Capítulo 3 - Um novo encontro

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Cole Mackenzie lançou um olhar para o seu relógio de pulso, e percebeu que Anne estava atrasada pelo menos dez minutos. Ele tinha notícias bombásticas para dar à sua amiga sobre a investigação em curso, e não sabia como ela iria reagir.

Ele deu um soco no ar, como se pudesse atingir o rosto de Billy Andrews. Ele era um canalha da pior espécie e não merecia uma lágrima de Anne, mas ela parecia realmente disposta a ir até o fim naquela história e Cole prometera que a ajudaria. Só não esperava encontrar uma bomba como aquela e ele sabia que, em vista disso, Anne sairia mais machucada do que já estava.

Ele caminhou pelo corredor da emissora, que naquele momento estava quase vazia. Cole trabalhava ali ao mesmo tempo que Anne, porque quando ela viera assumir o cargo pelo qual lutará por tanto tempo para conseguir, a ruivinha exigirá que o rapaz fizesse parte de sua equipe e estavam no mesmo time desde então.

O rapaz parou perto da janela, de onde podia ver o centro de Chicago abarrotado de edifícios altos e comerciais. A casa de seus pais não ficava longe dali, mas Cole a evitava sempre que podia

Ele vinha de uma família católica tradicional, que seguia à risca a doutrina da Igreja que frequentavam. Cole, de certa forma, tivera uma educação repressora e, por conta disso, cresceu reprimindo seus sentimentos e ações.

Fora uma luta, sair de casa e morar sozinho. Seus pais não aceitaram bem esta situação, mas ele não cederá, porque se tivesse ficado, com certeza teria enlouquecido. Ele queria ter a liberdade de viver como queria e ser quem ele era sem precisar se esconder, pois se sua mãe descobrisse seu maior segredo, ela ficaria destroçada e ele também.

Sua orientação sexual era um tabu do qual ele não falava com ninguém. Não tinha vergonha de seus sentimentos em relação a isso, mas não queria ver sua família no limbo e muito menos o rejeitando por algo que não era culpa de ninguém.

O rapaz aprendera desde seus quinze anos que amar alguém podia se manifestar de várias formas, não havia necessidade de sentir-se diferente ou se punir por seguir seu coração e respeitar a si mesmo. Ele era um homem de bem, era reconhecido em seu trabalho, tinha amigos de todas as classes sociais e tinha o direito de ser feliz como qualquer pessoa.

Obviamente, sua família nunca pensaria assim. Sua mãe, especialmente, o faria recitar todos os versículos da Bíblia se soubesse que Cole nunca seria o filho de ouro que ela pensava que ele era.

Ela enchia a boca para contar a todos sobre seu filho bem-sucedido do Chicago Tribune, planejava o casamento dele com uma socialite de seus sonhos, e na última vez que conversaram, ela dissera que tinha uma pretendente para ele.

Cole não perguntara nada à sua mãe sobre isso, pois não sabia bem como agir naquele caso. Mas o que ele tinha certeza era que a matriarca da família Mackenzie nunca brincava em serviço. Ela era teimosa e fazia as coisas do seu jeito. Também não admitia ser contrariada e, por isso, Cole evitava qualquer atrito com ela.

O rapaz tinha muito medo de decepcioná-la e sabia que isso aconteceria no dia em que ela soubesse quem ele era de verdade.

Às vezes, Cole se sentia como um impostor, fingindo ser alguém que de fato não era. Buscando a aprovação da mãe, mesmo com seus vinte e seis anos. Ele tinha necessidade da aprovação dela e perder o seu amor o deixaria arrasado. Não queria vê-la sofrer, mas não podia mudar sua real identidade. Nascera daquela maneira e gostava de sua essência; apenas não sabia como contar a ela, assim, continuava fingindo ser o filho que ela idealizava, porque sua mãe não suportaria conhecer sua verdadeira face.

O girar da maçaneta, o fez concentrar sua atenção na porta, pois tinha certeza de que Anne chegara. Deste modo, o rapaz pegou a pasta azul que deixara sobre a mesa, abrindo-a com cuidado para checar se todas as informações de que precisava estavam ali.

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