Os últimos acontecimentos da noite passada ainda são gritantes na minha consciência. Meu vizinho mórbido, Richard Vaughan, invadindo a minha casa pela porta da frente e revelando seu mais sinistro sorriso ao me encontrar de baixo da cama. A esposa dele confrontando minha mãe por ter tido um caso com o Sr. Vaughan. As viaturas da polícia de Lake City dando alarde com suas sirenes e luzes vermelhas e azuis. E antes disso, antes de toda a confusão mudar o rumo da vida da minha família, meu padrasto, o irresistível policial David Bourne, me seduziu e tirou minha virgindade.
Penso nessas coisas e mais outras enquanto estou sentado na mesa da cozinha. Capto o som familiar do ônibus escolar chegando na frente da minha residência. O motorista, que não me viu na calçada, seguiu em frente. Apesar de ser 8 horas da manhã, eu não tô no clima pra assistir nenhuma aula sequer. Até porque não estou sozinho.
A minha frente, David abre uma latinha de cerveja e toma um gole que ecoa além da sua goela. Ele assume sua clássica pose de macho pensativo quando se está bebendo. Espio pelo canto do olho, minha mãe em pé, em conflito consigo mesma. Ninguém disse nada, até agora.
- Amor, eu... - ela trava e respira fundo. - David... Espero que possa me entender.
Ele não responde, nem olha no rosto dela. Pelo contrário. O que ele faz é ousado demais, pois resolve me observar com a expressão tão enigmática quanto estoica.
- É cedo para pedir perdão. Eu sei - ela prossegue, acometida pela vergonha profunda. - Só quero que saiba que eu tentei ser perfeita.
Tentou ser perfeita. O que tem demais nisso? O que eu gostaria de saber é por que ela se envolveu com Richard, o doido que me stalkeou e pensei que fosse me matar. Definitivamente ela não sabe o perigo que me colocou e agora só pensa em salvar a porra do casamento, que na minha opinião, já está perdido.
- Por favor. Não quero que vá. Muito menos que leve Kyle com você.
Ah sim. Não vou me esquecer dessa parte. David me convidou para ir morar com ele. Está mais que certo que vamos mesmo sair dessa casa. É insuportável ficar aqui depois do tamanho escândalo. Eu aceitei. Mas minha mãe acha que ainda há esperança de mudarmos de ideia. Será?
- Eu faço qualquer coisa... Qualquer coisa, David - ela se ajoelha e aquele implorar passa a ser sua pior humilhação.
Meu Padrasto finalmente fita ela, esboçando um sorriso sarcástico.
- Qualquer coisa? - ele bebe mais um pouco de cerveja.
- Sim, sim - de repente um brilho surge nos olhos dela.
- Ótimo. Tem uma coisa que eu preciso te contar e tem algo que eu quero. Uma vez que você me peça para ficar, isso vai lhe custar um preço.
Agora ela é sucumbida pelo receio. Mesmo assim, ela vai em frente, sem deixa que isso apavore seus planos. Honestamente eu já estou ficando com dó.
- Primeiro, eu fiz amor com o seu filho.
Com a boca imediatamente escancarada, ela me olha com uma expressão de choque. Leva um tempão pra ela se dar por conta de todo o peso daquilo. Pois bem, ela poderia esperar qualquer coisa, menos isso.
- O que?
- Foi isso mesmo que você ouviu. O clima pintou entre Kyle e eu. Digo, as coisas esquentaram. Daí eu não me segurei.
A forma como ele disse isso, relaxado que nem um cafajeste, é seu autêntico espírito de vingança agindo pra cima dela.
- Eu não acredito em você. Não, não, não. Isso não é verdade. Kyle... - ela me chama, desesperada. - Diz que isso é mentira.
- Desculpa, mãe. Mas aconteceu mesmo. Algumas horas atrás - meu coração treme aos montes.
- Você... - ela se volta para David. - Você é...
- Gay? Não. Eu curto de tudo. Sem rótulos.
- Eu não. Eu sou só gay - respondo.
- Como ousam...
- Opa, opa. Nem vem com essa. Falou? - ele a interrompe de forma brusca. - Você me traiu e eu trai você. Estamos quites. Beleza?
- Com meu próprio filho - diz ela, com os olhos marejados, arrasada.
- Faz diferença?
- Faz toda a diferença!
- Que bom. Ainda quer que eu fique?
Ela enxuga o rosto com as mãos e tenta não se entregar aos prantos.
- Você sabe que sim.
- Perfeito. Por que aqui vai a condição pro seu pedido - ele me lança o olhar mais safado que já vi vindo dele e solta a bomba. - Se vamos continuar transando, quero fazer com o Kyle também.
Ela solta uma risada irônica.
- Você só pode estar de sacanagem.
- Não estou. É isso mesmo. Acontece que Kyle e eu só estamos começando. E aí? O que me diz?
Ela fica nos observando por mais um longo tempo de silêncio até que enfim uma decisão sai de sua boca e se perpétua pelo ar do lar.
- Trato feito... Afinal, eu mereço.
- Essa é minha mulher - ele vira a latinha na boca e apalpa a minha perna.
De uma coisa eu tenho certeza. Meu padrasto está sendo esperto. Ele sempre sai por cima e vence duas vezes, e derrotou minha mãe quando disse que ela não será a única à ser comida sob o teto dessa casa. Era isso que ela queria, um macho dominante que a fizesse obedecer suas ordens de quatro. David e eu começamos algo e não queremos parar. Fato.
Pode soar cruel da minha parte, mas acho que isso compensa alguma coisa. Nada mais me excita do que transar com meu padrasto e saber que minha mãe o dividirá comigo.
Sorte a minha, o filho afortunado. Isso até me lembra uma música que gosto de ouvir. Fortunate Son, cantada pelo Creedence Clearwater Revival. No silêncio que perdura pela cozinha, a canção faz barulho na minha cabeça e não dá ao menos pra evitar de dar um sorrisinho.
Era isso que eu queria? Ficar aqui mesmo depois do que rolou? Acontece que David e eu estamos juntos nessa. Não que eu seja a sombra dele, mas ele é a pessoa em que mais confio agora.
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Padrasto Selvagem - De Volta Ao Lar - Livro 2 (Macho Sujo Safado)
RomanceRECOMENDADO QUE LEIA O CONTO PARA ENTENDER A HISTÓRIA. Após sobreviver a uma invasão domiciliar de um stalker, o jovem estudante Kyle Garnier não esconde seu envolvimento com seu padrasto e policial, David Bourne, para uma nova residência em Lake Ci...