Capítulo 9

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⠀⠀A chuva finalmente parou no décimo primeiro dia deles no abrigo.

⠀⠀Era tarde demais, mas Harry ainda se sentiu aliviado.

⠀⠀A proximidade inevitável havia estragado tudo, não permitindo que ele colocasse a tão necessária distância entre eles, não permitindo que ele escapasse. Uma semana. Ele teve de suportar Louis apalpando e molestando-o todas as noites durante uma semana, e o corpo estúpido e traidor de Harry o traiu todas as vezes – para a satisfação de Louis.

⠀⠀Deus, Harry o odiava.

⠀⠀Ele estava tão feliz que a chuva havia cessado. Eles não teriam mais que viver um em cima do outro. A loucura finalmente havia acabado.

⠀⠀Mas, enquanto Harry se estendia em seu cobertor sob o céu limpo e estrelado, seu coração batia forte e sua pele estava formigando de ansiedade. Ele se sentia nu, embora estivesse usando uma camiseta pela primeira vez. Ele não conseguia relaxar, ficando tenso a cada som. Não conseguia relaxar o suficiente para dormir.

⠀⠀Fechando os olhos, ele se concentrou no som do oceano batendo suavemente contra a costa. Deveria ter sido calmante. Tranquilizador. Mas tudo o que fez foi lembrá-lo de como ele era pequeno e insignificante em comparação com a Mãe Natureza, de como eles estavam longe da civilização.

⠀⠀Ele se abraçou, sentindo um frio ilógico. Ele se perguntou se já haviam feito um funeral para ele. Provavelmente.

⠀⠀Ele se perguntou quem iria ao seu funeral.

⠀⠀Ele teve que engolir o súbito nó na garganta. Isso não importava. Por que ele se importava se as pessoas não fossem ao seu funeral? Se ele estivesse realmente morto, não teria se importado. Os mortos não se importavam com nada. Taylor provavelmente foi lamentada por centenas de pessoas – todos a amavam –, mas isso era um pequeno conforto agora que ela estava morta. Ninguém provavelmente se importava se Harry estava vivo ou morto, mas e daí? Ele não queria que as pessoas o lamentassem. Ele não precisava de pessoas, e ponto final. Ele só precisava de Taylor, e agora ela tinha ido embora. Sua esposa, sua melhor amiga e sua amada. O que importava se as pessoas com quem ele não dava a mínima não se importassem com sua morte?

⠀⠀Mas não importava o que ele dissesse a si mesmo, o sentimento frio e solitário no fundo de seu estômago não ia a lugar algum. Ele se sentia dolorosamente sozinho e, pela primeira vez em anos, odiava essa sensação, não conseguia suportá-la, sentia que estava engasgando com ela. Era fácil ser um solitário quando ele ainda tinha uma esposa amorosa e solidária. Agora ele se sentia... Sem âncora. À deriva. E qualquer outra palavra que significasse infeliz.

⠀⠀Ele queria ter braços ao seu redor. Ele queria não estar sozinho.

⠀⠀Ele queria se sentir desejado.

⠀⠀Harry abriu os olhos.

⠀⠀Então, levantou-se e caminhou em direção à cama do outro homem, seus pés descalços silenciosos na areia.

⠀⠀Ele olhou para Louis. A luz da lua era clara o suficiente para ver que os olhos de Louis estavam abertos. Ele estava olhando para Harry, sua expressão era impossível de ler.

⠀⠀Harry umedeceu os lábios secos, com o coração batendo contra a caixa torácica. Ele tirou a camiseta. Em seguida, enganchou os polegares no cós da bermuda e a arrastou para baixo. Ele se livrou da bermuda, com os olhos ainda fixos nos de Louis.

⠀⠀Por um longo momento, houve apenas silêncio enquanto eles se encaravam.

⠀⠀Então Louis abaixou a cueca e tirou o pênis meio duro para fora. Ele parecia enorme à luz da lua. Obsceno. "Fique de joelhos."

between hatred and desire - l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora