— É a terceira vez que isso acontece... Eu lamento, mas a escola não poderá mais aceitá-la.
Um suspiro cansado foi ouvido na sala.
— Eu entendo e sinto muitíssimo por tudo isso, senhora Miller.
— Nós sabemos que ela vem de um lugar difícil e negligente, mas não tem como continuar passando a mão na cabeça dela. Seja mais firme, senhorita, ou será perda de tempo. Pelo caminho em que está indo, ela é um caso perdido.
A mulher, que checava as horas no relógio de pulso, teve que levantar o olhar.
— Caso perdido?
A diretora pigarreou.
— Peço que não me leve a mal. Sou educadora há muitos anos e...
— Então deveria saber que não existem crianças que são casos perdidos, senhora Miller.
— Bom, você, como cuidadora... — ela se calou quando Momo levantou da cadeira.
— Você e todos esses imbecis podem achar que a Mina não teve nenhuma melhora, mas estão enganados. Ela é um ser extraordinário que está em processo de cura por tudo que passou, e melhorou muito desde o primeiro dia comigo — pegou sua bolsa. — Eu sei que as atitudes dela são péssimas, mas isso não é motivo pra ignorância. Se você não sabe o que dizer, então, por favor, fique calada.
A mais velha nem piscou e o furacão que havia se formado foi embora batendo a porta, deixando-a sozinha e com cara de paisagem. Momo ainda precisaria resolver algumas coisas sobre a transferência de Mina, mas não voltaria tão cedo para aquela sala
Não estava arrependida, a não ser que fosse sobre não ter dito mais coisas.
Ninguém tinha o direito de opinar sobre o jeito como se comportava com sua menina, muito menos desprezá-la daquela maneira. Só Momo sabia como Mina havia mudado e não seria uma velha ignorante que mudaria isso.
— Ano passado foram três escolas só no primeiro semestre... vou procurar a segunda, e estamos na metade do ano. Temos um progresso! — ela tentou ser positiva enquanto batia os saltos apressadamente no chão dos corredores, procurando uma certa menina. Ela estava sentada em um banquinho na entrada do colégio, um jardim o qual ela sempre ficava sozinha. Quando a viu, Momo relaxou a expressão tensa do rosto.
— O que eu faço com você, ein? — disse para si mesma.
Mina parecia estar em uma mistura de tristeza e vergonha, toda cabisbaixa brincando com seus dedos. Momo sabia que deveria estar brava, porque foi um daqueles dedinhos que insultou um professor naquela manhã — fora todas as outras aprontadas daquele ano que, somadas, levaram a sua expulsão —, mas não conseguia. Mesmo que Mina tivesse aquela barreira defensiva sendo rude, mal-humorada e malcriada contra as pessoas do seu cotidiano, Momo via apenas o seu interior: uma menininha que foi muito machucada, mas que, ainda assim, era frágil e precisava de muito amor e carinho.
— Vamos, meu amor. — a voz da sua cuidadora soou como a de um anjo. Mina olhou para a japonesa mais velha, que sorriu e afagou sua cabeça, e a abraçou fortemente.
[...]
A maioria das pessoas achava errado o jeito como lidava com ela. Momo achava irritantemente engraçado como todas repetiam o mesmo discurso quase sempre. Mas isso não significava que deixava de educá-la, nem que Mina era a mesma de anos atrás. Nossa, não mesmo. A Mina de anos atrás teria feito mais do que apenas ter mostrado o dedo do meio para o professor de Física. Ela não aceitaria carinho, nem a aproximação de alguém. Mina nem sequer iria às aulas, e se tentassem obrigá-la, fugiria de casa.Sua mudança era notável para qualquer um que deixava a ignorância de lado e acreditava no seu potencial de mudança. Como não havia outras pessoas dispostas a isso, Momo era a única, a mesma de anos atrás, que cuidou dela com tanto amor e sem esperar algo em troca. Mas Mina retribuía... Ela tentava; tentava melhorar todos os dias.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mommy and Baby
Ficción GeneralColetânea de one-shots do TWICE com os temas regressão de idade, maternidade e amamentação <3