between hatred and desire - l.s

Capítulo 7

⠀⠀A chuva não parava.

⠀⠀Ele e Louis estavam presos dentro do abrigo há três dias, e isso estava deixando Harry louco.

⠀⠀A proximidade não fazia mal – eles haviam aprendido a coexistir nos últimos meses, e Harry tinha de admitir que até a companhia de Louis era melhor do que ficar sozinho –, mas desde aquela primeira noite...

⠀⠀Para ser franco, ele estava com um tesão infernal.

⠀⠀Parecia que, agora que seu corpo se lembrava de que tinha necessidades, decidira continuar a lembrá-lo disso o tempo todo. Era muito inconveniente. E um pouco embaraçoso.

⠀⠀Embora talvez devesse ter sido mais constrangedor do que foi. Talvez ele devesse ter ficado mais estranho com o fato de que todas as noites ele se masturbava ao lado de um homem gay praticamente nu e com tesão.

⠀⠀Mas, verdade seja dita, Harry havia se acostumado com o fato de Louis estar sempre por perto. Ele nem mesmo gostava do cara, mas... tê-lo por perto era meio reconfortante. Não, "reconfortante" era a palavra errada. Não havia nada de reconfortante em Louis: o cara era um idiota mal-humorado e rabugento que claramente mal o tolerava. Mas, ultimamente, o fato de não tê-lo por perto deixava Harry nervoso. Desequilibrado. A solidão, a falta de propósito e significado nesta vida... isso o consumia todos os dias. Às vezes, ele achava que odiava Louis, mas odiava ainda mais ficar sozinho com seus pensamentos – ficar sozinho, ponto final. Quando Louis estava por perto, o mundo ficava um pouco mais nítido. Harry sabia que isso não era normal, sabia que era algum tipo de dependência estranha nascida da solidão e do desespero, mas não podia fazer nada a respeito.

⠀⠀Ele não queria ficar sozinho.

⠀⠀Eles faziam tudo juntos ultimamente: cozinhavam, caçavam, discutiam e apenas ficavam sentados em silêncio. O silêncio com Louis por perto não parecia tão intimidador e assustador quanto o silêncio quando Harry estava sozinho.

⠀⠀Talvez fosse por isso que se masturbar com Louis por perto não fosse tão estranho quanto deveria ser – ou teria sido no mundo real. Nesse mundo estranho e surreal onde só existiam os dois, era apenas mais uma coisa que eles faziam juntos.

⠀⠀Mas, embora ele pudesse não ter se sentido tão estranho com a coisa toda, isso não significava que ele não estivesse ciente de que Louis poderia não ser tão indiferente quanto ele.

⠀⠀Louis não era heterossexual. Ao contrário de Harry, ele adorava pênis. Adorava enfiar seu pau em outros homens. Então, na verdade, ficar ao lado de Louis não era... provavelmente o ideal. Um pouco imprudente. Tão provocante quanto uma mulher gostosa e nua se masturbando ao lado de Harry todas as noites teria sido.

⠀⠀Harry não era cego. Ele podia sentir a tensão em Louis, a frustração cada vez maior, podia ver como o pênis do outro homem ficava duro várias vezes por dia. Hum, ele não estava encarando a virilha do cara o tempo todo ou algo assim; estava bem ali. Qualquer um poderia olhar. Qualquer um notaria, considerando o tamanho daquela coisa.

⠀⠀Juntamente com o fato de que o cara não o suportava, parecia que era apenas uma questão de tempo até que Louis finalmente se irritasse. Então, Harry provavelmente deveria parar de fazer isso ao lado dele.

⠀⠀Mas, porra, ele não podia. Ele gostava – precisava – de se sentir bem. E essa era praticamente a única maneira de se sentir bem nessa ilha esquecida por Deus, onde nada acontecia. A monotonia entorpecente dessa existência o estava deixando louco – ele sentia que estava perdendo a cabeça aos poucos – e ele não estava disposto a se privar desse pequeno conforto. Até mesmo seu próprio toque era melhor do que nada.