Outro acaso?

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Dia 22 de Junho, Henrique chateou-se com a melhor amiga, não é que eles fossem muito amigos mas ela era a rapariga que ele estava mais á vontade, no entanto isso acabou quando ela o começou a ignorar e ele não aguentou mais. Nesse dia, 22, ele fez-me um texto que eu fiquei aterrorizada, começava com

"Apesar da nossa diferença de idades"

E terminava com

"Eu amo-te cusca, nunca me deixes"

Era uma declaração? Pelo meio ele disse que eu era a melhor amiga dele mas ele acabou a dizer que me amava.
Eu nunca tinha dito "amo-te" a ninguém, tinha amigas que amava eternamente mas nunca tinha dito isso. "Amo-te" que palavra tão bruta mas com tanto sentimento, eu não podia gastá-la, se lhe dissesse e mais tarde deixássemos de falar como é que ia explicar a um próximo amor? Não seria justo para ele.
As pessoas usam as palavras como se elas fossem infinitas, as letras até podem ser mas o sentimento não.
Perante aquele texto perguntei-lhe o que sentia por mim ao que ele respondeu

- Amizade, porquê? Sentes o quê?

Aliviada mas desiludida respondi que também sentia amizade. Não era, mas eu sabia que nunca iria ter coragem para lhe dizer que estava apaixonada, principalmente naquela altura, era uma menininha, pitinha mesmo.
Depois disto o assunto acentou como poeira depois de um vendaval.
Uns dias depois, no fim de Junho, a minha cidade faz sempre uma festa em nome dos Santos, festa esta que eu odiava por não ter idade para ir com os meus amigos e com os meus pais não era divertido, era simplesmente secante e em vez de ficar até ás tantas da manhã, ficava até ás 23h no máximo. O Henrique também não costumava ir, mas convidou-me para ir com ele. Começa aqui o problema dos 3 anos de diferença, ele tinha quase 16 e eu era uma menininha com os 13 anos acabados de fazer, de qualquer das formas eu não conseguia ir com ele. Ele estava sempre a dizer que fazia tudo para me ver, que queria abraçar-me e nunca mais largar, encher-me de beijos. SIM CLARO AMIZADE. Isso deixava-me sempre com medo do que ele poderia fazer, o que podia acontecer, eu não estava preparada.
No único dia que fui á festa, sem lhe dizer senão ele fazia de tudo para me encontrar no meio da multidão, estava na zona dos carrosseis e montantanhas russa com o meu irmão mais novo, os meus pais e tios, a família toda portanto. Decidi olhar, sem rumo, para o que se passava á minha volta. Os meus olhos pararam num rapaz. Cabelo estranho. Olhos avelã. Sorriso gigante. MERDA! Era ele.
Não acreditava, era um misto de "quero ficar aqui horas a olhar para ele" com "tirem-me daqui, ele não me pode ver", fiquei tão nervosa que comecei a tremer. Como é que em 5 dias de festa nós fomos lá no mesmo dia, ele não era para ir se eu não fosse, eu não era para ir, eu nem lhe disse que lá estava. COMO? Feliz acaso.
Mais tarde quando cheguei a casa mandei-lhe mensagem a dizer que o vi mas que não podia ter ido ter com ele. Menti. Ele ficou chateado. Normal. Mas rapidamente lhe pedi desculpa e ele desculpou e mais uma vez disse que me amava, todos os dias o dizia. Eu apenas dizia "Adoro-te".
Adorava-o Amando-o.

"Depois da tempestade vem a bonança"Onde histórias criam vida. Descubra agora