As it was - Cole Walter

7

Cole entrou na casa com um sorriso despreocupado, mas logo se dirigiu à cozinha, onde Noa o seguiu em silêncio.

— Sobrou alguma coisa aí? Porque estou varado de fome — disse ele, se sentando na mesa começando a retirar comida.

Tio George estava na cozinha e, ao vê-los entrar, não conseguiu esconder sua frustração. Com uma expressão severa, ele dirigiu um olhar reprovador a Cole.

— Sabe que tem que ligar quando vai se atrasar, né? Pra isso existe celular — George reclamou, cruzando os braços.

Noa, sentindo-se um tanto desconfortável, dirigiu-se à sua cadeira à mesa, tentando passar despercebida.

Tia Katherine, por sua vez, estava mais curiosa e preocupada do que irritada. — Onde vocês estavam? — perguntou, tentando entender o motivo do atraso.

— A gente foi até o riacho e perdeu a noção do tempo — respondeu Cole, sem muito interesse, enquanto já começava a comer.

— Olha, eu... — Noa tentou explicar, sentindo que precisava esclarecer sua parte da história, mas foi interrompida por George, que levantou a mão pedindo silêncio.

— Noa, só um minuto — disse ele, sem desviar os olhos de Cole. — Cole, está sabendo de alguma aposta que o Isaac fez?

Noa prendeu a respiração, seu coração batendo mais rápido enquanto esperava a resposta de Cole. Ela não podia acreditar que estava realmente diante dessa situação, e a ansiedade crescia em seu peito.

— Não, não estou sabendo de nada — respondeu Cole, enquanto continuava a se concentrar em encher seu prato, evitando contato visual.

Katherine, no entanto, não parecia convencida. — É sério, Cole? — perguntou, sua voz carregada de incredulidade. Era como se ela pudesse ver através da mentira.

Cole suspirou e, por um momento, lançou um olhar culpado para Noa, antes de se virar novamente para a mãe. — Foi só uma brincadeira, tá bom? — disse, tentando minimizar a situação, mas a tensão em sua voz revelava seu arrependimento.

O silêncio que se seguiu foi quebrado por Alex, que, inadvertidamente, piorou a situação. — Perguntem ao Jordan o que ele tem na câmara — disse ele, mas logo foi repreendido pelos outros irmãos e primos, que o fuzilaram com olhares.

Katherine suspirou profundamente, e seus olhos se voltaram para Noa, cheios de compaixão. — Noa, eu nem sei o que dizer... Sinto muito — disse ela, sua voz suave, mas cheia de tristeza.

Noa tentou responder, mas a dor no peito a sufocava. — Eu... Eu preciso arrumar o cabelo — murmurou, lutando contra as lágrimas que ameaçavam cair. Ela não conseguia acreditar que Cole, que minutos atrás parecia tão próximo, havia feito aquilo com ela. Sentindo-se traída e desamparada, ela se levantou da mesa, sua mente um turbilhão de emoções.

— Posso pelo menos ajudar? — Tia Katherine perguntou, com os olhos cheios de preocupação.

Noa balançou a cabeça, tentando não parecer dura. — Não, obrigada — respondeu, sua voz baixa, enquanto tentava esconder o quanto estava machucada. Ela sabia que Katherine não tinha culpa, mas a dor era profunda demais para ser contida naquele momento.

Assim que chegou ao seu quarto, Noa fechou a porta atrás de si e desabou em lágrimas. O dia, que já era marcado por memórias dolorosas do aniversário de morte de seus pais, havia se tornado ainda pior. Sentia-se sozinha, traída e completamente desamparada. O peso da perda, da traição e da solidão parecia esmagá-la, e, sem ninguém com quem pudesse realmente contar naquele momento, ela chorou até que não restassem mais lágrimas.