realmente bonita e tem um encanto especial. É meio tímida, mas sabe se comportar. Não é vulgar nem gosta de chamar a atenção. Até me arrisco a dizer que ela é meio inocente. Provavelmente, e dou ênfase no provavelmente, ela seja quem diz ser, mas para isso terei que investigar. Assim que eu vou perguntar apenas uma vez, há algo que eu deva saber antes de começar a invadir a vida pessoal dela e da família? - e foi aí que Soraya duvidou. Era o momento que ela temia, encontrar algo no passado ou na história de Simone que fizesse com que sua família não aceitasse sua decisão. Era a hora de se arriscar, ela já sabia o que queria e Simone estava disposta a descobrir o que era aquilo junto a ela. Então suspirou e descruzou as pernas. Deixou os ombros caírem e Gleisi alçou as sobrancelhas. Então soube que sim, havia algo mais com Simone Tebet.

- Ela é libanesa.- Soraya respondeu de vez, e viu como os olhos de Gleisi praticamente pularam pra fora. Pelo menos era a reação que ela esperava.

- Você ficou maluca? Nem em mil anos isso será permitido Soraya! Seu pai e sua mãe, o Parlamento, seus tios e primos, o povo inteiro, meu Deus! Como você não me disse isso antes? - Soraya estava cabisbaixa e ansiosa enquanto Gleisi estava à beira de um ataque.

- Ela não é a favor do comunismo, reconheceu que o país precisa de uma mudança ideológica! - argumentou ficando de pé e encarando a baixinha.

- Você só pode estar brincando! Isso é uma pegadinha? Não importa se ela acha que o país precisa mudar, eu duvido que ela aceite a verdade, eu duvido que o seu pai aceite a verdade!

- Gleisi, eu estou me apaixonando por ela.

- Mas que merda! - gritou exasperada antes de rir com desdém. - Soraya, você a conhece a três dias!

- Eu sei! Esse é justamente o ponto. Eu não me importo se você acredita ou não. Simone é a mulher da minha vida.- respondeu categoricamente e firme. Gleisi levantou as mãos exasperada.

- Oh, agora você decide essas coisas assim! Você nem sequer sabe o dia do aniversário dela. E o que ela vai fazer quando souber a verdade? Por Deus, Soraya, que essa mulher não seja comunista não quer dizer que aceite a monarquia, e o que é pior, que o povo alemão vá aceitar uma futura rainha que nasceu e cresceu em um país comunista! – negando com a cabeça, a loira já andava pela sala impaciente – Seu pai está à beira de um ataque de ansiedade, você veio pra cá para estudar e voltar quanto antes e ocupar o trono, você não é a Soraya que a Simone conhece, você é Soraya Vieira Thronicke, e dentro de pouco será Soraya I Saxônia, rainha do Principado de Alemanha! – a baixinha cuspiu as palavras praticamente jogando a realidade na cara da loira, que se sentou novamente escondendo o rosto nas mãos. – No hipotético caso que seu pai aceitasse essa loucura, quando ela souber que ao estar com você estará com sua família, suas obrigações como herdeira do trono e posteriormente como rainha, com todas as revistas de fofoca, sua conta bancária, o Parlamento e o povo alemão. Meu Deus, Soraya, ela está aqui com uma bolsa de estudos, vivendo em um sobrado velho no Queens!

- O dinheiro e os títulos não são tudo, Hoffmann! - retrucou ainda cabisbaixa. Mas a segurança estava irritada.

- Não me venha com essa história, isso funciona na sociedade atual, mas pra uma tradição de séculos você sabe que não. Um membro da família real e uma plebeia pode até funcionar, mas um membro da família real com alguém que vem de uma comunista, jamais!

- ELA NÃO TEM HERANÇA COMUNISTA! - Soraya se levantou assustando a própria Gleisi. - Você está ouvindo o que está dizendo? Você sempre me disse que antes de tirar qualquer conclusão devemos investigar os fatos. Nem sequer achou o arquivo e o histórico da família dela e está afirmando que isso é impossível. E eu não menti, apenas omiti a verdade. Eu sou a Soraya que ela conheceu sim, a diferença é que ela ainda não sabe toda a verdade! Faça seu trabalho e investigue qualquer relação da família dela com a política ou a guerrilha, e deixe minha família e o povo alemão comigo. Afinal como você disse, a rainha serei eu, e se tiver que escolher, eu subo naquele trono sozinha! Boa noite, agente Brooke.

Usou de toda sua ironia e sarcasmo para pronunciar a última frase, deixando claro que aquilo não era um pedido, e sim uma ordem. Gleisi ficou parada na sala, de pé e encarando o fogo. Sentiu sua cabeça latejar só de pensar no que estava por vir, e se retirou ao escritório principal para começar a investigação, rezando para encontrar algo que fizesse Soraya mudar de opinião.

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No dia seguinte, Soraya acordou com a cabeça latejando. Mal havia dormido preocupada com o próximo passo a dar. Por agora era fácil fugir dos meios e revistas de fofoca porque Big Paulo e Vitor sempre se encarregavam de deixar o território livre, e como quase ninguém a reconhecia como a herdeira do trono da Alemanha, ela não chamava a atenção. Mas queria uma relação com Simone. Andar pelo Central Park, jantar fora ou ir ao cinema, provavelmente dormir juntas e todas as coisas que um casal normal faria enquanto se conhecem. Porém ela não podia sair sem segurança e sem o carro, que ao ver a placa vermelha Simone podia desconfiar. Uma opção seria comprar um carro comum, mas isso seria mentir e ela tinha medo de perder aquela confiança que a libanesa depositara nela mais do que tudo.