"Dúvidas surgem como tempestades quando os Espíritos Elementais se fazem presentes, testando a coragem daqueles que buscam respostas."
— O Antigo Livro dos Espíritos, escrito pelo Mestre dos Elementos.
[Capital do reino de Outorya, vigésimo primeiro ano da Guerra dos Quatro Reinos, luas de agosto]
Jisung estava sentado à sua mesa, esperando em silêncio. A casa dos Han estava completamente escura, já era tarde da noite. Apenas o quarto do jovem herdeiro tinha um leve feixe de luz, iluminado por uma única vela acesa ao lado da cama. Aquele não era o horário mais apropriado, mas seria o único momento em que a visita de Minho passaria despercebida.
A guarda de seu pai não suspeitaria da presença do general ali, justamente por Minho ser parte do exército, e seus pais jamais imaginariam que o filho estivesse acordado tão tarde. O plano parecia perfeito, não havia espaço para falhas. No entanto, se algo saísse do controle e alguém descobrisse o Lee no quarto de Jisung naquele horário, as consequências seriam desastrosas.
Não apenas para Jisung, mas também para Minho. E nenhum dos dois queria arcar com as consequências. Portanto, todo cuidado era pouco.
Jisung passou o dia inteiro ansioso e inquieto. Talvez, finalmente, estivesse prestes a descobrir algo depois de semanas mergulhado em um turbilhão de incertezas. Seus sonhos estranhos persistiam, trazendo cada vez mais confusão. A misteriosa mulher continuava a aparecer, noite após noite, enigmática e incompreensível.
Em todos os sonhos, o cenário era o mesmo. Eles estavam na cachoeira. Jisung se ajoelhava próximo à água, encarando seu reflexo. Logo sentia uma presença estranha atrás de si. Quando se virava, lá estava ela, ajoelhada também, olhando-o diretamente. E então, com uma voz suave, ela repetia as mesmas palavras:
— Você vê o que eu vejo?
Era a mesma frase, repetida todas as noites. E, ao contrário dos outros sonhos, nos quais Jisung conseguia encontrar algum significado nas palavras da mulher, dessa vez, aquilo parecia vago demais. Podia significar muitas coisas... ou talvez nada. Ele torcia para que Minho trouxesse respostas, porque não aguentava mais tentar entender tudo sozinho.
Não era apenas o mistério dos sonhos que o incomodava, mas toda a situação em que se encontrava.
De repente, Jisung ouviu passos leves vindos de fora, próximos à sua janela, que já estava aberta. Seu corpo ficou em alerta. Aquele caminhar era tão suave que poderia ser confundido com o farfalhar do vento, mas ele sabia muito bem quem estava do outro lado. Assim, não foi surpresa quando Minho atravessou a janela, pousando no chão do quarto com uma leveza impressionante. A madeira do piso sequer rangeu.
A furtividade de Minho era impecável. Eles se encararam por alguns segundos no silêncio absoluto do quarto escuro, ambos querendo se certificar de que ninguém os ouvira.
— Acho que está tudo bem. — Jisung sussurrou, quebrando o silêncio. Minho, que ainda o observava, concordou com a cabeça.
O general caminhou apressado até a porta, mais uma vez sem fazer barulho algum. Pegou uma das cadeiras do quarto de Jisung e a posicionou contra a madeira, como uma precaução para impedir que alguém entrasse. Havia um nervosismo evidente em seus gestos, talvez pela situação delicada de estar, tecnicamente, invadindo a casa do Lorde Han.
— Todos estão dormindo. Ninguém vai entrar. — Jisung tentou tranquilizá-lo.
Minho se virou, visivelmente mais aliviado. Seus ombros, antes tensos, relaxaram um pouco.
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O Escolhido do Ar - Minsung
AventuraMINSUNG | ABO | AVENTURA | ROMANCE Em tempos imemoriais, os Espíritos Elementais - Ar, Terra, Fogo e Água - governavam em perfeita harmonia, moldando o mundo e criando a humanidade junto com os Espíritos Guardiões. Mas a quebra dessa paz lançou o mu...