Capítulo 5

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                            Elise

Passaram-se três dias desde que Renato e seu filho vinheram até a minha casa e o mais velho me fizera uma proposta com uma oportunidade perfeita para mim. Confesso que fiquei surpresa ao ver o garoto da pizzaria, por quem eu ainda nutria um pouco de mágoa, mas tudo isso foi superado pela ansiedade e alegria que eu vinha sentindo nos últimos dias.

Já fazia duas semanas que eu estava desempregada, e mesmo saindo à procura de um novo trabalho, ainda não havia conseguido encontrar nenhum.

Minha família ficou muito feliz por mim ao saber que finalmente eu poderia cursar a faculdade que tanto queria, e eu sabia bem o quanto eles se sentiam mal por não poder pagá-la para mim. Mas eu não os culpava de forma alguma, e assim que saí do ensino médio, há dois anos atrás, a primeira coisa que fiz foi procurar um emprego.

Trabalhei em três lugares diferentes, com o último sendo a pizzaria e graças a isso, consegui juntar uma boa quantia, não o suficiente para pagar os quatro anos de curso, mas o bastante para começar. Meu plano era começar no próximo semestre, mas como fora despedida recentemente, pensei em só começar quando estivesse trabalhando de novo.

Eduardo, que estava me ajudando a procurar por um emprego, também ficou muito contente quando soube da notícia de que eu poderia estudar de graça e deixou claro que eu não deveria perder essa oportunidade. Ele também estudava nessa universidade e cursava para se tornar em breve um médico veterinário.

Durante os dias que se passaram, todas as noites eu apresentava à Deus minha situação e pedia um sinal para saber a vontade Dele, só que até agora eu não havia recebido nada e isso me deixava ainda mais aflita.

— Mas o que exatamente você quer que Deus faça, Elise? — meu pai perguntou quando em uma noite chamei meus pais e desabafei com eles sobre minha apreensão.

— Não sei... Só queria ter uma resposta clara — suspirei em meio à angústia que tomava conta de mim.

— Já parou para pensar que essa oportunidade pode ser a sua resposta de oração, filha? — minha mãe sugeriu e eu franzi a testa sem entender.

— Como assim?

— Me diz uma coisa — meu pai se inclinou para a frente e cruzou as mãos — Quando você orou a Deus por um novo emprego, você especificou para que queria isso?

— Sim, mas... — me interrompi, arqueando as sobrancelhas ao entender aonde ele queria chegar — Está dizendo que ao invés de me dar o emprego, ele pode ter me dado logo o curso que tanto desejo?

— Pelo menos, essa é uma forma de ver — ele disse com um sorriso — Não podemos entender completamente como Deus trabalha, nem esperar que as coisas aconteçam do nosso jeito. Às vezes, tudo que podemos fazer é... aceitar o que ele nos manda.

— Pois nada acontece sem a permissão Dele... — minha mãe completou me encarando com carinho — E se Ele permitiu que você tivesse essa oportunidade, por que não aceitá-la?

Refleti por alguns segundos em suas palavras e vi que tinham razão. Isso só confirmou ainda mais quando tomei minha decisão e senti a paz e alegria tomar conta de mim.

— Tudo bem, vou aceitar — falei por fim e os dois assentiram com um sorriso encorajador — Além do mais, se não der certo, posso sempre começar de novo.

Com isso em mente, pedi o contato de Renato para meu pai e liguei para ele imediatamente, que não demorou a atender.

— Senhor Renato, sou eu, Elise...

— Oi, Elise. Como posso ajudá-la? — perguntou solícito.

— Eu... pensei bem sobre a sua proposta e tomei a minha decisão... — olhei para meus pais, ouvindo tudo ali perto e encontrei neles a coragem necessária — Vou aceitar sua proposta.

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