Capítulo 12

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⠀⠀Boston os recebeu com um sol radiante.

⠀⠀Harry desceu lentamente os degraus do jato particular que a família de Louis havia enviado para eles – bem, para Louis. Ele observou enquanto duas jovens, provavelmente irmãs de Louis, o abraçavam com força, com os olhos úmidos e sorrisos radiantes. Uma calorosa reunião de família. Deve ter sido bom.

⠀⠀Harry se afastou da cena emocionante e ficou ali parado por um momento, sem saber o que fazer.

⠀⠀Os últimos três dias desde que foram resgatados tinham sido meio loucos: exames médicos, entrevistas, telefonemas intermináveis e, depois, o longo voo de volta para os EUA. Esse último o deixou tão ansioso que Harry teve de ser medicado durante o resto do voo. Ele ainda se sentia desequilibrado. O barulho do aeroporto era avassalador, e ele teve que respirar profundamente para evitar um ataque de pânico. Estava tudo bem. Ele estava de volta em casa. Ele se acostumaria com o barulho novamente.

⠀⠀Um táxi. Ele precisava pegar um táxi. Um táxi o levaria à Mansão Rutledge. Os Rutledges provavelmente estariam esperando por ele. Provavelmente. Talvez. Harry havia ligado para eles e dito que estava vivo e quando chegaria. A conversa tinha sido... estranha, para dizer o mínimo. Harry nem se ofendeu com o fato de a única pergunta de Derek Rutledge ter sido sobre Taylor. Dizer ao cunhado que sua única irmã estava realmente morta seria para sempre uma das conversas mais desconfortáveis de sua vida.

⠀⠀E agora ele estava de volta. De volta para casa.

⠀⠀Casa. A Mansão Rutledge ainda era sua casa? Ele havia morado lá por nove anos com sua esposa, mas agora que Taylor havia partido, ele duvidava que seria bem-vindo para ficar. Ele ainda precisava ir para lá. Todas as suas coisas estavam lá, se os Rutledges não tivessem se livrado delas.

⠀⠀Ele precisava ir. Encontrar um táxi. Ir até os Rutledges.

⠀⠀Partir.

⠀⠀Os pés de Harry não se mexiam. Eles não ouviam os comandos de seu cérebro de forma alguma.

⠀⠀Ele não conseguia se mexer, porra.

⠀⠀Desamparado, olhou de volta para Louis. Encontrou Louis já olhando para ele por cima do ombro da mulher que o abraçava.

⠀⠀Seus olhares se cruzaram.

⠀⠀Harry não sabia ao certo qual era a emoção em seu rosto, mas Louis disse algo às irmãs e se dirigiu a ele.

⠀⠀Harry o observou se aproximar, ainda desequilibrado pelo fato de Louis estar diferente em suas roupas. Esse homem de barba feita em um terno de negócios elegante não se parecia em nada com o cara de barba por fazer e seminu com o qual Harry estava... acostumado. Era desorientador.

⠀⠀"Indo para casa?" Louis disse, parando a alguns metros de distância dele.

⠀⠀Harry assentiu com a cabeça, franzindo os lábios com força.

⠀⠀Louis enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta, seus olhos azuis eram ilegíveis. "Vejo você por aí, então", disse ele depois de um momento.

⠀⠀Harry abriu a boca e depois a fechou sem dizer nada. Não havia nada a dizer. Ele assentiu com a cabeça.

⠀⠀Eles se encararam mais um pouco.

⠀⠀Atrás de Louis, alguém limpou a garganta. "Você deve ser Harry! Eu sou Félicité, irmã do Louis."

⠀⠀Harry tentou não tremer. Ele forçou um sorriso e disse algo para a jovem que enganchou seu braço no de Louis. Ela sorriu e disse algo de volta. Harry disse algo novamente. Conversa fiada. Eles estavam conversando. Era bizarro, depois de meses sem se falarem. Ele achava que tinha até conseguido fazer algumas piadas, mas não tinha certeza. Tudo parecia demais e, ao mesmo tempo, não era real o suficiente. Tudo parecia um sonho, o rosto ilegível de Louis era a única coisa em foco.

between hatred and desire - l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora