A Leoa e o Dragão

Capítulo 20

A brisa morna da Campina penetrava pela janela, trazendo o perfume das rosas e a suave melodia dos pássaros matutinos. Cersei acordou novamente antes do amanhecer, seu coração acelerado com a lembrança da conversa clandestina entre Rhaegar e Mace. O que eles estavam planejando? Ela se levantou rapidamente, vestiu-se e decidiu que não poderia ignorar a inquietação que crescia dentro de si.

No salão principal, o aroma dos pães quentes e da manteiga fresca invadiu o ar, acompanhando a energia contagiante do novo dia. Mace Tyrell e Alerie Hightower estavam à mesa, discutindo planos para a festa que celebraria o noivado de Willas e Safyra, mas as conversas tinham um tom diferente, algo mais sombrio, que escapava ao olhar do público. Cersei observou a interação entre os dois enquanto tomava seu café, notando os olhares discretos de cumplicidade que trocavam.

— Lady Alerie, o que pensa sobre as alianças que estamos formando? — Mace perguntou, com um sorriso que não escondia a profundidade de suas intenções.

— Alianças são como flores, meu lord — Alerie respondeu, olhando pelo canto dos olhos. — Devem ser cuidadas, mas também podem ser podadas. Rhaegar é um bom príncipe, mas seu pai… — Ela hesitou, permitindo que a frase pairasse no ar, carregada de significado.

Cersei, sentindo que não poderia ficar mais afastada, aproximou-se da mesa. — Se a Campina está tão cheia de flores, o que as espinhosas têm a dizer sobre a saúde do nosso rei? — Ela disse, com um sorriso que ocultava sua curiosidade.

Mace voltou-se para ela, o semblante sério. — Princesa, a saúde do rei Aerys é uma preocupação crescente, não só para nós, mas para todo o reino. Ouvi rumores… até mesmo os dos leões de Rochedo.

— Os leões? — Cersei indagou, o coração acelerando. — O que você supõe que meu pai deseja, meu lorde? Não acha presunçoso assumir que meu pai está conspirando contra um grande amigo de infância? Cujo as dinastias estão ligadas graças a princesa que vos fala? Isto me cheira a traição.

— Sabemos que Lorde Tywin se preocupa com o futuro de sua casa, e suas ambições… — Mace fez uma pausa, um brilho nos olhos, enquanto seus dedos dançavam sobre a mesa. — Se o rei não se mantiver no controle, quem mais poderia assumir?

A conversa provocou uma onda de incerteza em Cersei. O que estava se formando ali era uma conspiração. Ela precisava saber mais. A jovem princesa respirou fundo, desejando se infiltrar naquela rede de intrigas que parecia cercá-la.

— Então, o que sugerem? — perguntou ela, tentando se manter neutra, mas a tensão na voz traía seu interesse.

— Penso que a hora é chegada para um conselho mais ousado — Mace declarou, inclinando-se para frente, sua expressão intensa. — Um conselho que pode significar a diferença entre a paz e a guerra. Se conseguirmos convencer o pequeno conselho da incapacidade do rei, Rhaegar deve ser aclamado como o novo rei.

Cersei sentiu uma faísca de raiva e medo ao mesmo tempo. “Rhaegar como rei” parecia tanto um sonho quanto um pesadelo. Ela sabia que, se a verdade desse um passo à frente, seu mundo mudaria irrevogavelmente.

— Isso pode causar um grande tumulto, Mace. A casa Targaryen é um dragão adormecido, mas ainda é um dragão. — Cersei forçou um sorriso, buscando controle. — E o que lhe garante que o conselho irá concordar com essa trama?

— O amor de Rhaegar pelo povo é inegável — Mace respondeu. — Ele é o príncipe prometido, e temos muitos que o apoiariam, como os Martell e os Baratheon. Além disso, o que há de melhor para os Tyrell do que estar na vanguarda do novo reino?

— O que podemos fazer para garantir que esse plano siga sem obstáculos? — Cersei questionou, consciente de que estava se envolvendo em uma trama maior do que havia imaginado.