Prólogo

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Oi, gente, tudo bem?

Espero que gostem dessa nova história.

VOTEM E COMENTEM!!!

Boa leitura

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Julia franziu o nariz, em repulsa, quando flagrou as mãos pálidas e grandes de Bianca tomarem a cintura de Luiza com propriedade. As duas estavam alheias as interações das outras atletas, presas em uma bolha melosa e intransponível de recém-casal. Aquele gesto carinhoso parecia uma grande provocação, como se a carioca estivesse esfregando nos olhos de Julia que ela podia tocar Luiza, que os dedos delgados tinham liberdade para perpassarem as curvas sinuosas da morena. Bianca fazia porque podia, Julia não.

As jogadoras de vôlei aproveitavam os três dias de folga em Veneza, na Itália, antes do Mundial de Clubes. Elas conversavam e brincavam na beira da piscina da casa de Emily Dimarco, uma das jogadoras do Minas Tênis Clube. As primeiras rodadas da Superliga tinham sido desgastantes, principalmente para a central mais nova que descobriu de forma inesperada que seria titular na temporada depois da saída surpresa de Carol Gattaz para o clube rival.

Indiferentes aos olhos incendiários de Julia Kudiess, Bianca roubou um beijo casto dos lábios de Luiza, que ria apaixonada do que a namorada dizia próximo da sua boca.

— Aquele pesto tinha gosto de grama, sim.

O comentário de Rebeca sobressaiu as vozes atravessadas que conversavam paralelamente, puxando Julia para o mundo real. Ela fechou os olhos que fuzilavam o contato dos dedos esguios de Bianca na pele bronzeada de sua melhor amiga e respirou profundamente. Ninguém sabia o que acontecia com a central mais nova do time.

Exceto por uma pessoa.

— Se os seus olhos soltassem raio laser, a Bianca não teria mais dedos.- Kisy comentou, com humor, assim que se aproximou da amiga com uma garrafa de cerveja na mão.

As bochechas de Julia enrubesceram. Mentalmente, condenou-se por não conseguir disfarçar melhor, por não manter a atenção em qualquer outro ponto que não fosse nos braços de Bianca Rezende envolvendo a silhueta da sua melhor amiga, Luiza Martins, em um toque tão íntimo. Era irritante como elas pareciam - e eram, de fato - um casal.

— Desculpa.- pediu, baixo por estar envergonhada demais depois de ser descoberta.— E-eu não...

As palavras desapareceram antes que ela pudesse juntá-las em uma desculpa aceitável, mas Kisy ergueu o dedo indicador da mão que abraçava o vidro gelado da sua bebida, fazendo sinal para Julia não continuar.

— A Luiza é tapada, mas eu não.- ela riu, adicionando a leveza que Julia precisava para soltar o ar que prendia nos pulmões.— Não ' te incentivando a falar dos seus sentimentos com a menina agora que ela recém aceitou um pedido de namoro, mas...

— Não viaja, Kisy.- interrompeu-a, de imediato. A ideia de Luiza descobrir qualquer coisa que fugisse da relação que mantinham há anos aterrorizava a central.— Não tem nada pra falar e, mesmo se tivesse, já perdi o tempo.

Tempo. Era uma daquelas ironias da vida, uma grande piada cósmica, que acontecia quando se acreditava ter todo o tempo do mundo. Julia nunca havia se declarado para Luiza porque acreditava implacavelmente que haveria um "dia perfeito" que morava no futuro, quando se sentiria pronta e diria a melhor coleção de palavras românticas que uma garota conseguiria dizer para um primeiro amor.

Julia não teve o seu "dia perfeito", entretanto Bianca parecia ter tido o dela.

— Você ' perdendo o set, não perdeu o jogo.

O conselho camuflado de analogia fez a central franzir o cenho com estranheza, depois acenar a cabeça lentamente em concordância. Kisy tinha a mania de utilizar termos do esporte nos seus discursos para imitar a capitã, Thaisa Daher, em tom de brincadeira quase sempre, mas a seriedade com que falou fez Julia acreditar que a amiga realmente não brincava.

— Não tem mais jogo, Kisy.- ela repreendeu, abaixando os ombros largos.— Nós somos amigas e eu ' feliz que ela 'feliz.

No fundo, Julia estava verdadeiramente feliz por Luiza estar com alguém que aparentava gostar dela, mesmo que a relação das duas fosse um pouco conturbada. Estava contente por ela, mas não deixava de ser frustrante saber que viveu anos ao lado da garota e nunca teve a chance de dizer o que queria.

Talvez não tenha lhe faltado apenas tempo.

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CONTINUA?

Vou tentar postar toda quarta, se conseguir até umas duas vezes por semana, mas não garanto.

Até logo.

Golden MedalOnde histórias criam vida. Descubra agora