Capítulo 3 - O chamado da curiosidade

56 11 31
                                    


"Quando um Espírito nos chama, nós devemos engolir o orgulho e prestar atenção no que eles tem a dizer"

O Antigo Livro dos Espíritos, escrito pelo Mestre dos Elementos

[Capital do reino de Outorya, vigésimo primeiro ano da Guerra dos Quatro Reinos, luas de agosto]

Faziam cerca de três semanas que Jisung estava preso dentro do quarto. Durante esse período, as únicas pessoas que viu foram sua mãe e Nari, elas eram as únicas que seu pai permitia entrar em seu novo quarto. Nem suas irmãs tinham permissão  para vê-lo. Lorde Han também havia mudado suas coisas para um quarto sem janelas e, segundo ele, aquilo seria por tempo indeterminado, até que Jisung se mostrasse merecedor de voltar para seu quarto original.

O jovem herdeiro, dessa vez, não teve coragem para enfrentar as palavras duras do seu pai, ele aceitou o castigo sem pestanejar. Mas o único motivo para ter feito isso era seu cansaço mental e físico, depois daquela noite intensa ele não tinha mais energias para brigar — e nem coragem.

Seu pai agiu como se a discussão que eles tiveram antes de tudo acontecer não fosse importante, Jiwoon sequer parecia se lembrar das palavras do filho, então, como esperado, o desabafo do ômega não conseguiu mudar nada na relação dos dois. Seu pai continuava agindo da exata mesma maneira, talvez até um pouco pior. Ele continuava diminuindo Jisung incessantemente, da mesma maneira que ele fez ao obrigar o filho a se curvar para o General Lee.

De certa forma, Jisung não se sentia mais um herdeiro, realmente parecia que ele era um qualquer.

Todavia, o ômega não se importava tanto assim, se com isso as suas obrigações também desaparecessem. Entretanto, não foi o que aconteceu. Apesar de estar preso em um quarto que não era o seu, Jisung foi obrigado a receber seu professor de etiqueta todos os dias, desde a manhã até a metade da noite. Tudo para repor as aulas que ele havia perdido. Era massante e estressante.

Precisava acordar cedo todos os dias e ir dormir tarde todos os dias. E, sinceramente, não estava aprendendo nada. Sequer conseguia mais prestar atenção em algo que o professor Park explicava. Sua mãe havia convencido seu pai de que um dia de folga das aulas seria bom para ele descansar e retomar as energias, por isso, seu professor iria embora mais cedo naquele dia. Não era exatamente um dia de folga, mas já era um bom começo.

— Acho que isso é tudo, jovem senhor. — ele disse, levantando-se e Jisung finalmente relaxou a postura na cadeira. — Você tem ido bem, nos próximos dias você terá suas últimas aulas de reposição. Aí poderemos avançar no conteúdo.

Que conteúdo?, Jisung se perguntou. Não havia exatamente um conteúdo para aprender, as aulas dele eram basicamente as mesmas coisas que Jisung ouvia desde os quinze anos: concertar a postura, sorrir e acenar.

— Claro, professor Park. — respondeu com um sorriso completamente falso no rosto. — E como estão as coisas no vilarejo? Alguma fofoca?

Jisung estava curioso para saber mais sobre como as coisas andavam, principalmente sobre os prisioneiros, estava preso ali fazia dias, havia tantas questões. Mas o professor olhou para ele com a mesma cara de repreensão de sempre.

— Fofocar não é adequado, jovem senhor. E seu pai me deu ordens claras para não dizer nada sobre o vilarejo para você.

Claro que deu...

Dito isso, o professor Park se despediu e saiu, deixando Jisung frustrado para trás. Ele bufou e se jogou na cama.

Não tinha outra maneira de saber as coisas a não ser perguntando, mas ninguém parecia disposto a lhe responder, nem mesmo sua mãe. Então, a dúvida sobre os prisioneiros continuava florescente. Todavia, aquilo não era o único questionamento que rondava a cabeça do Han, muita coisa havia acontecido naquela noite, dias atrás, e muita coisa inexplicável vinha acontecendo durante todos esses dias.

O Escolhido do Ar - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora