Capítulo 4 - O cantarolar do coração

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"Quando você escuta seu destino, descobre que ele não está nas respostas, mas nas perguntas que você se atreve a fazer."

O Antigo Livro dos Espíritos, escrito pelo Mestre dos Elementos.

[Capital do reino de Outorya, vigésimo primeiro ano da Guerra dos Quatro Reinos, luas de agosto]

Jisung abriu os olhos ofegante, sentando-se no meio da cama. Seu corpo inteiro estava suado e encharcando os seus lençóis. Ele olhou ao redor procurando alguma ameaça, mas estava tudo silencioso e tranquilo. Mas seu coração acelerado não permitiu com que ele se acalmasse.

Lembrando do seu sonho, tudo o que ele conseguia pensar era em Haerin. Ele colocou os panos que o cobriam de lado e levantou-se, saindo de seu quarto e andando pelo corredor escuro com os olhos arregalados. Parecia que ele havia visto um fantasma, seus cabelos estavam bagunçados e sua expressão assustada. A casa dos Han estava completamente silenciosa, sem nenhum funcionário caminhando por ali, só era possível escutar os passos apressados do ômega.

Várias pequenas orações corriam por sua cabeça, ele implorava pela segurança da sua irmã e para que, quando abrisse a porta do quarto dela, Haerin estivesse dormindo em sua cama em paz, como deveria. Entretanto, assim que cruzou o corredor e empurrou a porta pesada, o cômodo colorido e bem decorado estava vazio. Uma batida falhou no seu coração e suas pernas ficaram fracas.

A cama da garota estava bagunçada, provando que sim ela esteve ali. Porém, Jisung recordou da conversa que tiveram naquela manhã, sobre a insônia da mais nova e como ela gostava de ficar ao lado de fora observando o céu. Um vento forte soprou dentro da casa e o jovem herdeiro olhou ao redor, paralisado e sem nenhuma reação. Sua mente ainda estava ligando os pontos e compreendendo a situação.

Como havia acabado de acordar, ele estava bagunçado física e mentalmente. A sua respiração começou a ficar acelerada e seus pés deram passos confusos para os lados. Foi com um estalar, que ele se decidiu e correu em direção ao quarto dos pais, ansiando por amparo. Precisava que alguém lhe dissesse o que fazer, pois não tinha capacidade de pensar por si mesmo agora. Mesmo que em seu sonho indicasse que ele quem deveria tomar iniciativa e ajudar a sua irmã.

Eles estão vindo, foi o que Haerin disse. Mas quem eram eles? Invasores? Assassinos?

Empurrou a porta do quarto dos pais com brutalidade, entrando no cômodo afoito. Para sua surpresa, sua mãe e seu pai estavam acordados, Haesoo lia um livro encostada na cabeceira da cama, enquanto Jiwoon estava em uma pequena mesa, lendo alguns documentos. Os dois olharam para o filho com surpresa, assustando-se com sua entrada repentina e ao notarem a sua expressão.

— Querido, o que aconteceu? — indagou Haesoo, sua expressão franzida agora. Ela largou o livro e levantou-se da cama, pronta para ajudar o filho.

— Eles estão vindo... — a frase de seu sonho veio automaticamente para seus lábios, como se nem fosse ele que pensasse em dizer aquilo. — Eles estão vindo!

Repetiu como se agora fizesse sentido. Seu peito subia e descia rapidamente.

— Quem está vindo, garoto?! — seu pai tirou os óculos de leitura, levantando-se também.

Haesoo correu até o filho, amparando seu nervosismo. Era evidente que as mãos do ômega tremiam desgovernadas ao lado de seu corpo, ele estava suado e seu cabelo estava bagunçado no topo de sua cabeça. Também era possível reparar em como suas pernas estavam fracas, parecia que elas iriam ceder a qualquer momento. Então, sua mãe lhe deu apoio para continuar de pé.

O Escolhido do Ar - MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora