desde sempre e para sempre

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  Minhas fantasias sobre o amor são com garotas desde que eu me entendo por gente.
  Me lembro de me imaginar dançando na cena do baile de Cinderela, no lugar do príncipe.
  Sempre questionei como seria dar aquele beijo de ponta cabeça tal qual o Homem-Aranha, porque eu também queria beijar a Mary Jane.
  Também me recordo das orações silenciosas, implorando a um Deus que eu sequer sabia se acreditava para que tirasse aquelas fantasias da minha cabeça.
  Das lágrimas que se formaram nos meus olhos quando minha irmã se assumiu e minha mãe nem sequer a olhou nos olhos por dias. Me lembro muito bem das palavras horríveis que ela me disse quando descobriu sobre mim.
  De madrugada, no escuro do meu quarto, lágrimas rolavam no rosto de uma menina de treze anos que se sentia culpada apenas por ser quem era.
  Mas outra coisa de que me lembro, é do que eu senti quando os meus lábios encostaram nos de outra garota pela primeira vez.
  De repente, todas aquelas músicas românticas e frases bregas sobre borboletas no estômago passaram a fazer sentido.
  De repente, a minha mãe, a igreja e o que o resto do mundo pensaria já não me importava mais. Aquilo era certo, aquilo era lindo.
  Mais uma vez lágrimas rolaram pelas minhas bochechas, mas dessa vez, eram lágrimas de liberdade, de uma menina que finalmente conseguiu dizer em voz alta as palavras que temeu durante tanto tempo: “Eu sou lésbica.”
  E foram essas mesmas palavras que se formaram na minha mente anos depois, quando eu entrei em uma garota pela primeira vez.
  E vão ser sempre essas mesmas palavras que vão se formar toda vez que eu me apaixonar, beijar e arder por alguma garota.
Porque vão ser sempre garotas.
Porque eu sou lésbica.
Desde sempre e para sempre.

Desde sempre e para sempre

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O avesso por de trás do cabelo Onde histórias criam vida. Descubra agora