Capítulo I - Um

5 2 0
                                    

A neve caía lentamente do lado de fora da janela,a luz da lua batia nos pequenos flocos de neve os fazendo brilhar como pedacinhos de estrelas,as árvores cobertas de neve da floresta estavam como sempre estiveram,cobertas por neve,mas eu ainda as amava dessa maneira.
A noite não estava tão fria aquele dia,o vento não era tão cruel quanto outras vezes, até que era um clima confortável,mesmo que continuasse a ser um inverno rigoroso.

Minhas pálpebras estavam pesadas e cansadas de esperar, já havia passado por minha mente o pensamento de fechar a janela,quando, finalmente,consegui distinguir uma silhueta masculina entre as árvores, rapidamente,me avastei da janela dando espaço para a figura passar,a mesma começou a se mover com mais velocidade e então pulou pela janela.
De primeiro momento achei que o mesmo conseguiria ficar de pé,mas a neve em suas botas não permitiu isso.

Eu ri da queda bruta do garoto no chão mas fui ver como estava.
Ao chegar perto vi como o seu nariz estava vermelho e sua pele pálida,o frio o tinha afetado muito;

- Bela aterrissagem.

Comentei brincalhona para o mais velho.

- Há,há,muito engraçado Gerda, agora pode me ajudar a levantar?

Kai disse irritado,deixei uma risada abafada escapar por entre meus lábios,estendi a mão para o outro que aceitou minha ajuda se levantando do chão de madeira.

- Obrigado.

Ele disse ao ficar de pé, logo começando a tirar a neve dos cabelos pretos profundos.
Ele inteiro estava coberto por neve.

- Não á de que e...eu já não lhe disse pra usar uma touca?

Me referi ao topo da cabeça do mais alto e a suas orelhas quase congeladas,ele sorriu morato como se dissesse "Tá legal mamãe...", revirei os olhos.

- Tudo bem...eu entendi...mas olhe para isso - me reviri a suas orelhas - eu devo ter uma touca a mais e se você se atrever a não usá-la...

Kai fez careta mas,em seguida,sorriu para mim.
Fui para o outro lado do quarto,onde, ao lado da lareira,ficava o baú onde quardava minhas roupas e as poucas coisas que,realmente,eram minhas.
Peguei um touca marrom e voltei para Kai,que já havia se acomodado nos cobertores que lhe havia reservado.

Kai estava completamente enrolado nas cobertas e vinha andando até mim,enguanto falava:

- Eu poço estar louco,mas senti saudades daqui.

O mesmo falou com alívio,como se finalmente se sentisse em casa,dei um leve riso e esperei para que ele estivesse perto. Kai se sentou ao meu lado,bem em frente a lareira,me sentei a seu lado e estendia as mãos com a touca,a colocando sobre a cabeça do mais velho;

- Bem... - disse enguanto ajeitava a touca na cabeça do outro - acho que aqui é o único lugar que você poderia chamar de lar,se não fosse tão teimoso.

Kai tinha fugido do orfanato onde vivi já a alguns anos,desde então,ele vivia indo de lugar em lugar,dormindo onde podia,mas frequentemente dormia no internato,mesmo que não estivesse ali sempre,poderia ser o único lugar que teria mais próximo de um lar,e ele,para mim,era o mais próximo de uma família.

- É... - Kai falou com um olhar distante e triste - pode ser...mas eu sou muito teimoso.

O mais velho tinha um tom brincalhão,mas eu sabia que havia uma pontada de verdade ali,eu sabia que Kai queria que eu fosse embora do internato junto dele e vivesse como ele vivia e eu,queria que ele parasse de andar por aí e ficasse no internato e vivesse como eu vivia,no fim,nada disso aconteceu.

Suspirei,por conta desses pensamentos que me alarmavam.

- Gerda? - Kai me chamou com voz preucupada - Você está bem?
- Estou,apenas...deixe para lá.

Disse com desanimo,o outro pareceu entender ao que me referia,Kai abriu um dos braços e jogou os cobertores sobre mim,me embrulhando junto dele nas queles cobertores, deitei minha cabeça sobre o ombro do mais velho e observei o fogo da lareira gripitando.

Kai deitou sua cabeça sobre a minha e falou em tom esperançoso:

- Nós teremos um futuro brilhante.

Deixei uma risada quase em suspiro sair de meus lábios e se esfair pelo ar,Kai sempre me dizia aquilo e ele confiava,fielmente,nisso,eu gostaria de ter essa mesma confiança.

Me aconcheguei mais em Kai,já que não sabia quando o veria novamente e tentando,com muita dificuldade, acreditar em sua fala.

Princesa Gelada Onde histórias criam vida. Descubra agora