"Linhas Carmesins"

Capítulo 15: "Sede De Justiça e Poder"

Raios...
De forma completamente literal, percorriam pelo local de modo que se formasse uma gaiola composta unicamente de eletricidade que cobria a sala. Qualquer toque ou movimento resultaria em uma descarga elétrica com potência de proporções inimagináveis assim como simultaneamente os derredores começavam lentamente a se deteriorar com tamanha concentração de energia.
Rodeavam se nos pensamentos do padre sobre o do por quê utilizar tais medidas para apenas um singular indivíduo.
A resposta poderia ser por crueldade ou apenas prazer como o mesmo tentava decifrar...
Mas não...era apenas o desejo con intuito pela paz consigo mesma...
O desejo pela justiça

Desde aquele momento, não conseguiria se recordar de quanto tempo estava presa sob essas mesmas circunstâncias
Um contrato que não lhe foi dada escolha e o preço?
O próprio irmão
talvez ela se culpasse por tudo isso
Talvez estivesse com raiva disso
De ter acreditado nos mesmos
Os erros, os seus erros, começam a entrar em estado de combustão
Percebia o quanto pecava, mesmo quando tentava se convencer do contrário

Notava-se como havia fabricado seus próprios sonhos nesse mundo...tão seleto
Para apenas obter um sorriso sincero
Mas então...sem esse sorriso...como é por que continuar fabricando os mesmos sonhos?

A única coisa em que poderia se apegar era a presunção de que o mal eventualmente queimaria na mesma chama que haviam provocado...

Sempre havia sentido nojo...
Desse mal, desses seres, de si mesmo...
Continuava em vão, tentar arrancar os mesmos espinhos nesse jardim, buscando algo tão utópico como um
"Final feliz"
Não percebendo que suas ações se dissipavam como pegadas na areia

Tantos pensamentos e convicções começavam a se misturar em um vórtice de confusão onde distingui-los se tornava algo impossível. Era possível apenas visualizá-los em suas formas brutas e cruas
Memórias começavam a se apagar e apegar aos seus receptáculos, tentando não serem apagados e engolidos pelo redemoinho de informações embaralhadas.
A onda de choque enfim é liberada após a concretização de um rápido lapso temporal e a visualização de algo quase irreal

A energia se dissipava e se convertia para o ambiente afora. A luz no teto do laboratório parecia ser proveniente de uma perfuração de onde a luz do sol poderia enfim alcançar o agora, ambiente parcialmente coberto pela escuridão
O padre após tanto tempo...sentia seus joelhos postos ao solo. Seu corpo a beira do próprio colapso com a única coisa mantendo-o desperto sendo a enxurrada de memórias e overdose de emoções que acabava de receber. Talvez algum isolante tenha o salvo, ou talvez finalmente fosse o milagre do qual tanto precisava...