rodar bolsinha

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MINHA SEMANA ESTAVA SENDO terrível

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MINHA SEMANA ESTAVA SENDO
terrível. Eu geralmente não gosto de reclamar, mas puta que pariu, precisava ser tão ruim?

— Então é isso, Cecília. Sentimos muito, mas, como estamos cortando despesas, não conseguiremos mantê-la aqui conosco. -O meu chefe -desculpa, ex-chefe- diz, e eu me seguro para não mandar ele se foder.

— Claro. Eu entendo. -Eu digo, forçando um sorriso- Obrigada, de qualquer forma.

Depois de um papo furado que pareceu durar uma hora, mas mal durou dois minutos, eu me encontro de volta em minha casa.

Eu estou completamente ferrada. Meu Deus, o que eu vou fazer?

Eu preciso de dinheiro. Tipo, agora.

Eu havia passado o dia inteiro entregando currículos, e agora estava em um bar, fazendo a mesma coisa. Eu não podia perder tempo, e sabia disso.

Quando estou saindo do local, escuto uma voz conhecida por mim.

— Cecí! -Escuto a voz de Daniel, e me viro para vê-lo, sorrio ao encontrá-lo da mesma forma.

— Oi! Quanto tempo! -Eu digo, cumprimentando o garoto, e ele assente.

— Nem me fala! Cecí, esses são meus amigos: Pedro ou Pig, Ramon Donatello, Guilherme Beltrão, Alvinho e Chico Moedas. Gente, essa é a Cecília de quem tanto falei pra vocês!

— Caralho! Você é famosa, cara! Maciel sempre fala de você. -Beltrão diz, e eu rio sem graça.

— É um prazer conhecer vocês. A gente se vê por aí. -Eu digo, me virando para ir embora, mas Maciel me chama novamente.

— Fica aqui, Cecí! Deixa eu te pagar uma bebida!

— Ah, eu acho melhor não. Eu preciso voltar pra casa, e não posso perder o ônibus. -Eu explico, olhando as horas, e Maciel faz um som de negação.

— Que nada! Eu te deixo lá depois, vamos! Ingrid me mataria se eu te encontrasse e não te obrigasse a contar as novidades. -Ele insiste, e eu cedo, assentindo.- Ótimo! Puxa uma cadeira pra ela aí, Chico. -Maciel pede, e o Moedas assente, pegando uma cadeira da mesa vazia e colocando ao seu lado.

— Obrigada. Eu esbarrei com a Ingrid esses dias, ela disse algo sobre um canal no youtube? -Eu digo, e eles todos assentem animados.

— É o nosso canal, pô! "Aqueles Caras"! -Donatello diz, e eu sorrio.

— Que maneiro! E tá dando certo?

— Pra caralho! Modéstia a parte, mas é muito foda, depois você assiste. -Alvinho diz, e eu assinto.

— E você faz o que, Cecília? -Chico questiona, com um cigarro entre os lábios.

— Trabalho. -Eu digo simples, e os garotos seguram uma risada.

— Ah, 'cê jura?! -Moedas diz irônico, e eu reviro os olhos.

— Eu me formei em jornalismo, mas agora tô desempregada. -Eu digo, e ele assente.

— Foda.

No final da noite, Maciel estava me levando para casa. Eu estava exausta.

— Como você tá, Cecí? -Ele questiona preocupado.

— Eu tô bem, Dani.

— Fala sério! Eu te conheço, cara. Não precisa mentir pra mim. -Ele diz, e eu suspiro.

— Eu tô toda fodida. Não tenho dinheiro nem pra comer direito, então tô quase sendo despachada do apartamento. Tô sem emprego e, pra piorar tudo, aquela maldição tá de volta. -Eu digo, sentindo meus olhos se enchendo de água.

— Espera, tá falando sério? -Maciel questiona, e eu assinto.- Puta merda, Cecí. Faz quanto tempo?

— Eu descobri há duas semanas.

— Caralho! E você não vai fazer o tratamento?

— Vou tirar o dinheiro do cu né porra? Que parte do "tô sem grana" você não pegou? O sus não é uma opção agora.

— Foi mal, foi mal. Me deixa te ajudar! Eu pago o tratamento. -Ele diz, e eu gargalho.

— Vai nessa, Maciel.

— Não faz isso, Cecí! Tu vai morrer por conta do teu orgulho? -Ele diz, e eu fico calada, fazendo ele suspirar.- Olha, tu é minha irmã, você sabe disso. Você já venceu uma vez e pode vencer de novo. Deixa eu te ajudar. Eu falo com o Cazé e te arrumo um emprego.

— Não, Dani.

— Espera! Eu já sei! Caralho, eu sou foda! -Ele diz animado, e eu o olho em dúvida.- O Chico tá querendo limpar a imagem, cê sabe. E a gente brincou pra ele arrumar um relacionamento falso. Mas e se essa for a solução?

— Que? Fala minha língua.

— Você podia ser a namorada por contrato do Chico! -Ele diz, e eu imediatamente rio, mas ele fica quieto.

— Você tá brincando, né? -Eu questiono, o vendo negar.- Você acha mesmo que eu me odeio a esse ponto? Por favor, eu prefiro rodar bolsinha.

— Larga disso, cara. Pensa comigo: você vai receber dinheiro pro tratamento e vai poder continuar no AP. Se brincar, consegue até algo em algum lugar melhor e menos perigoso.

— Para de ser doido, cara. Não tô tão desesperada assim não. Eu não vou ser taxada de corna em rede nacional.

— Tá desesperada sim! Você é meio doente da cabeça, mas não é burra nem suicida. Eu vou passar o seu número pra ele, e vocês conversam, beleza?

— Não, cara!

— Não aceito essa resposta. Agora, se cuida. A gente se fala amanhã. -Maciel diz, deixando um beijo em minha testa, e eu reviro os olhos, saindo do carro e entrando em meu prédio.

Não é possível que eu me submeteria a isso.

Como eu quero - Chico MoedasOnde histórias criam vida. Descubra agora