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Enrolando uma mecha de cabelo no dedo indicador, Sasha esperava por seu caffè latte sentada e observando o centro da cidade pela janela da cafeteria... Já estava no terceiro dia na casa da família do Johnny e sua paciência começava a se esgotar, aquela família era muito estranha e cheia de regas bizarras, ela não conseguia entender como alguém tão divertido e engraçado como o Johnny tinha sido criado por uma bruxa como a Laura.

Quando o garçom trouxe o café, ela bebericou e quando olhou novamente para o lado de fora, viu Brad atravessando a rua, com uma mão no bolso do sobretudo e a outra digitando no celular...

No mesmo instante ela tentou ajeitar o cabelo no reflexo, puxou a camiseta um pouco pra baixo e ajeitou os peitos no decote, jogou o cabelo todo para o lado e ficou fingindo estar distraída.

O sino da porta tocou quando ele entrou, seu perfume caro se espalhou pelo lugar em questão de segundos, a voz grossa dele pedindo um café preto a fez se arrepiar, ele era uma versão muito mais atraente do Johnny, mais maduro, bonito e inteligente, bem sucedido.

-Sasha? - de repente, ela ouviu ele dizer - Está sozinha? Cadê o Johnny?

-Oi - ela respondeu, colocando o cabelo atrás da orelha e sorrindo - Ele está ajudando Laura a cuidar do jardim, e eu quis dar um volta pela cidade.

-Que legal - pra supresa dela, Brad se sentou na mesma mesa para esperar o café - E o que está achando até agora?

Ela não sabia pra onde olhar quando ele falava com ela, tentava desviar os olhos para a janela e as vezes fazia contato visual, mas Brad era tão imponente e másculo que a desconcertava:
-Pra ser sincera sou uma garota de cidade grande, então tudo isso aqui é meio estranho no meu ponto de vista, estou tentando me acostumar.

Brad assentiu, com os braços fortes cruzados e o olhar fixo no decote dela:
-Bom, se eu puder ajudar em algo conta comigo, afinal, agora somos família né?!

-Só não deixa sua esposa te escutar - Sasha cochichou, fazendo piada.

Ele respirou fundo, depois esboçou um sorriso discreto:
-Laura é uma mulher difícil, se intimida fácil com outras presenças femininas, ainda mais quando são tão bonitas quanto você, mas fica tranquila que com o tempo ela vai te acolher, conheço a minha esposa.

-Me acha bonita? - Sasha mordeu o lábio, como sempre fazia.

Brad olhou fixamente nos olhos dela, depois seus olhos seguiram até os lábios carnudos, e enfim desceram novamente para os peitos, e quando ele abriu a boca pra responder, uma voz veio de trás.

-BRAD VON ROSENFELD, SEU CAFÉ.

E então Sasha soltou o ar que estava segurando, os dois riram meio sem jeito e ele a cumprimentou com um beijo no rosto antes de ir pegar o café, e sair.

...

Digirindo com o cigarro na ponta dos dedos, Sasha seguiu pela avenida e entrou em um bairro mais afastado, passou por ruas estranhas e decadentes, com vegetação alta e pessoas estranhas, ela estava acostumada com aquilo então não se intimidou, continuou indo até chegar no píer da cidade, queria estacionar lá pra fumar um baseado em paz, já que não poderia ser vista fumando pois agora era parte da família do vice prefeito e futuro prefeito.

Desceu do carro, colocou uma jaqueta de couro pois próximo ao rio era mais frio e encostou na mureta, acendeu um cigarro de maconha e começou a fumar apreciando a paisagem soturna e azulada daquele rio coberto de névoa.

Até que escutou risadinhas vindo de dentro do farol que ficava ao lado, e quando a porta se abriu ela teve uma baita supresa.

Susie estava no colo de um rapaz, e era a única garota do grupo... Ela usava roupas completamente diferentes da que costumava usar em casa, não tinha nada daquela garotinha inocente e coquette, ela estava com sombra preta nos olhos, mini saia, um top vulgar da hello kitty e o cabelo loiro solto em ondas.

As duas arregalaram os olhos quando notaram a presença uma da outra, a garota desceu do colo do rapaz e foi até a cunhada, com um sorriso estranho no rosto e os olhos vermelhos de tão chapada.

-Não devia estar aqui - disse Susie, parando ao lado dela - E não devia ter visto isso.

-Mas eu não vi nada - Sasha respondeu, dando de ombros e soltando a fumaça - Fica tranquila.

Susie sorriu, mas era aquele sorriso típico de sua família, que de simpático não tinha nada, era apenas intimidador e sarcástico:
-Eu sou a garotinha da família, a caçula, a bonequinha frágil e educada, minha palavra vale mais do que ouro naquela casa, entendeu?!

-Eu já tive a sua idade Susie - ela segurou o baseado nos dedos e se virou pra olhá-la - Sei como é a pressão de crescer, só não imagino o quão difícil deve ser ter uma mãe como a sua, o peso de carregar um sobrenome importante em uma cidade pequena, então relaxa que eu não vou foder com a sua vida, você só está sendo uma garota fazendo coisas de garota, ok?!

Um dos rapazes chegou a abraçando por trás, ele era careca com a cabeça tatuada, tinha alargadores enormes e cicatrizes no sobrancelha:
-Quem é essa gostosa, Susie?!

A garota, olhando de cima a baixo e parecendo estar convencida de que seu segredo estava seguro, respondeu:
-Ela é da minha família, acabou de chegar na cidade.

O garoto franziu o cenho:
-E se ela contar pro seu pai?!

Susie levantou uma sobrancelha, com a mão na cintura e um olhar diabólico:
-Tenho certeza que a Sasha sabe guardar segredos, estou certa?

Fazendo um X na frente dos lábios, Sasha respondeu:
-Vou levar essa pro túmulo.

O grupo de adolescentes rebeldes saiu rindo e chutando lixeiras, fumando maconha e passando a mão em Susie, que antes de entrar no carro deu uma olhada para trás e fitou Sasha por alguns segundos, e assim que fechou a porta, o carro saiu acelerando com um som alto.

Sasha estava ficando cada vez mais supresa e assustada com os segredos daquela família, que de perfeita tinha apenas a fachada.

𝐍𝐈𝐍𝐅𝐎𝐌𝐀𝐍𝐈́𝐀𝐂𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora