De Volta Ao Pesadelo - [Mundo Torajo]

Capítulo 3

|Capítulo 3|

    Conversamos por um tempo na sala, tendo o canal e nossos próximos vídeos como assunto principal. Mais tarde, Linn subiu as escadas para dormir um pouco — o que ele normalmente fazia durante a tarde — e esperar até a hora da janta. Eu e Zulmi conversamos mais um pouco na sala e depois nos dividimos para fazer nossas tarefas do dia a dia. Nosso planejamento já estava pronto e perfeito para ser colocado em prática, primeiro iríamos observar bem o tanto que o Morajo iria comer no seu café da tarde e na janta, e depois, antes de todos irmos dormir, iríamos assistir a algum filme que parecesse legal para todos nós relaxarmos um pouco.
    O tempo passou e quando já eram cerca de 19:00 e alguma coisa, um horário onde o sol já havia se escondido nas nuvens e a lua e as estrelas passavam a aparecer e festejar nos céus, o Morajo finalmente apareceu, descendo as escadas e carregando o prato junto com ele, mas para minha infelicidade e a de Zulmi, ele não comeu nem metade do que havíamos preparado. Meu achismo de que ele poderia estar melhorando pelo menos um pouco desapareceu completamente no mar de decepção.

    —Quem de vocês entrou no meu quarto?—Morajo perguntou, bocejando e esfregando um pouco um de seus olhos com o pulso. Acho que ele percebeu que antes de dormir a janela estava aberta e as luzes ligadas.
    —Ah, fui eu.—Sorri e me levantei do sofá, indo até a maçã vermelha.

    Morajo me comprimentou, parecia menos cansado do que mais cedo, porém ainda não sentia que ele realmente tivesse melhorado. O olhei nos olhos e vi como Morajo parecia um pouco decepcionado com si mesmo, acho que o fato de ele não aguentar comer muito estava o incomodando bastante.

    —Não gostou? Eu cozinho tão mal assim?—Zulmi pergunta enquanto voltava da cozinha, já usando um pijama e carregando algumas roupas e maquiagens que havia buscado de sua casa, ser fluente na língua das estrelas era realmente útil para ela.
    —Eu só não aguentei comer tudo agora, vou guardar para depois.—Ele disse e passou pela Zulmi, indo para a cozinha.

    A mirtilo se aproximou de mim e ambos observamos Morajo indo para a cozinha. Sem muito o que fazer, tentei ignorar o comportamento estranho da maçã vermelha outra vez e voltar a fazer as atividades da nossa casa.
    O tempo passou rápido, o Linn acordou e então nós jantamos, assistimos um filme em seguida e depois disso subimos todos para o segundo andar, eu estava ansioso já que fazia um tempo que nós não dormimos na casa um do outro, mas eu já sabia que a noite seria divertida. Já nos colchões, fizemos um pequeno círculo e começamos a conversar, contamos muitas piadas e o Linn teve a brilhante ideia de contar histórias de terror também, e ele era ótimo nisso.
    As histórias que Linn contava davam uma atmosfera pesada no quarto, principalmente quando o frio é o que domina o cômodo ou quando não há luzes algumas ligadas, sendo a única fonte de luz saindo de uma lanterna que apontava diretamente para o rosto cansado de Linn. Suas narrações prendiam a gente no universo da história, aquilo trazia um suspense agoniante e uma curiosidade imensa do que poderia acontecer, e muitos sustos também!
    Depois de muitas brincadeiras, histórias, piadas e risadas, o cansaço pelo dia cheio nos encheu e fomos obrigados a adormecer, todos juntos, grudados um nos outros e com várias camadas de cobertas acima de nós, aquela foi uma noite confortável.

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    Pela madrugada, despertei em um pulo no quarto escuro e frio em que dormimos na noite passada, respirei fundo e senti um alívio grande percorrer o meu corpo ao perceber que tudo não passava de um maldito pesadelo, mas a adrenalina continuava a percorrer meu corpo com pressa. Cuidadosamente estiquei meus braços e comecei a ter minha consciência de volta aos poucos, sentia minha garganta seca e uma sede insuportável que eu não aguentaria segurar até o amanhecer, fechei os olhos por pouco tempo enquanto respirava fundo mais uma vez e, em seguida, me sentei no colchão macio com certas dificuldade, não podia ignorar o fato de que Torajo e Zulmi haviam dormido quase em cima de mim e aquilo atrapalhou um pouco minha movimentação.
    Sai de baixo das cobertas e lentamente me levantei para não acordar os pombinhos que dormiam profundamente, me segurei em pé colocando as mãos em meus joelhos e respirando fundo, estava tonto e confuso, além de não enxergar nada a minha volta, o que realmente me incomodava bastante pois me lembrava aquela coisa escura e gosmenta, que fazia minha pele arder a todo momento durante minha luta com o Torajo, pensei um pouco nisso até que um flash pequeno de luz me chamou a atenção.
   
    —Linn?—Sussurrei, vendo Linn afastado dos outros e mexendo no seu celular. Ele pareceu não me ouvir, talvez lia ou assistia algo realmente concentrado, então decidi ignorá-lo por enquanto.