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* Entre a Luz e as Sombras*

Era um dia cinzento, o tipo de manhã em que o sol parecia relutante em aparecer, escondido atrás de nuvens densas. Na escola, o clima estava mais tranquilo do que o normal, como se o universo tivesse decidido dar uma pausa nos jogos perigosos para dar espaço a algo mais suave, mais silencioso. Hyunjin notou a mudança no ar assim que entrou pelos portões, mas não sabia se era algo externo ou se, na verdade, a verdadeira mudança estava acontecendo dentro dele.

Desde o último encontro com Minho na ponte, algo havia mudado. As provocações ainda estavam lá, os olhares furtivos e os sorrisos cheios de segundas intenções continuavam a acontecer nos corredores, mas agora havia algo mais. Era como se ambos tivessem se cansado do jogo de poder, como se as cartas já tivessem sido todas jogadas, e o que restava fosse uma pergunta que nenhum dos dois estava pronto para responder.

No intervalo, enquanto todos estavam espalhados pelo pátio, Hyunjin sentiu seu celular vibrar no bolso. Ao olhar a tela, viu uma mensagem de Minho: **“Encontre-me na sala de música. Agora.”**

Seu coração deu um salto, e ele teve que se forçar a manter a expressão neutra enquanto se levantava e saía, tentando não chamar atenção dos amigos. A sala de música ficava em um canto mais isolado da escola, longe do movimento dos corredores. Hyunjin sabia que Minho adorava aquele lugar – o piano velho no canto, os instrumentos abandonados que quase ninguém usava mais. Para Minho, aquele espaço era como um refúgio.

Quando Hyunjin abriu a porta da sala, o som suave de um violão preencheu o ar. Minho estava sentado em uma das cadeiras perto da janela, dedilhando o instrumento com uma expressão séria, quase absorta. A luz fraca do dia entrava pela janela, criando um contraste delicado entre sombras e brilhos suaves em torno dele.

“Decidiu mudar de carreira para músico solitário?” Hyunjin perguntou, tentando manter o tom leve enquanto se aproximava.

Minho ergueu os olhos para ele, um sorriso pequeno e genuíno se formando nos lábios. “Às vezes, a música é a única coisa que faz sentido.”

O comentário pegou Hyunjin desprevenido. Não era o tipo de resposta provocativa e cheia de cinismo que ele esperava. Havia uma sinceridade ali, algo que Minho geralmente não deixava transparecer tão facilmente.

“Por que me chamou aqui?” Hyunjin perguntou, agora mais cauteloso. Não era comum Minho pedir para encontrá-lo sem um motivo claro.

Minho parou de tocar o violão, deixando as notas morrerem suavemente no ar. Ele olhou pela janela, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. “Eu só… queria conversar. Sem todas aquelas provocações ou joguinhos.”

Hyunjin se recostou na parede, cruzando os braços. “Isso não soa muito como você.”

Minho riu, mas havia uma suavidade no som, sem sarcasmo. “É, eu sei. Mas acho que às vezes até eu me canso de ser o cretino que todos esperam.”

O silêncio que se seguiu foi confortável de uma maneira que Hyunjin não esperava. Por algum motivo, estar ali, na presença de Minho, sem nenhuma necessidade de provocações ou jogos, parecia certo. Ele observou o outro garoto, tentando entender o que estava por trás daquela mudança repentina de comportamento.

“Você parece diferente hoje,” Hyunjin comentou, sem pensar muito nas palavras.

Minho largou o violão no chão ao lado e olhou diretamente para Hyunjin. “E se eu dissesse que, às vezes, eu também canso de fingir?”

Hyunjin sentiu o peito apertar com aquelas palavras. Desde o início, ele sabia que Minho se escondia atrás de uma fachada, mas ouvir isso em voz alta, admitido de forma tão vulnerável, era outra coisa. Era como se, por um momento, a máscara que Minho sempre usava tivesse rachado.

Entre Fumaças e Batidas de CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora