Entre Fumaças e Batidas de Coração

04

*Doce Veneno na Madrugada*

A noite caiu sobre a cidade como um manto denso, abafando o som das ruas e envolvendo cada canto em sombras que pareciam sussurrar segredos. Hyunjin estava deitado na cama, encarando o teto, enquanto girava uma bala de morango na boca. Era uma espécie de ritual. O doce familiar acalmava seus nervos, mas essa calmaria era superficial. Por dentro, sua mente estava em um turbilhão.

A mensagem de Minho ainda brilhava na tela de seu celular: **"Te vejo em breve. Não fuja."** Eram palavras simples, mas carregadas de uma promessa que Hyunjin não sabia se estava preparado para cumprir. Havia algo de hipnótico em Minho - uma atração que o arrastava como um ímã para uma realidade perigosa, onde seus desejos e medos se misturavam em uma dança de incerteza.

Ele tentou afastar os pensamentos, mas não conseguiu. A lembrança do cheiro de cigarro misturado com perfume amadeirado, o toque quase imperceptível de Minho na festa anterior - tudo isso o puxava para uma espiral de ansiedade e expectativa.

Finalmente, ele se levantou da cama, olhando o reflexo no espelho. Vestiu-se com cuidado, escolhendo uma roupa que passasse despercebida, mas que ainda o fizesse sentir-se confiante. Ele precisava parecer no controle, mesmo que por dentro estivesse uma bagunça.

Antes de sair, ele pegou um pacote de balas de morango e o enfiou no bolso, uma espécie de amuleto contra a tensão crescente.

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A noite estava fria e silenciosa quando Hyunjin chegou ao ponto de encontro. Era uma área afastada da cidade, conhecida por ser um refúgio de jovens que queriam escapar das regras e responsabilidades. Havia uma névoa baixa no ar, misturando-se com o brilho difuso dos postes de luz. Ao longe, o som abafado de risadas e música indicava que a festa já havia começado.

Hyunjin parou por um momento, hesitando. Poderia simplesmente dar meia-volta e esquecer tudo isso, mas algo dentro dele - talvez a necessidade de desafiar seus próprios limites - o empurrava adiante. Ele respirou fundo e seguiu em frente.

Quando chegou à casa abandonada, o som da música era mais forte, vibrando através das paredes desgastadas. A porta estava entreaberta, e ele entrou, sendo imediatamente envolvido pela mistura de cheiro de cigarro, álcool e algo doce - talvez perfume barato, talvez uma memória do gosto de morango que ainda estava em sua boca.

A sala principal estava cheia de jovens que ele reconhecia vagamente da escola e de festas anteriores. Alguns riam e conversavam animadamente, enquanto outros estavam perdidos em seus próprios mundos, com copos na mão e olhares vazios. Hyunjin tentou localizar Minho, mas ele não estava à vista. Um pouco aliviado, mas ainda inquieto, ele se dirigiu a uma parede mais afastada e encostou-se, observando o ambiente.

Não demorou muito para que alguém o notasse. Felix apareceu, trazendo dois copos e um sorriso relaxado. "Hyunjin! Achei que não fosse aparecer," ele disse, entregando um dos copos. "Não é muito o seu tipo de lugar, né?"

Hyunjin aceitou a bebida e deu um gole cauteloso. Era algum tipo de mistura forte que queimou na garganta, mas ele forçou um sorriso. "Eu precisava sair um pouco da rotina. Além disso, parece que todo mundo está aqui hoje."

Felix assentiu, dando uma risada baixa. "É, Minho sabe como reunir as pessoas. Acho que ele se diverte em ver até onde consegue empurrar os limites de todo mundo."

O nome de Minho fez o estômago de Hyunjin revirar novamente, mas ele disfarçou, virando o resto da bebida em um só gole. Precisava de algo que anestesiasse aquela mistura de tensão e expectativa que só parecia aumentar.

Enquanto os minutos passavam, a festa ficava mais intensa. As luzes oscilavam em tons de vermelho e laranja, e a música ganhava batidas mais profundas, quase tribais. Hyunjin percebeu que alguns já estavam claramente bêbados, e o cheiro de cigarro se misturava ao de outras substâncias menos lícitas. Ele tentou relaxar, mas a antecipação de reencontrar Minho não o deixava. Cada vez que alguém novo entrava na sala, seu coração acelerava, esperando ver aquele sorriso torto e aqueles olhos que pareciam despir sua alma.

Finalmente, ele apareceu.

Minho entrou na sala com uma presença que imediatamente fez o ambiente mudar. Vestindo preto dos pés à cabeça, ele parecia uma sombra viva, destacando-se em meio à luz colorida. Seus olhos encontraram os de Hyunjin imediatamente, e por um momento, parecia que o mundo ao redor deles havia desaparecido. Minho acendeu um cigarro, dando uma tragada lenta enquanto caminhava na direção de Hyunjin.

Cada passo que ele dava parecia aumentar a tensão no ar. Quando finalmente parou na frente de Hyunjin, um sorriso malicioso surgiu em seus lábios. "Achei que não tivesse coragem," ele disse, soltando a fumaça de forma casual, como se não tivesse acabado de virar o mundo de Hyunjin de cabeça para baixo com apenas uma frase.

Hyunjin manteve o olhar, recusando-se a mostrar o nervosismo. "Talvez eu só quisesse ver o que você tem de tão interessante para oferecer."

Minho deu uma risada baixa, o som vibrando na garganta. "Então acho que você está no lugar certo." Ele ofereceu o cigarro para Hyunjin, que hesitou por um segundo antes de aceitar. Enquanto levava o cigarro aos lábios, ele notou o olhar de Minho fixo nele, como se estivesse avaliando cada reação.

A fumaça invadiu seus pulmões, trazendo uma sensação de calor misturada com um amargor que ele tentou ignorar. Quando devolveu o cigarro, Minho se inclinou mais perto, quase invadindo seu espaço pessoal. "Você dança tão bem quanto enfrenta seus medos?" ele sussurrou, a voz carregada de provocação.

Antes que Hyunjin pudesse responder, Christopher e Changbin se aproximaram, segurando garrafas de bebida e rindo alto. "Olha só, os dois principais encrenqueiros da noite juntos!" Christopher brincou, claramente já afetado pelo álcool. "Vocês estão prontos para o próximo nível?"

Changbin balançou a cabeça, rindo. "Vamos deixar as palavras de lado e ver alguma ação. Que tal?"

Hyunjin sentiu um misto de alívio e apreensão. Por um lado, a chegada dos amigos diminuiu a pressão direta de lidar com Minho, mas por outro, sabia que essa noite estava longe de ser previsível.

Minho parecia ler seus pensamentos, porque apenas deu um sorriso e disse: "O que vocês têm em mente?"

Christopher levantou uma garrafa quase vazia e balançou. "Jogos, bebidas, talvez algo mais. Mas, principalmente, vamos ver quem aguenta até o final sem perder o controle."

A proposta era óbvia: testar os limites de todos ali. Hyunjin sabia que estava entrando em um território onde os riscos não eram apenas físicos, mas também emocionais. Havia algo na forma como Minho o observava que sugeria que ele não estava ali apenas para se divertir - ele queria ver até onde Hyunjin iria para manter a fachada de controle.

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A festa seguiu em um ritmo cada vez mais descontrolado. Garrafas eram esvaziadas, a música pulsava, e o cheiro de cigarro se impregnava nas roupas. Hyunjin já estava em seu segundo copo quando sentiu uma mão em seu ombro. Ele se virou e viu Jeongin, com um sorriso meio bêbado.

"Você tá muito na sua, Hyunjin! Isso aqui não é o seu tipo de rolê?" Jeongin perguntou, rindo.

Hyunjin deu de ombros, tentando parecer mais relaxado do que se sentia. "Só estou observando."

Jeongin riu e tirou uma bala de morango do bolso. "Aqui, sei que você gosta disso." Hyunjin pegou a bala e a colocou na boca, sentindo o sabor doce se espalhar, contrastando com o gosto amargo de álcool e fumaça que já estava impregnado. Era um alívio temporário, mas ajudava a mantê-lo ancorado enquanto o caos ao seu redor só aumentava.

A certa altura, Minho se aproximou novamente, desta vez mais sério. "Você ainda está de pé. Impressionante," ele disse, oferecendo uma garrafa para Hyunjin. Desta vez, a bebida era ainda mais forte. Hyunjin hesitou, mas aceitou o desafio, tomando um longo gole enquanto seus olhos se encontravam com os de Minho.

A tensão entre eles era quase palpável. Cada interação.

Continua...