Delilah arfou e olhou para o ferimento. O sangue corrente criou linhas avermelhadas em seu braço, alastrando-se até o pulso, onde pequenas gotas alcançaram o chão. A queda a deixou ligeiramente tonta, por isso, demorou para reunir forças e se levantar.
— Perdão! — Disse a voz assustada e que para sua infelicidade, estava extremamente alta. Sua cabeça latejava e tudo o que ela não queria ouvir naquele momento, eram os gritos desesperados de um desconhecido qualquer. — Não tinha intenção de assustar a senhorita. Em sua... empreitada?
Delilah suspirou, virando-se lentamente para encarar o desconhecido, que a encarou com preocupação. Ignorando a mão erguida, na intenção de ajudá-la a se levantar, a jovem ergueu-se, olhando para o estrago no vestido, se é que poderia ficar mais estragado. Além do rasgo que ela mesma efetuou, manchas escurecidas adornaram o tecido.
— Você poderia controlar melhor o seu animal.
O desconhecido pigarreou, olhando para o cavalo pivô de toda a confusão. O bicho ainda tentava se libertar, mas com menos força que o momento anterior, quando saiu em disparada e tornou-se impossível de controlar.
— Esse não é o meu cavalo. — O desconhecido explicou. — Maxus não pôde me acompanhar hoje, então sobrou a este aqui a tarefa de me conduzir.
— Pelo visto, ele não está muito contente com a função. — Delilah comentou, entredentes. Aproximando-se, a jovem pôs a mão com cuidado no dorso do animal, alisando-o com dedos gentis. — Pobrezinho, deve estar muito assustado.
— A senhorita entende de cavalos?
— Mais do que o senhor, presumo. — Disse Delilah sem olhar o homem. Quem em sã consciência obriga um animal a fazer algo que não era de sua vontade? Não lhe surpreendia nada o pobrezinho ter reagido dessa forma. — O senhor ao menos tentou se comunicar com ele? Ou apenas o montou como se ele fosse um burro de carga?
O homem não soube responder. Delilah percebeu o silêncio instaurado, e riu irônica. Que previsível.
— Admito que estava com um pouco de pressa. E novamente, peço que me perdoe pela forma que assustei a senhorita. Me permite? — Delilah não entendeu a pergunta até se virar e encontrar o rapaz parado ao seu lado. Quando e como ele havia se movido? Parando para analisar a situação mais atentamente, a jovem arqueou as sobrancelhas. Era um homem, afinal. O que estava fazendo ali?
— Agradeço, mas ainda sei me limpar. — Delilah abriu um sorriso largo, mesmo que sua intenção não fosse sorrir. Pegando o pano que lhe era oferecido, a jovem o pressionou contra o cotovelo, sugando o sangue para o tecido branco e contendo um grunhido de dor no processo.
— Oh, claro, eu não duvidei da sua... — O desconhecido piscou, observando-a, e todas as palavras pareciam ter sumido dos lábios dele. Delilah percebeu a intensidade do olhar, e virou-se parcialmente, desconcertada.
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Desqueridas Rivais
RomanceNa primavera de 1826, em meio à ascensão de dois grupos políticos rivais, e o urgente matrimônio de Killian Whitenwright, principe de Terithia, recém-debutantes se preparam para uma das temporadas de bailes mais aguardadas do Reino. Criada longe das...