III - O depoimento deletado

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E vamos de ver finalmente o pov do Aventurine no surto da descoberta sobre o que aconteceu.

Enfim, a pobi da Topaz sendo gente como a gente.

Boa leitura ❤️
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Topaz estava na paz do senhor revendo os depoimentos do mural, embora sua cabeça quase tombasse no teclado mecânico, de tanto sono que a garota guardava pelas suas duas últimas noites mal dormidas enquanto corria para fazer um trabalho para a universidade.

Enfim, a vida da pobre universitária atolada de trabalho.

A mulher leu alguns dos textos na diagonal, e quando chegou no depoimento de Aventurine, estava já meio dormindo, clicando por acidente no “postar no mural”, tornando aquele desabafo mais público que banheiro de boate em dia de casa cheia.

A platinada não viu mais nada pelo menos por uma boa meia hora, já que estava com a cabeça deitada no tampo da sua secretária, babando na madeira de tão bem que estava dormindo, até seu celular Motorola rosinha começar vibrando e tocando que nem doido aquela música do “Aiaiai, I'm your little butterfly”, a assustando e a fazendo tombar da cadeira da mesa da cozinha onde ela sempre se sentava para olhar para aquela tela que mais parecia uma televisão dos anos oitenta de tão velha.

— Au, au, au! Quem é o demónio que está ligando nesse horário de gente que dorme?! — Ela resmungou entredentes, mas quando olhou o nome na tela como “Loira do Tchan”, soube que tinha dado ruim, pois Aventurine jamais ligava naquele horário. — Estou, Loira do Tchan, quem morreu para você estar me ligando nesse horário?

Quem morreu?! Minha dignidade, minha imagem, minha sanidade, sua piranha desbocada! você me expôs!

Aventurine parecia bastante agitado, o que despertou a atenção de Topaz. A mulher logo se levantou com cuidado, sentando novamente na cadeira, sua tela cheia de popups do MSN de Jade e Aventurine lhe mandando mensagem, implorando para que ela tirasse logo aquele depoimento do ar.

Foi aí que, ao abrir o Internet Explorer, ela percebeu.

Ela tinha feito a maior cagada do mundo e todo mundo tinha visto.

Ela tampou o rosto com a mão, suspirando pesado.

— Eu estava quase adormecendo no computador, eu devo ter clicado sem querer…

Topaz, você não está entendendo… ELE VIU A POSTAGEM, E ME DEU FORA EM PÚBLICO! A humilhação veio, o ultraje, a vergonha, vou ter de ir de máscara para a faculdade amanhã, piranha desbocada!

Apesar de estar com dó do rapaz, ao ler os comentários no post, não conseguiu deixar de rir, quebrando de vez quando viu o fora monumental de Ratio em Aventurine.

— Acho engraçado que você tem meu número para me xingar, mas não soube mandar mensagem de texto para mim, Loira do Tchan. Perdeu, querido, você que lute com as consequências da sua lerdice e do meu descuido! Pelo menos já chamou a atenção do boy.

Da forma errada! Aeons, Topaz, o que eu vou fazer, com que cara eu vou encarar a faculdade amanhã? Ainda por cima a primeira aula é da disciplina que a gente partilha cadeira!

Topaz riu baixo.

— Vou lá estar para te dar apoio moral. Amanhã volto para a faculdade, vou poder tascar uns beijo na minha Jade e você pode chorar no meu ombro com direito a brejinha fresca no intervalo pelas mágoas. Não seja tão dramático, você só falou que queria cair de boca naquele pecado de homem.

Maldita! Me mama, sua piranha!

— Você me ama, eu sei, eu sei! — Ela riu do xingamento, para depois privar aquele depoimento, poupando mais a vergonha ao loiro que só faltava chorar do outro lado da tela, enquanto continuava ranteando sobre como sua vida académica tinha terminado, fazendo todo um drama. Seu celular voltou a vibrar, desta vez com uma ligação de Jade. Teria de ligar para a sua crush depois, já que agora, estava preocupada com o estado da mente do palhaço, vulgo Kakavasha.

— … ele de certeza não vai querer olhar mais para minha cara, Topaz. Como vou conquistar ele desse jeito?

— Talvez começando pelo início e convidando ele para sair? Sei lá, vai que no fundo, ele até achou piada e só te deu fora por ser uma situação pública. Ele parece ser um cuzão frescurento para essas coisas, provavelmente ele é daqueles gay de armário que de dia é crente da igreja e de noite dança até ao chão feito lacraia, com a quantidade de álcool certa! — Ela brincou, enrolando algumas mechas de cabelo nos dedos, logo respondendo a Jade que estava consolando o inconsolável Aventurine.

Você acha mesmo que eu vou ter chance depois daquele depoimento vergonhoso?

— Bem, eu nunca te vi perder no truco, isso tem de significar alguma coisa…

Nunca ouviu a expressão “Sorte no jogo, azar no amor”?

— Você nunca falou que estava apaixonado por ele, ou se apaixonou assim à primeira vista, ein? — Topaz espicaçou-o com vontade de o deixar ainda mais constrangido, o ouvindo pigarrear do outro lado da linha, como se ele fosse uma criança que foi pega no meio da travessura. — Há! Sabia!

Cala a boca, Topaz, ou eu exponho sua relação e da Bonajade! Você não me teste!

— Não tem nada para expor quando a nossa relação já está assumida, Loira do Tchan. Boa tentativa. — Jelena apenas pôde rir, para depois se permitir trocar mais algumas palavras com Aventurine e desligar, já que estava chegando na hora de fazer sua habitual chamada de vídeo noturna com Jade.

Aventurine, assim que desligou a chamada, deslizou o topo do seu Nokia 5300 de forma a fechar o mesmo, jogando o pequeno celular indestrutível em qualquer canto da sua cama, se deitando nos travesseiros. Topaz tinha razão, ele devia ter mandado tudo aquilo por mensagem de texto, mas ao invés disso, se expôs da forma mais absurda possível na internet. Ele deveria ter calculado que aquilo ocorreria, mas foi impulsivo demais.

Ele quis bater em si mesmo, mas ao mesmo tempo, não deixou de pensar nas palavras de Jelena. E se ele transformasse aquele desaire em lucro? Afinal, ele já estava mais que apresentado. Só tinha de capitalizar.

Apostas arriscadas eram as favoritas de Aventurine, afinal.

Na sua cabeça, ele já traçou todo um plano mirabolante, só precisava que Ratio jogasse seu jogo, para depois colher os lucros. Era aposta quase ganha, mesmo com as probabilidades baixas.

Tinha tudo para dar certo.

O depoimento da vergonha (Ratiorine)Onde histórias criam vida. Descubra agora