O Novo Normal?

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Subo a escada e vou direto pro meu quarto. Assim que entro, mau tenho tempo de fechar a porta e minha mãe já entra com tudo. Os olhos de cor casca de abacate, furiosos. A pele clara um pouco mais pálida que o habitual, creio que seja pelo choque. O cabelo cor de areia está meio que bagunçado. Estamos frente a frente, com nossas mesmas alturas. Herdei seus atributos físicos, e agora sei que temos tendências para roubar maridos. Ela roubou o Richard da Sra. Vaughan. E eu roubei o David dela. Tal mãe, tal filho. Afinal, não é culpa nossa se temos uma beleza incomum.

- Quer alguma coisa, mãe? – questiono, incomodado com a presença dela.

- Você e o David? Desde quando? – ela cruza os braços, aguardando pela minha resposta, que não será das boas.

- Você não tá no direito de cobrar. Mas já que começou. Vamos ao que interessa.

Ela reage surpresa e eu me aproveito do efeito.

- Seu envolvimento com o nosso vizinho quase custou a minha vida quando ele invadiu essa casa no meio da noite e eu tava sozinho. Ele poderia ter feito uma grande besteira comigo. Sabia?

- Já vi que não dá pra resolver dois problemas ao mesmo tempo – ela se vira e sai.

- Você não se importa com a minha vida?

Ela me ignora e entra dentro do próprio quarto.

Uma mão pausa no meu ombro. Olho para trás e vejo ele. David. Não sei o que minha mãe viu em Richard que fez ela cair por ele, mas sei o que fez tanto eu quanto ela desejar o policial Bourne.

Beleza excepcional, que não é padronizada. Uma rotina atlética não levada muito à sério faz com que seus braços, pernas e peitorais sejam musculosos, menos a barriga. David tem o buchinho sobressalente, típico corpo de papai, minha perdição. Seu cardápio inclui geladas cervejinhas, pizzas e hambúrgueres. E a cereja do bolo que traz aquele charme marcante é seu cabelo liso castanho escuro penteado para trás, sobrancelhas grossas e bigode cheio.

Ele me dá um leve sorriso e indica com a cabeça para dentro do meu quarto. Nós entramos e já sou pego de surpresa. A boca dele amordaçado a minha num beijo selvagem e que só dura alguns segundos até que ele para dizer, com sua voz hipnótica:

- Você me tenta demais.

Eu rio e afago sua barba com os dedos.

- No que foi que a gente se meteu?

- Numa coisa que não me arrependo. Quero mais. Prometo que volto aqui a noite.

Assinto com a cabeça. É bem óbvio que ele e eu faremos amor essa noite. Será que minha mãe ouvirá nossos gemidos? Usarei um travesseiro para abafa-los, se eu puder.

- Nada vai ser como antes, David. Sabe? Vocês ainda tem que conversar.

- Eu sei. Agora que ninguém aqui é santo. Deu pra pelo menos ter o que eu quero: você.

- Vai demorar pra ela se acostumar com essa ideia – digo, pensativo.

- Ou talvez não – ele dá de ombros.

Ele exala seu cheiro de garanhão que atiça minha libido. Melhor eu expulsa-lo antes que eu arranque minhas roupas e enrosque o meu anel na língua dele. Eu gozaria apenas com seu beijo grego. Uma loucura pensar nisso agora.

- Não quero passar o dia aqui. Acho que vou pra escola. Ainda dá tempo de chegar lá. Me dá uma carona?

- Claro. Te deixo lá e no caminho vou pra delegacia. Tenho trabalho.

Tomo um banho e visto roupas limpas pro dia. Pego minha mochila e desço a escada. Minha mãe continua dentro do quarto. Lembro que ainda não tomei café da manhã e David me faz chama-lo de herói assim que ele me dá uma sacola de papel com um sanduíche de frango com creme de leite e uma garrafinha de iogurte de bluebarrys. Ele não teve muito trabalho para montar isso. O recheio já estava pronto na geladeira.

- Não fez um pra você também? – indago.

- Eu como uns donuts com café no trabalho. Sempre aproveito. Afinal, são sempre de graça.

Entramos na viatura. Ele no banco do volante, eu no do passageiro. Partimos rumo a escola, que fica uns seis quarteirões ao leste. Durante o percurso, consumo minha comida e batemos papo sobre...

- Acha que aquele Richard ainda vai ter coragem de voltar? – pergunto, tomando um gole de iogurte, que está muito bom por sinal.

- Se ele fizer isso, não vai ser bom pra ele – responde David, sem tirar a visão da pista.

- Vai prende-lo atrás das grades? – cogito.

- Infelizmente vou ter que dar o fim nele.

Pelo tom de voz dele, a coisa é séria. Não consigo imaginar Richard sendo morto pelas mãos do meu padrasto, mas isso não significa que eu duvido. Não sei se estou preparado para lidar com isso jo futuro. Caso seja uma medida claramente necessária, terei que apoiar David.

Padrasto Selvagem - De Volta Ao Lar - Livro 2 (Macho Sujo Safado)Onde histórias criam vida. Descubra agora