Capítulo 3

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Quando paro na minha vaga de sempre no estacionamento dos veteranos, noto com alívio que o carro de roonie já está ali. Mal posso esperar para fugir e encontrá-la.

Estou me apressando para levantar quando algo me atinge: Cheryl Blossom está prestes a sair do meu carro... no meio do estacionamento dos veteranos... onde estamos rodeadas por colegas que sabem que nós duas juntas combinamos tanto quanto uma princesa e um gremlin. As pessoas definitivamente vão fofocar.

Cheryl sai do carro primeiro, batendo a porta. Respiro fundo e abro a minha. No instante em que fico em pé, consigo sentir todos os olhos se voltarem para nós.
Os olhares vêm de todo mundo que está no estacionamento — do pessoal da banda e os maconheiros à galera cristã hipster.

O grupo de amigos de Cheryl nos encara com seus cortes de cabelos perfeitos e sorrisos confiantes, a maioria deles rindo. Eles percorrem o caminho até nós enquanto pego minha mochila e a bolsa de treino no banco de trás.

— Vivaaaa, viva o dia da carona! — fala Josie, batendo palmas. Ela é impossivelmente alegre. O DNA dela deve ser feito de milk-shakes.

— De quem foi a culpa? — Kevin Keller nos aborda. — Foi você, Blossom? Kevin é difícil de odiar diretamente porque ele nunca diz nada ofensivo de verdade, mas também nunca diz nada legal.

No momento, ele está com o celular na mão, claramente fotografando meu carro, rindo como se fosse a coisa mais engraçada que ele já viu. Não acho que eu já tenha falado com ele em outra ocasião.

— Engraçado você se interessar por isso, Kev — Cheryl diz, calmamente —, já que atropelou a caixa de correio dos Coopers no mês passado.

Isso faz com que ele cale a boca. O grupo explode com risadas e Josie puxa Cheryl para o lado dela. Passo por elas até a entrada da escola, sentindo os olhares nas minhas costas. Ninguém diz nada diretamente para mim.

***
— Como ficou o carro? — Verônica pergunta no instante em que nos encontramos nos nossos armários. Eu não mandei nenhuma mensagem sobre o assunto, mas ela deve ter ouvido porque todo mundo estava falando sobre isso.

Ela parece solidária, o que quer dizer que superou eu ter jogado mal ontem à noite. Faço uma careta e aceito o café que ela me oferece, enquanto ela pega a sacola com uma maçã cortada que preparei para ela hoje de manhã. Nós trocamos nossos cafés da manhã desse jeito desde o primeiro dia de aula.

— A traseira está toda fodida. Mas isso não é nada se comparado ao meu ego. — Tomo um gole de café e me animo. — Uau, segundo dia seguido que você acerta o equilíbrio perfeito entre leite e café.

— Falei que eu ia — diz roonie, convencida. Então a expressão dela fica sombria. — Ouvi boatos sobre a outra motorista. Espero que você tenha esmigalhado o carro dela.

A coisa boa de Verônica é que ela nunca diria algo irritante tipo "por que você não me contou?". Não somos assim. Depois que Lucy me deu o pé na bunda, eu nem consegui falar nada para as minhas amigas.

Foi Sophia quem mandou uma mensagem para Verônica, e, dentro de uma hora, Roonie apareceu na minha casa com um potão de sorvete de chocolate. Ela me deixou soluçar por meia hora, e então ela e minhas irmãs organizaram uma maratona de filmes começando por Todas contra John, Ela é o cara e mais um monte de outros clássicos.

Verônica é minha melhor amiga desde o quinto ano, quando eu a pedi um lápis emprestado e eu o devolvi quebrado, ela ficou puta da vida. Ai eu comprei um novo pra ela, e assim foi nossa história.

— Bom, fiz isso mesmo. E agora tenho que dar carona pra ela até que o carro dela seja consertado — falo, roubando uma das fatias de maçã. Verônica me encara, horrorizada.

A jogada do amor - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora