Acordo sobressaltada, suando frio. Outro pesadelo, revivendo cenas que quero esquecer. Faço minha higiene matinal e coloco meu short de corrida. Preciso sair dessa bolha, fugir dos meus pensamentos, não dará certo, mas tenho que tentar.
Sigo uma trilha perto da cidade, é um ótimo lugar pra correr, as árvores fazem uma passarela ao redor da estrada formando um lindo paredão verde.
Meus pulmões já estão queimando, coração acelerado, suor por todo corpo. Endorfina. Paro, olhando para o riacho a minha frente, a água tão azul e cristalina. Vejo meu reflexo na água me dando conta de que sou uma sobrevivente, evito me olhar dessa forma, me ver assim trás lembranças dolorosas demais para suportar.O carro está em alta velocidade, a chuva intensa impede que papai veja a estrada. O carro gira no asfalto escorregadio, grito com medo do pior, papai está nervoso. Eu não entendo oque está acontecendo, porque estão nos perseguindo, atirando por todo lado. Tudo está escuro, nem mesmo a luz do farol clareia a estrada. Paramos, ele me olha preocupado e sai do carro dando a volta e abre a porta para que eu saia. Corremos por entre a mata, e logo chegamos a uma casa abandonada. Papai arromba a porta, e me puxa para dentro trancado a fechadura.
Me encolhi no canto da parede vendo meu pai ir de um lado para o outro, olhando pelas janelas.
Ouço vozes se aproximando. Meu papai está desnorteado, sinto sua aflição. Tudo está escuro. Um disparo é feito ricocheteando meu pai, me aproximo em desespero, gritando por socorro. O tiro acertou seu ombro. Não consigo conter as lágrimas, tenho que ser forte como papai pediu. Faço pressão na ferida, enquanto meu pai agoniza no chão.- Papai por favor... aguente, só mais um pouquinho...por favor- falo em meio ao choro. Ele aperta meu braço,
- fu...já...filha, você tem que ir- susurra, sem forças. Nego com a cabeça, pressionando ainda mais a ferida.
- Não vou deixá-lo, papai. Aguenta por favor.
No instante seguinte, tudo se passa com um borrão na minha frente. Homens armados invadem a casa nos cercando como animais. A luz forte da larterna cega minha visão, impossibilitando que eu veja o rosto de quem está a minha volta. Meu pai é puxado bruscamente e colocado de pé, dois homens seguram ele.
Sinto o cano frio da arma em minha testa. Fecho os olhos, esperando a morte.- Vamos mostrar oque acontece com traidores! Ninguém nunca mais vai ouvir falar de você, Edgar Boyer seu nome vai morrer com você - A voz grossa e robótica ecoa pela casa.
As lanternas se apagam e as luzes do teto se acedem. Ergo o olhar vendo vinte homens armados até os dentes. Todos de máscaras com símbolos que nunca vi e roupas pretas. É impossível indentificar quem são. O cano da arma pressiona minha cabeça, levantando meu queixo.
- A filha do verme - diz, um dos homens se aproximando.
Ele é o chefe!
- Devemos mata-lá, os dois tem que morrer- disse, o soldado que está com a arma apontada na minha testa.
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QUANDO VOCÊ CHEGOU
RomanceSebastian retorna para Bratford Canadá, após dois anos. Tendo que lidar com as lembranças do passado e possível doença da mãe. Um homem frio e calculista que sempre tem tudo do seu jeito, terá sua vida monótona virada do avesso ao atropelar Esther B...