Insubstituível

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Na última semana de férias de Henrique eu já só mandava mensagens de 3 em 3 dias, sempre em vão. Se ele estava mesmo a tentar esquecer-me pelos vistos estava a conseguir, mas nessa semana não me perturbou muito, eu tinha ido acampar com os meus pais e com a minha prima, Ana, que estava desesperada por conhecer pessoas novas, e como esse é a minha atividade preferida, decidi ajudá-la.
Na primeira noite no parque de campismo ainda estávamos a fazer o reconhecimento da zona, a ver quais eram os grupos e quais os tipos de pessoas que queriamos conhecer. Havia um grupo de algumas dez pessoas com as idades entre os 10 e os 18, achamos perfeito visto que eu tinha 13 anos e a minha prima tinha 16. Então, como quem não quer a coisa, sentámo-nos perto de onde eles estavam a ouvir música, uma música que mesmo quem não goste respeite. Snoop dog. Eramos crianças ok?. O que é certo é que passados 5 minutos um dos miúdos mais novos do grupo veio ter conosco a convidar-nos para nos juntarmos a eles e irmos dar uma volta. Jackpot. Nós aceitámos, conhecemos as raparigas e os rapazes mais novos do grupo, depois conhecemos as raparigas mais velhas, mas havia dois rapazes, o Matias e o Mário, esses nem olhavam para nós, não se apresentavam e parecia que nem nos viam, só sabiamos os nomes deles porque os outros os chamavam assim. Depois da meia-noite tivemos que nos despedir deles, das crianças e das raparigas.
No dia seguinte na piscina do parque era como se nunca nos tivessem conhecido, era como se a noite passada fosse banal para eles, eu percebo, é o parque deles e fartam-se de conhecer pessoas, no entanto conhecem e desconhecem rapidamente, o que explica o desinteresse dos rapazes por quem estávamos interessadas. Nessa noite eu e a minha prima fomos novamente dar uma volta, mas nem rasto deles, foi uma completa desilusão, foi assim até á penúltima noite.
Na penúltima noite de férias andávamos pelo parque, mais cedo do que o costume pois jantámos cedo, e o mesmo miúdo que nos chamou no primeiro dia voltou a chamar-nos

-Hey! Querem ver o nosso clube secreto?

Eu e a Ana achamos que era uma cena de putos mas fomos ver. Lá estavam todas as crianças, as raparigas mais velhas e o Matias e o Mário a jogar matrecos, snoker e todo o tipo de jogos de mesa. Era ali que começavam a noite. Estávamos há conversa com o pessoal e Matias chegasse á frente. Perguntou-nos o nome e que idade tinhamos e Mário apenas ouvia e de vez em quando mandava piadas. Lá pelas 22h30 as raparigas, com ciúmes da atenção que eu e a Ana estávamos a ter, decidiram que queriam ir andar de bicicleta, e assim foram.

-Pronto, acabou-se a noite. - disse a minha prima já desiludida

Quando chegámos á rua eu disse

-É uma pena vocês irem andar de bicicleta, eu e a Ana não temos e não podemos acompanhar-vos.

-Pois é. -disse uma das raparigas nada preoupada - Vá vamos pessoal

- Não, eu vou acompanhá-la, vão sem mim, e o Mário vem comigo. - disse o Matias a olhar para mim. A intenção dele era ficar a falar comigo enquanto Mário ficava a falar com a minha prima.

A verdade é que demo-nos tão bem e á meia-noite levaram-nos á tenda. Quem diria que as raparigas novas seriam tratadas como umas princesas pelos rapazes mais giros do parque, que orgulho.
Mas havia um problema, esse problema tinha nome, um sorriso que não me saía da cabeça e o meu amor. Henrique.

Durante a semana que tive no parque quase nunca pensei nele, muito tempo seguido. Mas é que, parece mentira mas tenho uma testemunha, para qualquer lado que eu olhasse eu via um coração. Uma folha. Uma poça. Uma pedra. Uma sombra. Tudo tinha a forma de um coração. Eu podia estar a conhecer um rapaz que até podia haver futuro mas como podia funcionar se cada vez que eu via algo romântico pensava no Henrique?

"When I'm with him I am thinking of you"

Eu estava completamente apaixonada e já tinha percebido isso. E decidi, "Quando ele voltar conto-lhe que gosto dele".

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⏰ Última atualização: Jul 27, 2015 ⏰

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