De Volta Ao Pesadelo - [Mundo Torajo]

Capítulo 6

Oi, cuidado, esse capítulo pode conter: descrição de cadáveres/Gore!

|Capítulo 6|

Já estava anoitecendo, a Zulmi e a enfermeira chegaram na sala e não aconteceu muita coisa depois disso, tirando o fato de que a Zulmi e o Torajo ficavam sempre saindo da sala e voltando juntos por algum motivo, a Zulmi também discava um número no seu celular várias e várias vezes e parecia impaciente de que alguém a atendesse.
Não liguei muito para isso, estava mais ocupado olhando pela janela do quarto hospitalar e esperando que o tempo passasse mais rápido, boiando em uma corrente calma de pensamentos bobos e passageiros. Faz um bom tempo que eu não vejo meus pais, principalmente juntos! Eu queria que eles chegassem logo, que todos nós pudéssemos conversar, nos abraçarmos, eu estava realmente impaciente esperando por esse momento.
Quando eu e o Torajo eramos crianças, nossos pais se divorciaram e eu acabei ficando com a guarda da minha mãe, enquanto o Torajo ficou com o nosso pai. Nossos pais não se odiavam, na verdade eles são até que bastante amigos hoje em dia, mas eles quase não se encontram porque minha mãe mora em outra cidade, foi para lá que nos mudamos depois do divórcio! Ver nossos pais juntos outra vez depois de tanto tempo ia ser incrível! Principalmente sabendo que eles estariam aqui por mim.
Enquanto pensava nisso, vi um vulto alto se aproximando da minha cama, a curiosidade me despertou para a realidade novamente e eu o olhei, era só o doutor melão, seja lá qual for o nome dele. Ele chegou perto de mim e aplicou alguma coisa no saco de soro com uma seringa, seus olhos se encontraram aos meus e ele sorriu, depois se afastando e indo conversar com os outros. Não liguei muito, todo mundo ali parecia realmente estranho e o médico era só mais um deles, então voltei a olhar pela janela.
O tempo se passou e ouvimos algumas batidas fortes e apressadas na porta, Torajo a abriu e lá estavam eles! Pareciam realmente preocupados com o que estava acontecendo. Ambos meus pais usavam roupas quentes, com foco em suas luvas, cachecóis e toucas, era um pouco estranho ver todos se vestindo de maneira tão exagerada, não estava sentindo tanto frio quanto eles apreciam estar!
Conversa vai e conversa vem entre Torajo e nossos pais na porta do hospital, depois finalmente ele os trouxe até mim. Estava tão focado em tentar ouvir ele conversando que mal percebi Zulmi e a enfermeira saindo do quarto, para onde elas iriam?

-Ah meu bem, você está bem? Está sentindo alguma coisa?-Minha mãe perguntou, se aproximando com suas mãos em seu rosto e depois tocando uma das minhas, se abaixando ao meu nível.
-O que aconteceu? Desde quando você está doente e tão mal assim?-Meu pai também questionou logo depois, ele se aproximou de minha mãe pelas costas e gentilmente passou a mão pelo meu cabelo.
-Ah, eu... Já faz alguns meses...
-O Morajo não contou o que ele estava sentindo! Se não fosse por isso, talvez teríamos chegado antes dessa coisa evoluir e você estaria melhor.-Torajo cruzou seus braços em seguida.

Minha mãe não ligou muito para o que estavam dizendo, continuou me olhando nos olhos, as vezes respirando fundo e acariciando minha mão, acho que ela estava nervosa. Já meu pai pareceu confuso com o que Torajo havia dito e o olhou.

-Coisa? O que o Morajo tem exatamente?
-Esse é o problema pai, a gente não sabe.
-Mas...-Fui interrompido, estava prestes a falar sobre a "coisa" que parecia ter crescido dentro de mim, mas Torajo não parecia querer que nossos pais descobrissem isso.
-O doutor ainda vai fazer alguns exames, espero que logo descobrimos como curar isso.-Ele me olhou com um rosto desconfiado.

Ficamos todos em silêncio, encarando uns aos outros sem muitas reações ou sem emitir um único som, apenas ouvindo a respiração um do outro. Maya, minha mãe, continuava a me encarar nos olhos, pensando constantemente em algo sem mudar seu foco de mim, senti uma leve pontada de desconforto e acabei desviando o olhar, voltando a observar a janela de mais cedo.
Abaixou sua cabeça por alguns segundos, antes de respirar fundo e me olhar outra vez.