matchbreaker - parte 3

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A manhã seguinte foi um inferno. Eu mal dormi, minha cabeça girando com perguntas que eu não queria responder. Jason, o homem que deveria ser apenas mais um nome na minha lista de alvos, estava agora emaranhado na minha mente de uma forma que eu não conseguia desfazer. E o pior? Eu sabia que estava ficando sem tempo. Eu precisava agir, e rápido.

No trabalho, as mensagens dos clientes acumulavam-se na minha caixa de entrada. Bianca, em particular, estava começando a ficar impaciente. Ela queria resultados, e eu sabia que não podia mais adiar. Mas, como eu poderia destruir Jason sem me destruir junto? A ideia de vê-lo machucado, mesmo que por algo que eu mesma causasse, me enchia de uma ansiedade que eu não estava acostumada a sentir.

Eu sabia que precisava me afastar, mas quanto mais tentava, mais me via atraída por ele. Jason não era apenas um desafio; ele era alguém que me fazia questionar tudo o que eu sabia sobre mim mesma. Ele tinha uma raiva latente, uma revolta contra o mundo que refletia a minha própria, mas que ele canalizava de uma forma diferente. Ele não se importava em quebrar as regras, em ferir quem estivesse no caminho, mas ele também tinha um código, algo que eu não conseguia decifrar.

Nos dias que se seguiram, comecei a evitar os encontros casuais com Jason. Eu sabia que precisava de distância para pensar com clareza. Mas o universo, como sempre, parecia determinado a me arrastar de volta para a confusão. Naquela semana, encontrei Jason em um lugar onde eu nunca esperaria vê-lo: no hospital.

Eu estava lá para visitar minha tia, uma obrigação familiar que eu tentava evitar sempre que podia, mas que naquele dia não tinha conseguido escapar. Quando estava saindo do quarto dela, me deparei com Jason no corredor. Ele estava sentado em uma das cadeiras de plástico desconfortáveis, com a cabeça baixa, os punhos cerrados. Parecia que o mundo inteiro estava prestes a desmoronar em cima dele.

Eu parei, sem saber se deveria me aproximar ou simplesmente dar meia-volta e sair dali. Mas algo dentro de mim me fez caminhar até ele. "Jason? Você está bem?"

Ele levantou a cabeça, e seus olhos encontraram os meus. Por um momento, ele parecia surpreso de me ver ali, mas logo sua expressão endureceu. "O que você está fazendo aqui?"

"Eu... estava visitando alguém. Você parece mal. Aconteceu alguma coisa?"

Ele hesitou, como se estivesse considerando se deveria confiar em mim ou não. Finalmente, ele soltou um suspiro pesado e falou, sua voz carregada de amargura. "Meu amigo... ele se meteu em problemas de novo. Está em cirurgia agora. Mais uma consequência das escolhas de merda que ele faz. E adivinha quem sempre tem que limpar a bagunça?"

Eu senti um aperto no peito ao ouvir aquilo. Jason não era apenas um cara duro; ele carregava um fardo que poucos entenderiam. E, por mais que eu quisesse manter distância naquele momento, tudo o que eu queria era ajudá-lo, mesmo sabendo que isso ia contra todas as regras que eu havia imposto a mim mesma.

"Posso fazer alguma coisa?" Minha voz saiu mais suave do que eu pretendia.

Jason me olhou, e por um instante, vi algo nos olhos dele, algo vulnerável que ele tentava esconder. Mas então ele balançou a cabeça. "Não. Não preciso de ajuda. Isso é algo que eu preciso resolver sozinho."

"Eu entendo. Mas, se precisar de alguém para conversar, estarei por aqui."

Ele não respondeu, mas também não me mandou embora. Ficamos em silêncio por alguns minutos, e, pela primeira vez, não houve sarcasmo, nem ironia, apenas uma conexão silenciosa entre dois estranhos que, de alguma forma, haviam se encontrado em meio ao caos.

Naquela noite, quando voltei para casa, minha mente estava um turbilhão. Eu sabia que estava cometendo um erro ao me envolver assim, mas não conseguia evitar. Jason era como uma droga perigosa, e eu estava viciada.

Mas, enquanto tentava dormir, algo ficou claro para mim: eu não poderia continuar naquele trabalho. Não enquanto meus sentimentos por Jason estivessem me dominando dessa maneira. Eu precisava encontrar uma saída, antes que tudo desmoronasse.

No dia seguinte, enviei uma mensagem para Bianca. Disse a ela que precisávamos conversar, pessoalmente. Era hora de resolver aquilo de uma vez por todas, antes que fosse tarde demais.

Enquanto eu esperava pela resposta, minha mente vagava entre o que eu deveria fazer e o que eu queria fazer. A escolha parecia impossível, mas eu sabia que precisava tomar uma decisão. E, de alguma forma, eu sabia que Jason, com toda a sua intensidade e complexidade, estaria no centro dessa escolha, quer eu gostasse ou não.

𝔯𝔢𝔡 𝔥𝔬𝔬𝔡, jason todd x leitoraOnde histórias criam vida. Descubra agora