Reconstruir.

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Retornar a um local onde se vivenciaram inúmeros acontecimentos nem sempre é uma decisão prudente; todavia, para Jimin, era a única maneira de assegurar um teto sobre sua cabeça. Ele voltou a imponente mansão da família Park, agora tomada por uma fina camada de poeira e apresentando sinais visíveis de desgaste mesmo trancada a tantos anos. Contudo, tais condições não eram suficientes para impedir a utilização dos móveis. Jimin possuía uma quantia de dinheiro reservada, suficiente apenas para adquirir produtos de higiene pessoal, alimentos e religar a energia elétrica. A mansão, apesar de sua deterioração, oferecia um refúgio temporário, permitindo-lhe focar em reorganizar sua vida e refletir sobre os próximos passos a serem tomados diante das dificuldades que enfrentava.
Suas roupas ainda estavam na mala que trouxe do hospital, vestiu uma calça jeans skinny e uma camiseta preto básica, pegou as chaves de casa, o dinheiro e foi a caminho do mercado.

— Como fazer compras? Meu Deus, viver parece assustador agora — passou as mãos nos fios quase  da cor natural.

Adentrou o mercado com as bichechas queimando, sentia vergonha e não sabia porquê. Estava meio perdido, seguiu andando devagar procurando creme dental, sabonetes, alimentos e tudo que fosse necessário para seu dia a dia.

🐰

— Eu não tenho experiencia alguma no currículo, é obvio que ninguém quer me contratar! — no fundo, culpou-se por passar tanto tempo internado.

Pegou os currículos e os jogou no chão deixando-os largados. Sentou-se em frente a pequena TV antiga e suspirou, suas mãos tremiam um pouco, talvez o nervosismo seja culpado disso ou a ansiedade por não estar no controle. Não iria conseguir sobreviver caso não conseguisse um emprego, isso é fato, contudo, havia uma proposta interessante.

Um dia antes de Park ter alta e finalmente sair das selas que o prendia, ele recebeu uma visita; observando os traços da pessoa não a reconheceu, porém, quando o visitando disse seu nome, os olhos de Jimin arregalaram-se e sua garganta deu um nó. Aquela dúvida que ja fazia parte de sua rotina acabou de ser respondida: será que as pessoas do meu passado pensam em mim?

Sua resposta é sim.

— Você está aqui tem anos...sinto muito por isso. Sei que foi culpa do Pitter. — sentou-se a sua frente — vim te fazer uma proposta, acredito que tem muitos problemas — riu baixinho — mas nenhum deles é esquecimento. Você ainda deve mandar bem em programação e tudo que envolva tecnologia, certo?

— Talvez eu tenha desaprendido algumas coisas — suspirou — faz anos que não encosto em um computador, mas ainda consigo saber muito.

— Ótimo, tenho uma proposta — levantou-se — você nunca trabalhou, sabe-se la se vai conseguir um emprego sem experiência, seus pais...melhor não comentarmos, você vai precisar de dinheiro e é disso que vim falar.

O rapaz tirou o celular do bolso, deslizou os dedos pela tela até parar e encarar Jimin virando o dispositivo para ele. Na tela havia uma reportagem passando, algo gravado, era sobre uma recente tentativa de invasão e ataque cibernético que havia falhado.

— A policia possui dados sobre nós agora e eu preciso que você — apontou para Park — apague e bagunce o sistema deles.

Jimin jogou a cabeça para trás e gargalhou. Levou as mãos ao rosto e esfregou.

— Eu acabo de sair de uma prisão e terei de ir pra outra?

— Não! Óbvio que não, você sabe ocultar tudo, não deixar rastros, sei que não conversávamos na escola, mas eu sempre... — suspirou — bem, vamos, diga-me se aceita ou não a proposta, irei lhe pagar mensalmente.

Prenda-me Se For Capaz  #2 - O Eco do Passado.Onde histórias criam vida. Descubra agora