Capítulo 3

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Cersei saiu da torre da mão, estupefata. O próprio pai não se importava com o seu bem-estar! Apenas com o precioso legado da família. E o que era pior: seu dia só iria se tornar mais insuportável ao encontrar-se com a ruiva simplória. Por que tantas coisas ruins tinham de acontecer com as mais nobres pessoas?


Assim que chegou em seus aposentos, a futura princesa escovou seus cachos e descontou toda sua raiva em uma criada que comentara brevemente sobre o vestido de sua senhora estar muito "amassado".


— O que você tem a ver com isso?! — Dissera, praticamente gritando. — Eu poderia arrancar o meu vestido, passá-lo na boca de um boi, jogá-lo na lama, pisar em cima dele e você ainda teria que consertá-lo e limpá-lo!


A criada abaixou a cabeça e foi embora assustada, imaginando como a puseram a serviço de uma jovem nobre tão destemperada.


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O encontro com Lysa estava chegando e tudo que a Joia do Oeste queria era esconder uma faca em sua manga e enterrá-la inteira em sua quase cunhada.


Ao chegar à mesa do pátio próxima a uma fonte onde os servos puseram limonada, suco de maracujá e goiaba além de variados sabores de bolinhos, ela viu crianças maltrapilhas pulando perto da tal fonte. Nem filhos de servos deveriam se vestir de forma tão desleixada e se portar em tamanha algazarra, pensou.


Cada traço daquela frívola desmiolada lhe irritava. Desde os profundos olhos azuis que lhe lembravam os esgotos do Rochedo no verão até o cabelo alaranjado que era a representação da ferrugem. Como meu pai permite que esta criatura inferior se case com seu herdeiro? Ela deve ter o sangue selvagem dos Primeiros Homens e não dos civilizados Ândalos como nós! Pensou Cersei, mesmo sabendo em seu íntimo que o pior fato sobre a filha de Hoster era o de que se casaria com seu irmão.--Quando o encontro entre as duas meninas aconteceu, a Tully tentou agradar a Lannister.

Ofereceu-lhe os bolinhos de morango e de milho com os quais estava se empanturrando. Cersei, educada, porém com má vontade, recusou.

Lysa então começou a explicar porque apreciava tanto a comida: — Desde que a minha mãe morreu, os bolos me lembram ainda mais dela. Ela sabia fazer massas maravilhosas, e às vezes ia para a cozinha porque nenhuma serva fazia igual.


Cersei finalmente sentiu alguma empatia por sua rival. A leoa também sabia o que era ser órfã. Neste momento, a loira pegou um pedaço de bolo de morango e comeu. Realmente estava bom.

— Eu também tive mãe. — Disse a Lannister, deixando escapar um pouco de sua tristeza. — A presença dela fazia tudo à volta brilhar. Parecia até fazer mais sol quando ela estava presente. Mas daí, meu irmão menor a matou, rasgando-a inteira na hora de nascer! — As narinas da futura esposa de Rhaegar se dilataram.

A Tully meio que assentiu e também deu levemente de ombros. — Minha mãe também morreu de parto. Ela e o menino que nasceu. Mas pelo menos o seu irmão, Tyno, Tyry, está vivo. Não é? Perdoe-me se errei o nome. Só espero que Jaime não me faça filhos muito grandes, tenho medo de morrer também! — Lysa estava aos risinhos.


Cersei se levantou da mesa à qual estavam sentadas, com raiva. Teria arremessado longe a bandeja com os dois ou três bolinhos que escaparam da gula de sua desagradável convidada, mas não seria de bom-tom.Se Jaime chegar a fazer filhos em você, tomara que cresçam dentro de ti até os três anos de idade, pensou Cersei. Porém, a Lannister apenas respondeu: — Nosso futuro pertence aos deuses. Reze, reze, reze como uma septã. Já pensou em se tornar uma? Deve ser uma ótima vida, entregar-se aos deuses... E não ao meu irmão.

A Leoa e o DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora