Capítulo 34

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– Hey... - Millie disse adentrando a cozinha. Fazia pouco mais de uma semana do ocorrido. - Como está?

– Surpresa por ela ainda não ter me despedido. - Amelie disse. Millie fazia questão de dar seu total apoio a ela. Sabia que a mulher amava sua filha incondicionalmente e a maior prova disso foi ter contado a verdade apenas porque entendeu que Millie queria um relacionamento consistente com sua esposa e esconder coisas poderia afetar isso. Millie também se sentia culpada, por culpa dela Sadie fingia não ver Amelie ali.

– Ela não irá fazer isso. - Tentou confortá-la.

– Se fizer eu entenderei. - Disse sincera.

– Mills... - A voz vinda do jardim fez Millie olhar para Amelie como se estivesse se desculpando.

– Ela só precisa de mais um tempo. - Falou, logo pedindo licença e indo ver o que sua esposa queria.

– Oi. - Millie disse sorrindo.

– Olá, olhos castanhos. - Sadie disse sorrindo, fazendo sua esposa não resistir e se inclinar, tomando os lábios de Sadie em um beijo manso. Depois de muito chorar, dias atrás, Sadie voltou a agir como se tudo estivesse normal. Isso preocupava Millie, mas pelo menos a garota não estava um caco.

– Não acredito que vai sair, Sads. - Millie reclamou entre o beijo assim que viu sua esposa arrumada.

– Não vou. Só vou ali na biblioteca resolver umas coisas sobre o trabalho.

– Hoje não. - Millie disse enquanto tinha seus braços envoltos no pescoço de Sadie. Suas bocas praticamente encostadas uma na outra e Sadie caminhava lentamente, fazendo Millie caminhar para trás. - Hoje é domingo, então está proibida de sair de perto de mim. - Disse se inclinando e sentindo o gosto dos lábios de Sadie novamente.

–  É coisa rápida, Mills. - Disse rindo. Não podia deixar de sorrir diante das reações de Millie. Cada dia mais atenciosa e carinhosa. Não falavam sobre isso, mas era inevitável a troca de carícias e a ação sempre partia de Millie.

– Não quero saber. - Millie disse mordendo o lábio inferior de sua esposa. Aquele gosto era mais do que viciante. - Fica aqui comigo. - Pediu fazendo cara de cachorro pidão e Sadie suspirou.

– Te chamei para avisar caso você fosse me procurar. Volto em um segundo, prometo. - Insistiu. Millie assentiu bufando, resignada a isso e deixou um leve beijo no pescoço de Sadie, fazendo sua esposa quase desistir de ir para qualquer lugar que fosse longe de seus beijos.

– Depois promete ir passear a cavalo comigo? - Millie perguntou e Sadie sorriu assentindo. Não tocavam no tema de Amelie, Millie preferia dar um tempo à Sadie.

– Prometo, vida. - Millie quase se desmanchou diante do apelido que ganhara.

– Ótimo. - Disse sorrindo, enquanto voltava a ficar na ponta dos pés, colando seus lábios nos de Sadie. A língua macia percorria sua boca livremente enquanto sentia Sadie agarrar com mais força sua cintura. Sorriu entre o beijo ao saber que Sadie provavelmente estava ficando excitada. Ótimo, porque ela também estava.

Millie riu baixinho ao perceber a reação da pele de Sadie se arrepiando inteira ao ouvir Millie gemer baixinho entre o beijo. Foi quando Sadie aprofundou ainda mais o beijo ao sentir Millie arranhar as unhas de leve em sua nuca, deslizando sua língua deliciosamente pela de Millie,que escutaram um pigarro, fazendo ambas olharem para o local.

Millie quase se engasgou ao ver quem estava ali parado diante delas. Ficou pálida e sem reação ao ver ninguém menos que Finn ao lado de Gabi. Não imaginava que veria o rapaz tão cedo, aliás, não imaginava que voltaria a vê-lo algum dia.

Sentiu suas pernas fraquejarem e se soltou de Sadie. O rapaz lhe fitava sério, com olhos magoados. Millie sorria entre o beijo com Sadie e isso ele presenciara, não havia sido dito por alguém, ele vira com os próprios olhos.

Enquanto ele havia passado meses de infelicidade, Millie havia compartido a cama com outra pessoa, caído nos gracejos de outro alguém, beijado outros lábios. Ela não poderia negar que estava gostando.

– Desculpem atrapalhar. - Gabi disse segurando o riso.

– Tudo bem, Gabi. - Sadie disse calma, agarrando a mão de sua esposa da maneira que sempre fazia.

– Esse aqui é Peter Leroy, o novo administrador. - Gabi disse. Millie piscou lentamente tentando entender o que acabara de ouvir. Ele estava se passando por outra pessoa. Com qual intuito?

– Muito prazer, Peter. - Sadie disse estendendo a mão livre para o homem, quem trincou o maxilar antes de segurá-la e sorrir falsamente. - Será um prazer trabalhar com o senhor. Esta é minha esposa. Millie Brown Sink. - Falou e o homem a olhou antes de se aproximar.

– Com todo o respeito. - Ele disse à Sadie antes de agarrar a mão de sua amada e deixar um beijo na mesma. A pele macia de Millie não havia mudado, o que havia mudado era o jeito que percebeu que Millie queria contrair a mão ao sentir seu toque. - É um prazer, Senhora. - Millie estava atordoada. Não sabia o que pensar.

– Eu... Eu preciso ir. Sadie... Eu tenho... lembrei de algo... - Sadie a olhou confusa.

– Está bem, Mills? - Sadie perguntou acariciando sua mão. Millie prendeu a respiração e assentiu.

– Sim. Só... Vá resolver suas coisas. Mais tarde nos vemos. - E ia saindo. Sadie segurou levemente seu pulso e se inclinou, tocando seus lábios no rosto de Millie. Havia percebido que sua esposa havia ficado tensa e mesmo sem entender decidiu não forçar a barra.

– Até mais tarde, então. - Ela disse, acompanhando com os olhos Millie sair dali visivelmente alterada.

Millie não sabia o que fazer. Não esperava ver Finn. Não esperava que ele fosse ali, com um nome falso. Por que razão faria isso? Talvez não soubesse que Sadie havia liberado sua entrada na cidade.

Os olhos pretos do homem lhe fizeram sentir o estômago revirar e o coração acelerar, mas não por algum sentimento bom, senão por medo. E se Sadie achasse que ela combinou com ele sobre mentir? E se ela contasse a verdade à Sadie e a mesma decidisse que, pela mentira, Finn deveria ser castigado? Não amava o homem, mas não queria o mal para ele. Era um bom homem.

Tampouco queria perder Sadie. Nos últimos meses se viu caindo profundamente de amores por sua esposa. A queria, a desejava, era totalmente apaixonada por ela. Havia pedido a Deus para ter algo bom além do arco-íris e o que encontrara era muito mais do que bom. Nenhuma riqueza e nem nada poderia se comparar ao que sentia por Sadie.

Era algo puro, sincero, que crescia a cada dia. Mas quem poderia julgá-la? Sadie era a mulher mais doce, paciente e compreensiva que conhecia em toda a sua vida. Qualquer pessoa se apaixonaria.

– E agora? O que faço? - Sussurrou para si mesma.

Por semanas havia desejado Finn de volta, mas agora só queria que o homem fosse embora para ser feliz longe dali. Tentou, mas não conseguiu decifrar o que o rapaz estava fazendo ali. O que ele pretendia se passando por outra pessoa? Precisava descobrir.


Over the rainbow - Versão SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora