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*Ecos da Madrugada*

A manhã seguinte chegou como uma realidade incômoda. O sol já estava alto quando Hwang Hyunjin saiu de casa, mas o brilho intenso não conseguia apagar as lembranças da noite anterior. O caminho até a escola foi feito em silêncio, o coração ainda acelerado ao relembrar o toque de Minho, o cheiro de cigarro misturado ao perfume amadeirado, e o calor intenso que havia tomado conta de cada célula de seu corpo.

Na escola, a rotina parecia seguir inabalada: alunos conversando nos corredores, professores revisando matérias e o som abafado de risadas se espalhando pelas salas. Mas, para Hyunjin, nada estava como antes. Ele sabia que algo dentro dele havia mudado. Enquanto caminhava pelos corredores, a inquietação em seu peito crescia. Parte dele queria fingir que nada havia acontecido, mas outra parte, mais forte, ansiava por ver Minho novamente.

E ele não teve que esperar muito.

Minho apareceu no corredor como sempre, cercado por alguns amigos e com aquele sorriso preguiçoso que fazia todos ao redor prestarem atenção. Mas diferente de qualquer outra manhã, seus olhos estavam focados em um único ponto: Hyunjin. O olhar afiado e seguro de si, exatamente como na noite passada, fez Hyunjin engolir em seco. Minho manteve o contato visual enquanto caminhava em sua direção, ignorando o tumulto ao redor.

Quando finalmente pararam frente a frente, o ar pareceu ficar mais pesado. Os olhares se encontraram como se continuassem a conversa que haviam deixado inacabada horas antes.

“Parece que alguém não dormiu muito bem,” Minho provocou, a voz carregada de um humor cortante. Ele encostou-se na parede, casualmente, como se não tivesse um pingo de preocupação no mundo.

Hyunjin manteve a expressão neutra, mas a tensão entre eles era palpável. “Eu poderia dizer o mesmo de você,” retrucou, tentando manter o controle sobre o próprio tom.

Os amigos de Minho trocaram olhares curiosos, percebendo a troca estranha e inesperada. Mas Minho parecia se divertir com a situação, como se estivesse observando cada reação de Hyunjin com um misto de curiosidade e diversão.

“É engraçado como a madrugada muda as coisas, né?” Minho continuou, o sorriso cínico ainda nos lábios. “Eu quase não te reconheci agora, tão certinho e formal, depois de como você se soltou ontem à noite.”

Hyunjin sentiu um frio percorrer a espinha, mas não cedeu. Em vez disso, deu um passo à frente, se recusando a ser intimidado. “E você? Continua bancando o bad boy ou isso foi só um show para a festa?”

Minho arqueou uma sobrancelha, surpreso e, ao mesmo tempo, satisfeito com o desafio. Ele se afastou da parede e deu um passo à frente, diminuindo a distância entre eles, e abaixou o tom de voz, deixando-a grave e provocativa. “Se foi um show, você parece ter gostado de ser o público.”

Hyunjin não recuou, mas a tensão entre eles estava à beira de explodir. Parte dele queria acabar com aquele jogo de uma vez por todas, deixar claro que o que aconteceu na noite anterior foi um erro. Mas outra parte – a parte que ele evitava reconhecer – estava curiosa para ver até onde aquela atração arriscada poderia levá-lo.

Antes que a conversa pudesse avançar mais, a campainha soou, sinalizando o início das aulas. Os alunos começaram a se dispersar, mas Minho não moveu um músculo, os olhos ainda presos em Hyunjin. “A gente se vê por aí, dançarino,” disse com um sorriso torto, se virando e seguindo para sua sala como se nada de anormal tivesse acontecido.

Hyunjin ficou parado por um momento, tentando recuperar o fôlego. O que havia começado como uma atração passageira agora parecia mais com uma corrente que ele não conseguia se livrar. Ele sabia que Minho era encrenca – isso era óbvio para qualquer um – mas a maneira como ele o desafiava, como o tirava da zona de conforto, fazia com que fosse quase impossível resistir.

Ao longo das aulas, Hyunjin tentou focar em qualquer coisa que não fosse Minho, mas a mente insistia em vagar de volta para cada detalhe da noite anterior. Ele se pegava repetindo a sensação dos toques, os olhares ardentes e as palavras que ficavam suspensas no ar, carregadas de promessas não ditas. No fundo, sabia que aquilo não acabaria ali.

Na hora do intervalo, enquanto ele estava no pátio junto com seus amigos, Minho apareceu novamente. Dessa vez, estava mais afastado, conversando com o time de basquete, mas os olhares se cruzaram brevemente. Hyunjin sentiu o peito apertar de novo, aquela mistura de nervosismo e excitação que só Minho parecia provocar.

Quando o intervalo estava terminando, Hyunjin recebeu uma mensagem no celular. O coração disparou ao ver o nome de Minho na tela:

**“Hoje à noite. Mesma hora, mesmo lugar. Se tiver coragem.”**

Era um convite, ou melhor, um desafio. E Hyunjin sabia que, por mais que quisesse se convencer do contrário, ele já tinha decidido sua resposta.

Continua…

Entre Fumaças e Batidas de CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora