Quando você trabalha como eu, lidando com as sujeiras emocionais dos outros, acaba aprendendo a identificar padrões de comportamento. Geralmente, é fácil. Os alvos são previsíveis, fáceis de manipular, e eu consigo destruir suas vidas sentimentais sem nem suar. Mas Jason... bem, ele era outra história.Vamos deixar uma coisa clara: Jason Todd não é o tipo de cara que você subestima. Ele não tinha aquele charme leve e relaxado que eu imaginava encontrar. Longe disso. Jason era o tipo de cara que entrava num lugar e imediatamente fazia com que todos ficassem em alerta. Ele tinha uma presença intensa, quase ameaçadora, e era um homem que claramente já tinha enfrentado suas batalhas e não estava disposto a recuar de outra.
Minha missão original era separá-lo de Isabel Ardila, a melhor amiga de Bianca, que o odiava com todas as forças. Ela o via como um bad boy perigoso, alguém que ia arruinar a vida de Isabel. E, bem, quando Bianca me contou sobre ele, eu esperava um tipo de "galã rebelde" genérico. O que eu encontrei foi um homem com cicatrizes, físicas e emocionais, e uma visão de mundo que era quase tão cínica quanto a minha.
A primeira vez que eu o vi em ação foi no café onde ele costumava ir, uma lanchonete discreta no centro da cidade. Eu cheguei cedo, como de costume, pedindo um cappuccino e ocupando uma mesa com uma visão clara da entrada. Eu tinha me preparado para isso, ou pelo menos achava que tinha.
Jason entrou, e imediatamente o ambiente pareceu mudar. Ele tinha o olhar de alguém que estava sempre em guarda, atento a tudo e a todos. Ao contrário dos meus alvos anteriores, ele não parecia ser o tipo que se deixaria manipular facilmente. Isso deveria ter me desanimado, mas, estranhamente, só me fez querer conhecê-lo mais.
Com a desculpa mais esfarrapada do mundo, eu me aproximei da mesa dele. "Posso sentar aqui? Tá meio lotado hoje," menti, com um sorriso forçado.
Ele me olhou com aqueles olhos afiados, como se estivesse me avaliando. Por um segundo, achei que ele fosse dizer não, mas então ele deu de ombros e indicou a cadeira com um gesto. "Fique à vontade, mas eu não sou muito de conversa."
Eu ri, tentando manter a leveza. "Não se preocupe, não sou uma daquelas que fica falando sem parar."
Jason era um desafio. Ele tinha aquela vibe de "não me aproxime" que tornava cada interação uma mistura de perigo e fascínio. Havia algo nele que me fazia querer baixar a guarda, algo que me fazia querer quebrar minha própria regra de não me envolver. Ele era sarcástico, mas de uma maneira sombria, e tinha um humor ácido que parecia ecoar o meu próprio. Mas, ao contrário de mim, ele não estava apenas brincando com as palavras. Cada comentário que ele fazia tinha uma borda afiada, como se estivesse sempre pronto para atacar, ou para se defender.
Os dias seguintes foram como um jogo de xadrez tenso. Eu tentava me aproximar dele, usando todos os truques que eu conhecia para que ele abaixasse a guarda, mas Jason era impossível de ler. E quanto mais eu tentava, mais eu me via atraída por aquele abismo que ele carregava dentro de si.
As minhas tentativas de criar mal-entendidos entre ele e Isabel falharam miseravelmente. Qualquer coisa que eu tentava plantar parecia não afetar o relacionamento deles. Jason era o tipo de cara que simplesmente não dava a mínima para as pequenas intrigas, e, além disso, ele parecia saber quando alguém estava tentando manipulá-lo. Eu estava jogando contra um oponente que conhecia as regras melhor do que eu.
O problema era que, a cada dia que passava, eu me via pensando mais nele do que no trabalho. A conexão que eu sentia com Jason estava me levando a um lugar perigoso. O meu trabalho sempre foi claro, sem complicações emocionais, mas com ele... as linhas começaram a se confundir. Ele não era apenas um alvo; ele era alguém que eu queria entender, alguém que, de uma forma bizarra, eu queria proteger.
Então, comecei a me afastar dos meus outros clientes. As mensagens continuavam chegando, mas eu não conseguia me focar em nada além de Jason. Minha moral estava em colapso, e eu estava me sentindo vulnerável, algo que nunca havia acontecido antes.
Uma noite, Zatanna, minha única amiga e confidente, percebeu que algo estava errado e me arrastou para um bar. "Você está agindo de maneira estranha, [Nome]. O que está acontecendo?"
Eu tentei despistar, mas depois de algumas doses de tequila, acabei contando tudo. "Eu estou... ferrada. Eu me envolvi com um dos meus alvos."
Zatanna riu, mas não de um jeito cruel. "Isso é sério? Você, a rainha do desapego, apaixonada? Quem é o sortudo?"
"Ele é tudo menos sortudo, Zatanna. Ele é perigoso, intenso, e eu não consigo parar de pensar nele."
"Então por que você não segue em frente? Larga esse trabalho maluco e tenta ser feliz por uma vez na vida?"
Aquela pergunta me assombrou. Eu estava presa em um ciclo de autossabotagem, e, pela primeira vez, alguém me fazia confrontar isso de verdade. Eu precisava decidir o que fazer com Jason, com meu trabalho, com toda a bagunça que eu havia criado.
Aquela noite, enquanto voltava para casa, percebi que estava numa encruzilhada. Eu sabia que tinha que fazer algo antes que fosse tarde demais. Jason era uma bomba-relógio, e cada momento que eu passava ao lado dele me aproximava mais de uma explosão que eu não tinha como controlar.
Mas será que eu estava disposta a sair machucada no processo?