Capítulo 6

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                           Miguel

Assim que atravessei os portões de entrada da universidade, segui direto para a sala de aula sem querer me atrasar para a primeira aula. Mas meus planos foram frustrados quando ouvi meu nome ser chamado.

— Espera por mim! — olhei para trás e vi Mirela acenando para mim enquanto se esforçava para me alcançar, assim que conseguiu, ela respirou fundo tentando recuperar o fôlego — Você anda bem rápido. 

— Precisa de alguma coisa? — perguntei objetivo.

— Só queria perguntar como você está — deu de ombros e sorriu — Já faz alguns dias que não te vejo nem no refeitório, fiquei preocupada.

— Estou bem — me limitei a dizer.

— Ah, fico feliz em saber disso... — ela parecia desapontada com minha curta resposta, mas mascarou isso com um sorriso — Bem, podemos ir juntos, já que vamos pelo mesmo caminho.

— Tudo bem — respondi voltando a caminhar, mas diminuindo os passos para que ela me acompanhasse.

Seguimos pelo corredor em silêncio, mas senti seu olhar sobre mim por todo o percurso, o que eu ignorei.

Mirela era uma amiga de infância de Marcos, e desde que este nos apresentara, ela sempre fazia questão de vir falar comigo, mesmo que eu não entendesse muito bem o porquê.

— Sua sala é por ali, certo? — apontei para a direita.

— Ah, sim... — ela olhou para direção indicada e depois voltou a olhar para mim — Te vejo depois então?

— Claro — respondi.

— Então até logo! — com um sorriso, ela acenou um tchau e se afastou pelo corredor.

Como minha sala ficava no lado oposto, me virei para seguir pela esquerda, mas parei quando notei que Elise se aproximava a alguns metros de distância.

Ela parecia perdida com alguns papéis na mão, provavelmente procurando a diretoria, até que seus olhos encontraram os meus e um instante depois, desviou o olhar para outro lugar.

Enquanto estávamos no carro, percebi que ela tentara ser legal comigo, mas minha resposta rude pareceu afetá-la, e por mais que uma parte de mim se incomodasse com minhas atitudes, a outra parte afirmava que era melhor assim.

E agora eu me encontrava no mesmo dilema, entre ajudá-la ou não, e sem conseguir me decidir, permaneci onde estava apenas encarando-a.

Quando fiz menção de dar um passo e estava prestes a ir até ela, um garoto a chamou e foi na direção dela.

— É tão bom te ver aqui! — disse o garoto de óculos caminhando rapidamente.

— Edu! — um largo sorriso se abriu no rosto dela, que se apressou em ir ao encontro dele — Ainda estou tentando acreditar que isso não é um sonho.

Os dois pararam um na frente do outro, compartilhando uma alegria comum entre eles. Percebendo que eu ficara tempo demais ali, me virei e fui em direção à minha sala.

— Achei que você não viria hoje, já que nunca se atrasa — Marcos comentou quando sentei na cadeira ao seu lado.

— Tive um pequeno contratempo — respondi com a imagem de agora a pouco ainda em minha mente. 

Me dispersando desses pensamentos, me concentrei no professor que acabara de entrar na sala e alguns minutos depois, a aula finalmente foi iniciada.

                              (...)

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