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Capítulo 1.01: A Garota Muda
Tom Kaulitz- 2002

Odeio a escola, odeio tudo relacionado a ela, odeio os professores, odeio as matérias, odeio os alunos, odeio o ambiente e odeio, acima de tudo, como tratam o meu irmão. Aqueles adolescentes nojentos e asquerosos, pareciam animais selvagens em um zoológico, brigando por um pedaço de carne. Eu não fugia das intimidações, mas sabia que só faziam isso por ser irmão de Bill, ninguém se importava em me magoar de verdade, o problema é que eu faria de tudo para trocar de lugar com ele, sua vida seria menos complicada

Esse ano ia ser diferente, não de um jeito bom, nos separaram de sala, mesmo que minha mãe tenha insistido para continuarmos juntos, mas na sociedade em que vivemos, só iriam aceitar se ela pagasse e não queríamos que ela pagasse por algo desse tipo

Eu confesso que minha vida gira em torno do meu irmão gêmeo, eu queria que sua passagem por aqui fosse a melhor dentro das condições, quero realizar o sonho dele de ser um grande cantor, quero que ele seja tratado bem e viva uma vida feliz e amena. Eu dedico a minha vida a isso

Nessa primeira semana de aula, meus colegas me trataram estranhamente diferente do normal, estavam mais simpáticos e receptivos. Eu estranhei o comportamento, mas ignorei, tinha mais com o que me preocupar, durante todas as aulas eu pensava se estavam fazendo algo com Bill na sala dele, no intervalo eu sempre o encontro cercado de meninos mais velhos, fazendo eu me distrair o resto do dia pensando em algo que eu poderia fazer para ajuda- ló

O sinal do intervalo tocou me fazendo fugir de meus pensamentos e prestar atenção ao redor. As pessoas se movimentaram pelo lugar em direção a saída enquanto falavam alto e vibravam, menos um grupo de garotos que vieram até mim com uma bola de futebol

— eai, Tom- um deles diz sorridente- sabe jogar? Quer passar o intervalo com a gente?- mostra a bola

Não pude evitar de demonstrar minha supresa com o pedido, mas eu não poderia aceitar, mesmo que a oferta fosse tentadora, precisava ir atrás do que realmente importa

— não, obrigado- dou um sorriso fraco- tenho que achar Bill, a não ser...- sou interrompido pelo o mesmo garoto que revirou os olhos

— desculpa Tom, mas nunca andaríamos com alguém como Bill, não queremos ser motivo de chacota- ele diz receoso- sei que é seu irmão, mas deveria desapegar dele e abrir espaço para oportunidades maiores no ciclo social

— eu nunca faria isso com ele

— não estou dizendo para você parar de amar seu irmão e apoiá-lo incondicionalmente- complementa colocando a bola apoiada na cintura- eu mesmo tenho uma irmã esquisita, cá entre nós, eu a amo e a apoio, mas eu nunca destruiria minha vida social para falar com ela - da uma risada nasal

Não era a primeira vez que me falavam isso, já ouvi diversos comentários desse tipo "você é tão legal, nem parece que é irmão daquele menino", talvez seja por eu não aceitar esse tipo de coisa que não gostem de mim, por por meu irmão em primeiro lugar

Mas e se eu não fizesse pelo menos uma vez?

— sua irmã deve odiar o irmão que tem- finalizo e vejo o olhar do garoto ficar sério e levemente ofendido

— faz o que quiser, depois não diga que não foi avisado- se vira de costas com seus amigos e caminham em direção a porta de saída

— pode deixar- murmuro levando meu olhar para meu caderno e me deparando com uma folha totalmente vazia

Fechei o caderno e me levantei sem muita empolgação para ir atrás de Bill antes que algo acontecesse

Eu não aguentava mais, a situação do meu irmão me afetava completamente, eu já não tinha mais uma vida, uma vida sozinho, uma vida egoísta, ele não sabia o quanto isso me prejudicava e não iria saber, nunca iria, o poderia deixá-lo pior

Save Him| Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora