Capítulo 3

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⠀⠀Harry queria ficar bêbado.

⠀⠀Havia uma garrafa de vodca entre as coisas que Louis havia resgatado do avião. Harry a pegou quando o outro homem não estava olhando, foi até o túmulo de sua esposa e ficou extremamente bêbado. Foi uma sensação boa.

⠀⠀Louis o encontrou algumas horas depois e ficou, como era de se esperar, furioso. Mas, por outro lado, ele parecia ter apenas dois estados de espírito, no que dizia respeito a Harry: enojado e furioso.

⠀⠀"Vá embora", disse Harry, olhando para ele do chão. "Você está acabando com o clima aqui."

⠀⠀Sua voz soava estranha até para seus próprios ouvidos. Rouca e áspera. Há quanto tempo ele não a usava? Desde...

⠀⠀Harry tomou outro gole da garrafa, saboreando a queimação.

⠀⠀Ele tinha certeza de que o rosto de Louis teria ficado vermelho de raiva se já não estivesse tão bronzeado.

⠀⠀"Eu já disse: você não pode tomar nada sem a minha aprovação primeiro", Louis grunhiu, com um músculo pulsante em sua têmpora.

⠀⠀Harry bufou, dando um chute na canela de Louis. Era uma pena que ele estivesse descalço. Provavelmente nem machucou aquele imbecil. "Você é o maior maníaco por controle que já conheci." Seus lábios se contorceram em um sorriso. "E eu já conheci muitos maníacos por controle, então isso diz muito. Tem certeza de que não frequentou a escola de Joseph Rutledge para os caras mais controladores do planeta?"

⠀⠀Louis lhe lançou um olhar de nojo. "Levante-se. Beba um pouco de água e vá dormir."

⠀⠀Harry lhe deu outro chute na canela. O idiota nem sequer se mexeu. "Você não manda em mim."

⠀⠀"Não", disse Louis. "Mas eu sou o cara responsável pelo estoque, não você. Você não pode pegar o que quiser. Nossos suprimentos são limitados–"

⠀⠀"É só vodca. Para que serve–"

⠀⠀"Era a única coisa aqui que poderia ser usada como antisséptico", disse Louis. "E agora não temos nada, graças a você."

⠀⠀Oh.

⠀⠀Harry olhou de volta para o frasco.

⠀⠀Houve um silêncio longo e tenso.

⠀⠀Harry olhou para o rótulo do frasco. "É o aniversário dela hoje", ele sussurrou, e então riu, o som áspero e chocante até para seus próprios ouvidos. "Eu acho. É muito estranho que eu nem saiba ao certo que dia é hoje?"

⠀⠀Um suspiro. "Isso não é um bom motivo para ficar bêbado–"

⠀⠀"Ela pensou que poderia estar grávida."

⠀⠀Silêncio.

⠀⠀Louis não disse nada.

⠀⠀Harry engoliu o que restava da garrafa e olhou para o céu enquanto lutava contra o aperto na garganta. Porra, ele não sabia por que estava se sentindo assim. Não era como se ele quisesse muito ter filhos: Taylor era quem os queria tanto. Harry ainda se lembrava de seu sorriso largo e das lágrimas em seus olhos quando ela percebeu que sua menstruação estava atrasada. Ela decidiu fazer um teste de gravidez quando voltaram para os EUA, com medo de mais uma decepção. Eles estavam tentando há mais de seis anos, com Taylor ficando cada vez mais desesperada à medida que se aproximava dos quarenta anos. Era irônico que ela tivesse morrido justamente quando seu sonho estava prestes a se tornar realidade? Irônico era a palavra errada. Fodido. Cruel. Injusto e estúpido.

⠀⠀E agora ele nunca saberia se ela realmente estava grávida. Ele sempre se perguntaria.

⠀⠀"Sinto muito por sua perda", disse Louis, sua voz rouca.

between hatred and desire - l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora