Capítulo 4

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Naquela noite, meus irmãos e eu nos aconchegamos na cama de Jughead para assistir a O poder mágico a pedido de Sophia. Picles e BooBoo rondam nos nossos pés, inquietos. A admissão deles no jardim de mamãe foi proibida faz vários dias.

— Eu errei feio hoje — digo quando estamos na metade do filme.

— Você bateu em outro carro? — pergunta Jughead, e eu dou um empurrão nele enquanto Sophia ri.

— Não. Fui uma babaca com Cheryl.

— Sua arqui-inimiga?

— É.

— Bom, ela é sua arqui-inimiga. É pra você ser uma babaca com ela. Sophia franze o cenho.

— O que aconteceu? Conto sobre a nossa discussão e como fui horrível.

— Não sei por que eu disse aquela coisa sobre a mãe dela — confesso, a
voz fraca. — Normalmente não vou direto no ponto fraco das pessoas.

— Não, você não faz isso — Jughead diz, pensativo. — Parece mais algo
que a sua ex faria. Eu a encaro.

— Lucy pode ser a pior pessoa, mas ela não faria isso. Ela não é maldosa de propósito.

— Ela é sim. Fiquei vendo ela fazer isso com você por meses. Ela te virava do avesso, fazendo você achar que não era boa o suficiente. Você é tipo uma insegurança ambulante desde que namorou ela. Eu pauso o filme.

— Você acha que sou uma insegurança ambulante?

Jughead olha diretamente para mim. Ele nunca ameniza nada.

— Agora? Sim. E não tem nenhum motivo pra você ser assim. Você é inteligente, bonita e muito boa no basquete. Você deveria estar arrasando. Um pouco de bile corre pela minha garganta.

— Mais ninguém parece achar isso.

— Quem se importa com que os outros pensam? O que você acha?

— Jughead, você acha mesmo que a opinião de mais ninguém importa?

— Totalmente. — Ele dá de ombros como se fosse tão fácil quanto somar dois mais dois.

— No fim das contas, sou a única pessoa vivendo a minha vida. Por que eu deveria me preocupar com as outras pessoas?

— Você obviamente não se lembra muito bem de como era a escola. Ele bufa.

— É claro que lembro. Essa hierarquia social implícita é uma bosta. Mas sabe o que eu saquei desde então? — Ele gesticula com os dedos na frente dos meus olhos. — É tudo uma questão de ótica, T. Fazer as pessoas verem o que você quer que elas vejam. Se quer que elas pensem que você importa, comece a agir como se eles já devessem saber que você importa. Sophia assente.

— Finja até conseguir.

— Exatamente — Jughead concorda.
Faço carinho nas orelhas de BooBoo, pensativa.

— Vocês querem saber de algo muito idiota? Dar carona pra Cheryl foi a coisa que mais me fez sentir descolada esse ano todo. Tipo, é a primeira vez que as pessoas prestaram atenção em mim. Até Lucy ficou com ciúmes. O quão zoado é isso?

— Lucy ficou com ciúmes? — Thora ri, sem humor. — Meu deus, essa garota é um caso a ser estudado. Ela provavelmente está com medo de você estar namorando a Cheryl em segredo.

Dou uma risada. A ideia é impensável.
— Eu nunca faria isso. Não suporto essa garota.

— Talvez a Cheryl não seja tão ruim quanto você pensa — Daphne diz.

A jogada do amor - ChoniOnde histórias criam vida. Descubra agora