- Murri Shukar! - Encaro o dono da voz marcante, paraliso é o rapaz mais lindo que já vi na vida, não é exagero quando se trata da minha pessoa que praticamente vivo em cativeiro - O manusha khevelan tut!
Fico perdida, ele estende a mão - Me som Gyorgy Calon!
Está se apresentando, aperto sua mão, é quente sinto uma descarga elétrica tomar meu corpo, sorrio e sussurro.
- Paula!
Beija minha mão mas não a solta - Pequena e humilde! O nome faz jus a sua pessoa, é pequena e humilde, sabe como sei disso?
Só balanço a cabeça em gesto negativo, sorri o tornana mais lindo
- Bom você é baixinha e delicada, humilde o suficiente para entrar no nosso acampamento, prestigiar nossa cultura de coração aberto, sem julgamentos e preconceitos.
Envergonhada, posso sentir meu rosto queimando
- Me daria a honra e te apresentar mais da nossa cultura, senhorita pequena?
Afirmo, até pareço ser muda, não sei o que esse menino tem que me encanta, hipnotiza.
Além de lindo, misterioso é alegre, espontâneo, me apresentou a outros jovens, para minha total alegria disseram que vão terminar o colegial na escola local, então vamos estudar na mesma escola estou explodindo de alegria, quem sabe pelo menos nesse último ano terei amigos.Me deu um colar de cristal, também uma pulseira combinando que ele mesmo fez, fui apresentada a todo acampamento e todos foram tão amigáveis e gentis, por fim aqui estamos nós dois sentados a beira da cachoeira. Tudo acontecendo tão natural e rápido, a única aventura na minha vida era as histórias dos livros, jamais imaginei em um dia viver tanta coisa.
- O que me disse antes de se apresentar?
- O manusha khevelan tut! É a linguagem romani significa "O povo te faz dançar" seu corpo estava embalado pelo ritmo, demonstrando admiração.
- É que tudo isso é novo pra mim, e a fama de vocês não é boa nessa cidade de merda, descobrir que estão errados é revigorante, desculpa o linguajar é que esse lugar me esgota.
Ele se deita de lado apoia a cabeça na mão, tira uma folhinha que gruda nos meus cachinhos:
- Compreendo, essa cidade parou no tempo, um tempo não muito bom, espero que esse tour tenha tirado a má impressão do nosso povo!
- Vocês são incríveis, autênticos, culturais, dá pra sentir a áurea de união, é revigorante e amei os conhecer, de verdade!
Gyo se levanta e senta a minha frente, as pernas longas de cada lado da minha cintura, acaricia meu rosto pode parecer loucura eu gosto, gosto muito do contato da pele dele com a minha, abro os olhos assim que ele afasta a mão, me deparo com sua iris heterocromaticas, perfeitamente dividida azul em cima, verde embaixo, até parece desenhado - Seus olhos são incríveis - Sorrio envergonhada - Desculpa! Não sou uma assediadora é só... Você é uma pessoa completa, seu interior é tão lindo que o torna ainda mais lindo por fora, minha mãe dizia que a beleza vem primeiro de dentro, estou acostumada a pessoas feias, a única coisa que tem é a aparência e status, a vida deles se resumi a isso então triste!
- O quanto te machucaram minha pequena? Tão linda e cheia de dor! Me fala mais sobre você.
- Bom! Minha vida é bem monótona, não posso decidir nem o que vou vestir, hoje é a primeira vez que consegui sair sozinha, não tenho amigos e odeio essa cidade, me escrevi em várias faculdades bem longe, só quero ir embora.
- Hum, somos nômades, nunca fixamos residência mais de um ano em uma cidade, depois que nos formamos vamos embora você está convidada!
Sorrio com a proposta, seria um sonho! Olho para a paisagem e percebo o sol querendo nascer só aí caio na real, droga!Droga! Sil vai me esfolar viva, olho no relógio já são quase cinco da manhã, levanto correndo
- Que foi? Disse algo errado? Shukar?
- Tinha que está em casa até meia noite, minha irmã vai me matar!
- Calma, vou te levar!
Segura minha mão, é tão natural ele me tocar, parece que nos conhecemos a anos, me despeço do pessoal que ainda estão de pé, Gyo como disse para chama-lo me passa um capacete e tira sua jaqueta e me ajuda a vesti-la, puxa uma lona e aparece uma bela moto antiga, sobe e estende a mão, me ajuda a subir puxa meus braços para abraça-lo, não corre assim consigo aproveitar a paisagem, o perfume dele é tão gostoso, ele é todo quentinho, sinceramente queria dormir todos os dias sentindo esse cheiro de mistério e aconchegada por esse calor.Para a uma certa distância porque peço, a bronca vai ser grande e se virem o Gyo vai ser pior, entrego o capacete e ele me surpreende com um beijo, calmo e doce, foi mais como um selinho mas pra mim foi o melhor beijo, meu primeiro, acaricia meu rosto não queria deixa-lo mas foi necessário, caminho sorridente até em casa, assim que abro a porta encontro Dário de braços cruzados e a Sil andando de um lado para outro.
Segundos depois...
- SUA IRRESPONSÁVEL! TEM IDÉIA DO QUANTO FIQUEI PREOCUPADA?
Apesar de berrar não escuto muita coisa, Gyo está na minha mente, sou trazida de volta quando Dário aperta meu pulso, olha com raiva para a pulseira
- Foi até o acampamento? FALEI PRA FICAR LONGE DAQUELES MARGINAIS! Paula tem ideia do perigo?
Crio o mínimo de coragem e resolvo quebrar o silêncio:
- Eles não são marginais, quer saber fui tratada com respeito coisa que em anos não aconteceu morando aqui, sim eu fui ao acampamento e vou voltar mais vezes.
- NÃO VAI MESMO, SE DEPENDER DE MIM NUNCA MAIS SAINDE CASA!
- Exato não depende mais de vocês, sou grata por me acolherem mas agora já posso responder por mim.
Sil começa a rir - ENQUANTO ESTIVER DEBAIXO DO MEU TETO VAI SEGUIR MINHAS REGRAS, PAREI MINHA VIDA PRA CUIDAR DE VOCÊ E SÓ PORQUE COMPLETOU 18 ANOS ACHA QUE PODE TUDO? É UM PESO MORTO QUE "EU" - Bate no peito e enfatiza essa parte do seu ego - FIZ O FAVOR DE TE ACOLHER, VOCÊ É A PEDRA QUE ENTRA NO CAMINHO DAS PESSOAS E ATRAPALHA TUDO.
- Amor fica calma - Dário tenta intervir mas Sil está transtornada.
- NÃO JÁ QUE SE ACHA DONA DO SEU NARIZINHO VOU SOLTAR TUDO QUE ESTÁ ENTALADO! SABIA QUE OS MEUS PAIS ESTAVAM PRONTOS PARA CURTIR AS FÉRIAS A ANOS DESEJADA E PLANEJADA E DE REPENTE GRAVIDEZ, NO DIA DO ACIDENTE ELES NEM DEVIAM ESTÁ LÁ MAIS A DONDOCA ESTAVA COM VONTADE DE TOMAR SORVETE NÃO É MESMO? ELES FAZIAM TODAS SUAS VONTADES, DEVIAM ESTÁ SEGUROS MAS VOCÊ NASCEU...
- Para Sil! PARA!
- É SUA CULPA! PERDI TUDO POR SUA CULPA! É VOCÊ QUE DEVERIA TER MORRIDO E...
- CHEGA! CALA A PORRA DA BOCA AGORA!
Dário respirava com raiva, é a primeira vez que grita dentro de casa, estou em choque sempre senti mágoas da parte da Sil só não imaginei ser tabta assim a ponto de cuspir coisas tão cruéis.
- Paula vai para seu quarto, depois conversamos como pessoas civilizadas.Eles discutiram e isso será mais uma bagagem para o peso da mala que sou, quando penso que a Sil não pode me magoar mais ela se supera, o choque me esgotou, não consigo chorar ou esboçar qualquer reação só me sento no chão encostada na cama e fico digerindo todo ódio que ela cuspiu na minha cara, tudo se repete sem parar na minha mente, talvez ela esteja certa, sou apenas um peso, um empecilho na vida das pessoas.
Não saí mais do quarto, perdi a fome e sinceramente o desejo de respirar, pego o pequeno cristal do colar, me lembro do acampamento e isso acalma meu coração.Sil e o Dário bateram na porta algumas vezes só ignorei, me sentei de frente para a janela, daqui da para enxergar a roda gigante, queria está lá o único lugar que me senti livre.
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Shukar
ParanormalPaula 18 anos, nunca beijou, foi a festas, não tem amigos, sua vida é estudar, sem parar por imposição da irmã mais velha que praticamente a criou, autoritária, rígida, controladora. A única esperança de Paula era a faculdade, seria seu escape até e...