Maratona final [2/6]
Millie adentrou o quarto empurrando a porta com as costas, já que suas mãos estavam ocupadas pela bandeja que ela trazia consigo. Fechou a porta com um dos pés e caminhou até Sadie, se sentando ao lado dela na cama. Já havia ido ali e limpado a sujeira que Sadie havia deixado.
– Trouxe suco de laranja e uma maçã para você. - Falou sem jeito. - É o mais seguro a se colocar no estômago agora, mas como sei que você é teimosa tomei a liberdade de trazer algumas torradas também.
– Obrigada. - Sadie disse.
– Eu também trouxe aspirina. - Falou e Sadie focou seus olhos no remédio, franzindo o cenho.
– Estou vendo duas aspirinas aqui.
– Você não foi a única a beber ontem à noite. - Millie disse rindo fraco. Ambas tomaram o remédio e Sadie comeu em silêncio, enquanto Millie lhe admirava quieta. Assim que Sadie terminou de comer, Millie sorriu. - Não tocou nas torradas?
– Você disse que a maçã e o suco eram o mais seguro a se colocar no estômago agora. - Falou e Millie assentiu se levantando.
– Vou deixar a bandeja sobre a mesinha, tudo bem? - Falou e Sadie assentiu, vendo Millie pegar a bandeja e colocar onde havia dito, caminhando em direção à sua mala logo em seguida. - Eu, hm, eu já vou indo então, já que não precisa mais de mim. - Falou tristemente, sentindo seu coração se despedaçar, encarando Sadie uma última vez antes de puxar a alça da mala.
– Quem disse que eu não preciso de você? - Ouviu Sadie dizer com a voz vacilando e voltou seu olhar para a mais velha. Sadie se levantou e caminhou até Millie, retirando a alça da mala de sua mão e a fitando nos olhos.
– Do que precisa? - Millie perguntou fitando os lábios de Sadie ao ver a proximidade da maior. Sadie apenas suspirou.
– Disso... - Em um ato intenso, Sadie se inclinou e beijou Millie, pegando a mais nova de surpresa e fazendo ambos corações dispararem contra o peito.
Subitamente, Millie sentiu mais vontade de chorar do que queria admitir, mas retribuiu ao último beijo sem hesitar. O beijo foi curto, apenas deu para sentir as línguas juntas em uma fração de segundos, porque no instante seguinte Sadie parou o beijo e envolveu Millie em seus braços, começando a chorar descontroladamente.
Millie não aguentou segurar o choro e desabou junto com Sadie, desfrutando do possessivo abraço da mais velha.
– Eu te amo. - Millie sussurrou entre o choro.
– Não diga que me ama, a menos que ame. - Sadie disse se separando do abraço e lhe fitando intensamente, com o rosto encharcado por lágrimas.
– Eu te amo tanto. - Millie disse novamente, abaixando a cabeça para enxugar algumas lágrimas. Sadie ergueu seu queixo com o indicador e polegar e suspirou.
– Olha dentro dos meus olhos e repete. - Millie suspirou, encarando Sadie de uma maneira tão intensa que Sadie não precisou ouvir mais nada para acreditar no que Millie dizia.
– Eu amo você, Sadie Sink. - Disse convicta. - Amo tanto que chega a doer; amo tanto que, cada vez que você me olha, meu estúpido coração quase explode de tão rápido que bate - Disse sentindo um nó se formar em sua garganta ao ver Sadie apoiar sua testa na dela. Ter Sadie tão próxima sempre a fazia perder o ar, como se cada célula de seu corpo gritasse por aproximação e, devido a manter a distância, seus pulmões a faziam arfar de tão cansativo que era se manter longe dela. - Amo tanto que apesar de você não acreditar, aqui estou, falando que eu te amo desesperadamente, com cada fibra do meu ser. - Disse mordendo seu lábio inferior antes de voltar a falar. - Eu não sei dizer o momento exato em que esse amor começou, mas tenho a plena certeza que jamais vai acabar.
Sadie engoliu em seco e assentiu, deixando o silêncio pairar entre as duas por longos segundos.
– Meu cérebro dorme quando bebo. - Sadie finalmente sussurrou. - Me desculpa, Mills... Me desculpa.... - Pediu quase em desespero, abraçando Millie, fazendo a mesma franzir o cenho. Enxugou algumas lágrimas e se desvencilhou do abraço, lhe encarando.
– Desculpa pelo quê?
– Por ter desconfiado daquela estupidez. Você não faria aquilo.
– E como deduziu isso só agora? - Millie perguntou confusa, sentindo seu coração gritar esperançoso.
– Por Deus, Millie... - Sadie disse erguendo sua mão e acariciando o rosto da menor. - Você passava horas para chegar do outro lado do parque, apenas para não cansar o coelho. Não teria a coragem de me magoar. - Millie riu baixinho e se jogou no abraço de Sadie, afundando seu rosto na curva do pescoço da maior e chorando de alívio.
– Eu senti medo. - Millie disse enquanto chorava baixinho.
– Eu não sei bem o que houve e preciso ainda entender, mas minha mãe me ajudou a abrir os olhos. - Sadie disse enquanto afagava os cabelos de sua esposa.
– Sua mãe? - Millie perguntou erguendo a cabeça, ainda abraçada com Sadie.
– Sim... - Sadie disse levando uma mão até o rosto de Millie e enxugando suas lágrimas. - Digamos que eu não consegui dormir logo. - Disse, se inclinando e dando um longo beijo no rosto de Millie. - Algumas coisas ainda não batem. - Millie olhou temerosa para Sadie assim que ouviu aquilo.
– Já está desconfiando de novo de mim? - Perguntou e Sadie riu baixinho.
– Pretendo nunca mais cometer esse erro de novo. - Sussurrou depositando um beijinho sobre o nariz de Millie. - Meu cérebro deve ser apaixonado pelo álcool, porque ficou besta. Depois de minha mãe confirmar que você esteve lá embaixo o tempo inteiro eu deveria ter me tocado, mas como disse... Minha inteligência evapora quando bebo.
– Bom saber, vou mandar quebrar todas garrafas de bebida alcoólica dessa casa. Você é rica mesmo, não vai ligar. - Sadie gargalhou ao ouvir o tom doce que sua esposa usara e tornou a abraçar forte Millie.
– Você é minha mulher, é tão rica como eu. - Falou inalando o cheiro dos cabelos, ainda molhados, de Millie
– O bem mais precioso que eu tenho é seu amor por mim. - Disse baixinho, enterrando a cabeça na curva do pescoço da maior, como se estando ali ninguém pudesse voltar a atingi-las.
– Então… - Falou, vendo Millie erguer a cabeça e lhe encarar. - Pretendo te deixar rica para o resto de nossas vidas. - Disse roçando seus lábios nos de Millie. Millie suspirou e fechou os olhos ao sentir o esbarrar de bocas e Sadie sorriu ao ver o quão rendida Millie ficava aos seus toques. Se sentiu estúpida por ter duvidado de sua esposa, afinal ela havia lhe dito a verdade sobre quem em realidade era Peter, não teria por que dizer se fosse fugir com Finn.
Suspirando feito idiota se inclinou, tocando tão delicadamente os lábios de sua esposa que a mesma gemeu ante a tanta doçura. Millie adentrou sua língua na boca de Sadie ao mesmo tempo que levava sua mão até a nuca da mais velha. Sadie, por sua vez, aproveitava o momento, porque sabia que assim que saísse daquele quarto encontraria quem a fez acreditar naquela merda. E o culpado...? Bem, ele pagaria caro por ter feito Millie derramar lágrimas quando merecia apenas dar sorrisos. Todos os sorrisos do mundo.
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Over the rainbow - Versão Sillie
أدب الهواة[ADAPTAÇÃO] Over the rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Millie Brown, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Finn Wolfhard,um camponês da classe baixa,mas sua mãe,Kelly, deseja...