sobre acreditar no amor, mas não acreditar que ele vá acontecer comigo;

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eu sei que o amor existe
porque eu sei quando eu amo
e a intensidade com que eu o faço

eu sei que o amor existe
porque eu consigo ver claramente
o brilho nos olhos daquelas duas meninas
dançando pagode juntinhas
eu consigo sentir no peito
as juras de amor que elas escrevem
em um story juntas, ao som de anavitória

eu sei que o amor existe
porque eu nunca vi nada tão genuíno
quanto o sorriso daqueles dois homens
andando com a filha no supermercado

eu sei que o amor existe
porque eu vejo a maneira que a minha mãe olha para o meu padrasto
eu vejo ele fazendo graça
só pra arrancar um sorriso dela
e conseguindo
e eles rindo juntos na mesa do café
como dois adolescentes apaixonados

eu sei que o amor existe
porque eu me lembro da minha mãe indo visitar ele no hospital
todos os dias
pegando quatro ônibus pra isso
amor em pura essência

eu reconheço o amor em todas as suas formas
nada me convence de que o amor não existe
porque o sorriso do meu primo é lindo
porque ele me inunda o corpo
em uma crise de riso com os meus amigos
porque ele preenche todos os bares,
bibliotecas,
e cafeterias por aí

eu sei que o amor existe
romanticamente falando
porque eu mesma já o senti
mas não recebi de volta

não da mesma forma
na mesma intensidade
na mesma pureza

eu dei amor e ganhei feridas
eu me doei por meninas que nem se mexiam
e ao me ver doendo
sorriam

eu sei da minha capacidade de amar
mas sobre a minha capacidade de ser amada
romanticamente falando
não tenho tanta certeza

mas tá tudo bem, eu acho
talvez o amor não seja algo escrito para que eu leia
ele existe sim
mas não para ser vivido por mim
e tá tudo bem, eu acho
um dia eu alcanço a certeza

eu disse isso para o meu terapeuta
debruçada em sua mesa

“para viver o amor
você precisa arriscar
e se livrar dessa ideia por completo”

ah,
então deixa quieto.

- apesar de eu saber que ele está certo

- apesar de eu saber que ele está certo

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