Jimin sentiu o peso das palavras de Jungkook, cada sílaba parecendo puxá-lo para um abismo de emoções confusas. Ele continuava encarando seus próprios dedos, sentindo um formigamento incômodo nas pontas, como se todo o seu corpo estivesse em alerta, prestes a surtar, tentando entender a situação.
Jeon disse que ainda me ama, isso significa que ele tem sentimentos por mim?
O silêncio que se seguiu por um longo tempo foi opressor, carregado de significados não ditos e que jamais seriam. Jimin não ousou levantar os olhos para encontrar o olhar de Jungkook. Havia uma sensação sufocante de que se o fizesse, todo o seu autocontrole desmoronaria, e ele não podia permitir isso nunca mais.
— Eu ainda te amo, Jimin — repetiu na intenção de tirar alguma palavra ou som da boca do outro.
As palavras de Jungkook ecoaram pela mente dele arrepiando todo seu corpo, mas Jimin não sentiu o calor reconfortante que essas palavras deveriam trazer, ou melhor, que traziam antes. Em vez disso, sentiu um frio crescente e quase sufocante. Ele mordeu o lábio inferior na tentativa de disfarçar a vontade imensurável que estava de chorar. Mas, por mais que quisesse acreditar naquelas palavras, algo dentro dele já havia se quebrado. As memórias de tudo o que passou, as noites em claro, as dúvidas, as dores... Tudo isso formava um muro intransponível que o impedia de aceitar o amor que Jungkook dizia ainda sentir, pelo menos por agora.
— Não sei se posso acreditar nisso — sussurrou, finalmente, com a voz tremula. Levantou lentamente, ainda sem encarar Jungkook, e deu um passo para trás. — Mesmo que eu acreditasse, acho que já passou tempo demais. Eu... eu não posso retribuir agora.
A dor no rosto de Jungkook foi palpável, mas Jimin manteve os olhos fixos no chão, incapaz de lidar com a profundidade do sofrimento que sabia que havia causado, contudo, será que Jungkook, Sra. Park e Piter sentiram o mesmo ao causar dor?
— Eu entendo, é totalmente compreensível — Jk murmurou — sente-se novamente, vamos nos conhecer de novo, posso reconquista-lo com meu charme — piscou para o rapaz.
— Meu Deus, essa piscada é motivo pra eu ir embora — gargalhou em seguida. O clima tenso finalmente foi embora.
— Pelo que analisei quando você me viu, estava planejando algo e provavelmente contra mim, certo?
— O que?! Analisando? Não creio que você analisa pessoas em um encontro! — parecia indignado, mas no fundo apenas entrou na onda.
— Oh, estamos mesmo em um encontro — murmurou sorrindo.
Um pequeno momento de risadas juntos levou ambos a uma antiga memoria, onde eram apenas dois adolescentes na sacada do quarto de Jimin, sentados e rindo. Jungkook encarou Park e em seguida tirou uma barra de chocolate ao leite do bolso de seu sobretudo.
─ Lembro-me que é sua favorita ─ entregou em suas mãos ─ você ainda deve gostar, certo?
─ É, eu gosto ─ segurou a barra com as duas mãos ─ faz longos anos que não como chocolate assim ─ memorias ruins vieram a tona.
─ Imaginei, eu devia ter ido atrás de você quando me formei, eu daria um jeito de ter lhe tirado de lá. Sua mãe foi cruel ─ suspirou ─ sei que também fui.
Jimin pôde sentir que existia um peso nas falas de Jungkook, ele realmente sentia culpa e se culpabilizou por anos, mas nada apagaria tudo que a única vitima sentiu. Park sentia nojo, mas acima de tudo, raiva.
─ Você devia? ─ riu incrédulo ─ foi apenas mais um egoísta, Jeon, foi apenas mais um que fugiu ─ irritou-se.
─ Eu entendo, você está certo ─ dizia em um tom compreensivo ─ ninguém poderá apagar ou diminuir suas dores, apenas você sabe o que passou lá dentro.
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Prenda-me Se For Capaz #2 - O Eco do Passado.
FanfictionApós uma década internado em um hospital psiquiátrico, Park Jimin finalmente é liberado. Carregando cicatrizes profundas de traumas que acumulou antes e durante esses dez anos, ele se vê perdido. Jimin tem duas figuras que ocupam sua mente incessant...