𝐃𝐨𝐦𝐢𝐧𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐏𝐫𝐨𝐟𝐞𝐬𝐬𝐨𝐫𝐚 (Pausada)

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__ Micaela Jones de Souza __

Saio da quadra secando o suor da minha testa, bebendo água e com a bola debaixo do braço, olhando pro Henrique que fala alguma coisa sobre festa.

Estava jogando basquete mano a mano com Henrique para distrair a mente depois das aulas hoje de manhã, minha cabeça estava a mil por causa dos trabalhos.

As aulas mal começaram esse ano, mas os  professores já tacaram trabalho encima da turma para entregar semana que vem.

Dia puxado.

Estamos indo embora cedo por causa do meu pai que ligou pro Henrique pedindo que eu fosse embora, ele precisava da minha ajuda para escolher os novos professores que vão ficar no lugar dos professores que meu pai despediu.

Motivo? Eles são homofóbicos e tudo de ruim que a família lgbt odeia.

Além de não respeitar o diretor por simplesmente ser casado com uma mulher negra, mãe do Henrique, é a minha rainha.

Sim, considero ela assim, mesmo ela não sendo minha mãe de sangue, eu chamo ela de mãe.

Mãe é aquela que cria, barriga de aluguel é a que me botou no mundo só é uma pessoa qualquer pra mim.

Por que eu não gosto da minha mãe de sangue? Por ela, simplesmente, não aceitar que a sua filha não nasceu com uma boceta entre as pernas.

Para ela, eu sou uma aberração que não merece nada além ou melhor que o desprezo, nojo e ódio.

Vai fazer dois anos que o meu pai divorciou dela por causa disso, ela me agrediu verbalmente e fisicamente.

De brinde, ela ganhou não só o meu ódio, como ficou desempregada, sem família e sem o que ela mais ama, o dinheiro do meu pai.

Isso não é mãe, é só uma barriga de aluguel.

Vai fazer um ano que meu pai é casado com a mãe do Henrique, Rosalina, é o nome da rainha que é a alegria de casa.

Ela é um amor de pessoa e é tratada como uma rainha depois de passar por muita coisa ruim.

Ela literalmente comeu o pão que o diabo amassou para criar, dar educação, teto, conforto e comida para o Henrique.

Para você ver que o mundo e o destino trabalham juntos, ela era a faxineira da casa do meu pai por 3 anos e eu já era amiga do Henrique.

Nossa amizade, incluindo eu e ele, fomos os cupidos para juntar eles, hoje estou feliz.

Tenho amigos, uma família e o amor que nunca me faltou. Mas como um ser humano é sensível, molhe e fraco, sou traumatizada pela própria mãe que era para ser o meu refúgio.

Nem todas as mães são iguais e você aí reclamando que a sua só reclama, vocês ainda tem sorte por ela te amar e querer o seu bem acima de tudo.

Mesmo ela reclamando ou jogando algumas coisas na cara.

Enfim, depois dessa fase ruim da minha vida até os 18 anos, sou uma garota considerada chata, antissocial, fria e fechada.