Millie abriu os olhos lentamente antes de piscar várias vezes. Encontrou o par de olhos azuis lhe encarando com preocupação e só então se lembrou do que havia acontecido. Se levantou às pressas, percebendo que estava no quarto de Sadie, ou no delas, como Sadie costumava chamar.
– Hey... não se levante assim, você pode se sentir tonta. - Sadie disse com doçura na voz. Deu sorte de todas as grandes festas ocorrerem no salão principal de sua casa, porque assim pôde levar Millie rapidamente para o andar de cima e acomodá-la rapidamente.
– Vou te fazer uma pergunta e quero que me responda com toda a sinceridade. - Millie falou notoriamente alterada.
– Pois bem. Faça. - Sadie disse, curiosa.
– Você ajudou minha mãe a armar contra Finn e eu? - Sadie arqueou uma sobrancelha em total confusão.
– Como?
– Não se faça de sonsa! - Millie gritou caminhando em voltas pelo quarto. Sadie a alcançou e segurou seu braço delicadamente.
– Não estou realmente entendendo. - Falou e sentiu Millie puxar bruscamente seu braço do toque de suas mãos.
– Então deixa eu perguntar melhor. Há quanto tempo vem me querendo? Há quanto tempo tem vontade de me beijar? - Sadie corou. Não queria falar a verdade, seria embaraçoso, mas jamais mentiria para Millie.
– Hm, desde...a-alguns meses antes de nos casar. - Confessou cabisbaixa.
– E achou que eu não descobriria seu jogo sujo com minha mãe para fazer eu me casar com você? - Perguntou aos gritos. Sadie não estava conseguindo entender o que sua esposa estava tentando dizer.
– Mills... - Sadie foi calada pela mão de Millie acertando em cheio seu rosto. Levou a mão ao rosto mais por surpresa do que por dor, apesar de Millie ter um tapa realmente ardido.
– Nunca mais me chame assim! - Impôs. - Eu tenho tremendo nojo de você. Não pense que seu dinheiro possa ter comprado meus sentimentos, porque não, Sadie, não comprou.
– Você ao menos pode me explicar o que…
– Basta! - Millie gritou. - Para de se fingir de vítima aqui, meu Deus. - Pediu. Seu peito inflava e desinflava rapidamente. - Como fui idiota a tal ponto? Claro que acreditei que foi uma coincidència você aparecer limpando as minhas lágrimas assim que minha mãe me contou a pior das mentiras e no dia seguinte apareceu em casa pedindo a minha mão. - Disse em ironia.
– Millie, já chega! - Sadie falou um pouco mais alto. - Eu não sei de que merda você está falando, mas eu não tentei te comprar jamais. - Falou irritada. - E tem mais, você me pediu para casar com você, não o contrário.
– Porque minha mãe conhece o quão idiota posso ser. - Contestou. - Sou patética. - Disse chorando.
– Não, você não é. - Sadie a corrigiu, mas Millie a olhou feio novamente.
– Pare de agir como esposa perfeita porque seu joguinho já foi descoberto. Essa boa pose de ser perfeita, de me fazer sentir segura e até mesmo atraída por você acabou. Eu não ficaria com você nem por todo o dinheiro do mundo. - Cuspiu as palavras. - Só porque você é lésbica acha que todo mundo têm o mesmo tipo de atração que você? Acha que só porque é rica todas as garotas da cidade vão te desejar, mas adivinha só? Eu tenho repulsa, asco por você. Fui clara? Agora com licença. - Sadie até tentaria ir atrás dela, mas não podia negar que suas palavras a feriram de um jeito profundo. Não havia feito nada para merecer tamanho distrato, mas no fundo só ouviu da boca de Millie o que sempre soube: Ninguém jamais, em sã consciência, ficaria com ela por sentir algo. E rendida a esse pensamento foi para o banheiro tomar um banho e talvez, no secreto daquelas paredes, chorar.
[...]
– Onde está a mamãe? – Millie gritou ao chegar em frente à casa onde Sadie lhes havia deixado. Havia pedido para um dos guardas lhe levar ali devido ao horário noturno.
– Olá, filha! - Seu pai disse sorrindo, mas perdeu o ânimo ao ver que sua filha chorava e parecia irritada. Está lá dentro. - Disse a localização da mulher.
– Você não tem nada a ver com isso, não é? - Perguntou para seu pai, quem entortou a sobrancelha em confusão.
– Com isso o quê?
– Por Deus, o que são esses gritos? - Kelly saiu da casa, confusa pela gritaria.
– Como pôde, mãe? - Perguntou ainda chorando. Eu estava apaixonada por ele. - Confessou em um sussurro.
– Querida, por Deus, do que está falando? - Fingiu confusão.
– Pode tirar sua máscara. Encontrei a Liana ou seria... Alexia? - Os olhos de Kelly se arregalaram e a mulher percebeu que não teria outra escolha senão dizer a verdade.
– Oh por Deus. Eram apaixonados, mas viveriam aonde? Em um chiqueiro qualquer? - Perguntou com desdém. - Como sustentariam meus netos? Com restos de ração e com leite de vaca? Você deveria me agradecer. Eu te fiz um favor. - Completou cruzando seus braços abaixo do peito.
– O que está acontecendo aqui? - Josh perguntou completamente alheio aos acontecimentos.
– Além do mais vocês nem o amava. Amor e paixão são duas coisas bem diferentes. - Resolveu ignorar a pergunta do marido apenas para dar a cartada final. - E mais, desconfio até dessa paixão. Você só estava encantada por ele. - Joshua olhou confuso para ambas.
– Sua querida esposa se uniu com Sadie para bolarem um plano ridículo. - Kelly franziu o cenho ao ouvir o nome de Sadie, mas não entendeu.
Millie decidiu contar tudo para seu pai e o homem viu a cena com horror nos olhos. Como Kelly chegara tão longe? Decidiu partir da casa naquela mesma noite, voltando para sua casa no vilarejo. Kelly teve que o seguir, completamente contrariada e Joshua deixou claro que a partir de agora as decisões tomadas seriam todas única e exclusivamente dele.
No caminho de volta para casa Millie estava magoada, triste. Como, em milhões de anos, imaginaria que sua mãe e sua esposa pudessem se unir para lhe atingir de tal forma?
Estava arrasada, tinha certeza que nada mais sentia por Finn, sabia admitir que com o passar dos dias lembrava dele cada vez menos, mas vacilou ao sentir a enxurrada de informações caindo em seu colo. Porém, uma coisa era incontestável: Ao chegar em casa acabaria com aquele casamento de uma vez por todas.
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Over the rainbow - Versão Sillie
Fanfiction[ADAPTAÇÃO] Over the rainbow é uma história romântica que se passa no século XX. A protagonista Millie Brown, contrariando as regras da aristocracia a que pertence, se apaixona por Finn Wolfhard,um camponês da classe baixa,mas sua mãe,Kelly, deseja...