Capítulo 1

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- Parabéns pra você, parabéns pra você, parabéns pra Celinaaa...
- A voz da mulher falhou quando esticou o nome de Celina na canção, mas a pequena menina não vacilou seu sorriso, ao contrário, ele aumentou ainda mais. - Parabéns pra você!

Celina e Kim, sua mãe, estavam na cozinha da casa delas, com as luzes apagadas, o cômodo era iluminado apenas pela vela de número '8' do bolo que Kim tinha preparado, e as luzes do poste da rua.

Não tinha mais ninguém presente, mas Celina não se importava. Sua mãe era preenchia todos os espaços de seu coração, ela não precisava de mais ninguém.

A canção terminou e as duas gritaram felizes por mais um ano que Celina estava comemorando.

- Agora faz um pedido e asopre as velas. - Kim orientou.

Celina encarou a vela em cima do bolo, pensando em seu desejo. Ela fechou os olhos, implorando para que ele se realizasse. Então ela assoprou a vela, que se apagou.

Mais palmas vindas de Kim foram ouvidas, Celina riu e a luz da cozinha foi acessa. Ela piscou algumas vezes enquanto se acostumava novamente com a luz em seus olhos.

- Agora vamos comer o bolo! - Kim disse, pegando uma faca e entregando para Celina, que pegou e começou à cortar, de um jeito meio desastrado, mas não tinha problema, era o bolo dela, afinal de contas. - O que você pediu?

- Não posso contar. - Celina respondeu, e Kim fez uma careta. - Se eu contar, não vai se realizar.

- Mas você sabe que eu sou curiosa! - Kim fez beicinho, tentando convencer a filha, que riu e serviu o pedaço de bolo em um prato e entregou para a mãe. - Então posso adivinhar? E se você sorrir, significa que eu acertei, ok?

- Ok. - Celina assentiu, começando à se servir de bolo.

- Deixa eu pensar. - Kim ficou alguns segundos em silêncio, enquanto comia o bolo de Celina. - Você pediu pra eu deixar você faltar amanhã na escola? Pois saiba que não! Porque não é porque as aulas estão acabando, que vou deixar você faltar!

Celina não sorriu, apenas deu uma mordida em seu bolo.

- Ah, não é isso? Tudo bem... - Kim pensou por mais alguns segundos. - Então você quer ir em algum lugar especial nas férias? Tipo na Disney?

Celina não sorriu novamente.

- Ora, mas você se superou no seu pedido, hein? Não consigo pensar em mais nada.. O que poderia ser? - Kim fazia a pergunta mais para si mesma do que para Celina.

Celina continuou à encarando com o rosto sério. Então, gradativamente, seu rosto começou à mudar para uma careta de choro, e as lágrimas começaram à sair.

Kim se desesperou e se ajoelhou ao lado da pequena Celina, envolvendo seu rosto com as mãos.

- Meu amor, o que foi? - Kim perguntou. - Por que você tá chorando? Conta pra mim, por favor, por que você tá triste?

- Eu pedi... E-eu pedi pra ser uma filha melhor pra você. - Celina confessou, aos prantos.

- O que? - Kim franziu a testa, não entendendo o porquê de Celina ter feito aquele pedido. - Por que você faria um pedido desses, Celina? Você é incrível!

- Não sou! - Celina negou com a cabeça. - Eu só arrumo problemas na escola, sou mandada embora pelas brigas que arrumo, não tenho amigos porque todos me acham esquisita e... E a tia Grace diz que eu sou esquizofrênica.

Kim tapou a boca com a mão. Grace era sua melhor amiga desde que tinha chegado nos Estados Unidos, quando ainda era criança. Elas cresceram juntas e se esperava que Grace amasse Celina como se fosse sua própria filha.

A Fênix: Memórias do FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora