Capitulo 7

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Na manhã seguinte, enquanto tomávamos café, eu me sentia mais disposta e até um pouco animada. Minha mãe até notou o meu humor e sorriu, inclinando-se levemente sobre a mesa.

— Você parece mais alegre hoje, filha — comentou ela, olhando para mim com olhos curiosos. — Aconteceu algo de especial?

— Na verdade, sim — respondi, tomando um gole do meu café antes de continuar. — Fiz alguns novos amigos ontem, e estou começando a me sentir mais à vontade na escola.

O rosto dela se iluminou, e Alessandro, que estava sentado ao lado dela, também parecia satisfeito.

— Fico feliz em ouvir isso. — disse Alessandro, com seu sotaque italiano carregado. — Sabíamos que seria um desafio para você se adaptar, mas parece que você está lidando muito bem.

Concordei com um sorriso, sentindo-me mais confiante do que nos dias anteriores. Terminamos o café da manhã, e Alessandro me levou para a escola, como de costume. Ao chegar, me senti ansiosa e animada para ver Chiara e meus novos amigos. No entanto, assim que entrei na sala, fui surpreendida ao ver Nicolo Benedetti já lá, sentado em seu lugar.

Ele estava despreocupado, com os pés apoiados na borda da mesa enquanto a  mochila estava jogada de qualquer jeito. Seus olhos se encontraram brevemente com os meus, mas ele não disse nada. Para evitar qualquer interação indesejada, coloquei meus fones de ouvido e me afundei na música, esperando que Chiara chegasse logo.

Felizmente, não demorou muito. Chiara entrou na sala com seu sorriso habitual, e acenei para ela enquanto tirava os fones.

— Bom dia, Amanda! — Chiara disse animadamente. — Como você está hoje?

— Estou bem, na verdade. Foi bom ontem, me senti mais incluída — respondi enquanto ela se sentava ao meu lado.

Nosso papo foi interrompido pela entrada triunfal de Valentina e suas "escudeiras". A energia na sala pareceu mudar imediatamente. Valentina lançou um olhar de desprezo em minha direção, fazendo uma expressão de nojo.

— Nossa, essa escola já foi frequentada por pessoas melhores — ela murmurou, mas alto o suficiente para que todos pudessem ouvir.

Aquilo me irritou, e antes que pudesse me conter, respondi:

— Por que você não vai achar outro pra encher o saco?

O choque no rosto dela foi evidente. Valentina não estava acostumada a ser confrontada, especialmente por alguém novo. Seus olhos se estreitaram, e ela deu um passo em minha direção, a voz cheia de veneno:

— Você devia tomar cuidado com o que fala,novata.E quem sabe aprender a cuidar dessa... coisa que você tem na cabeça — falou, gesticulando com desdém para o meu cabelo.

Aquilo foi a gota d'água. Levantei da cadeira e, sem pensar duas vezes, dei um tapa na cara dela. O estalo ecoou pela sala, e um silêncio mortal se seguiu. Valentina, com o rosto vermelho de raiva e choque, avançou para me revidar, mas antes que ela pudesse me tocar, Nicolo interveio, segurando seus pulsos.

— Você é louca? — ele disse, olhando diretamente para mim, mas com um brilho de surpresa nos olhos.

Sem me deixar intimidar, respondi com firmeza:

— Você devia controlar a sua namorada.

Nicolo, ainda segurando Valentina, respondeu com uma voz fria e cortante:

— Ela não é minha namorada.

Valentina soltou um grito de frustração, tentando se soltar do aperto dele.

— Isso não vai ficar assim! — Valentina me ameaçou, com os olhos cheios de ódio.

Antes que qualquer coisa pudesse escalar ainda mais, a professora entrou na sala, e todos se afastaram rapidamente. Eu voltei para o meu lugar, ainda com o coração acelerado, mas sem me arrepender do que fiz. Valentina me lançou um último olhar ameaçador antes de se sentar, murmurando algo para suas amigas.

Enquanto a aula começava, eu me perguntei o que poderia acontecer a seguir. Uma coisa era certa: eu tinha feito um inimigo poderoso naquele colégio.

                             °°°

Durante o intervalo,eu estava apertada e decidi ir ao banheiro . Depois que terminei minhas necessidades, fui até a pia para lavar as mãos, tentando afastar os pensamentos sobre o que havia acontecido mais cedo.

Terminei de lavar as mãos e me dirigi para a porta, mas assim que dei um passo para fora, senti alguém me puxar e me prensar contra a parede. Um grito de surpresa ficou preso na minha garganta quando olhei para cima e vi Nicolo, seu rosto perigosamente próximo do meu. Ele tinha uma expressão séria, mas o que mais me surpreendeu foi a proximidade — eu podia sentir sua respiração quente e o leve cheiro de menta que vinha de seu hálito.

— Você é louca, sabia? — Nicolo murmurou, sua voz baixa e carregada de algo que eu não conseguia identificar. — Deve tomar cuidado com quem confrota. Pessoas como Valentina… elas têm poder, e você ainda não faz ideia de como as coisas funcionam aqui.

Minha mente estava correndo, tentando entender o que estava acontecendo, mas as palavras dele só fizeram meu coração bater ainda mais rápido. Ele se aproximou mais, se é que isso era possível, e eu senti como se o ar ao meu redor estivesse ficando mais rarefeito.

— Elas são de um nível muito alto, Amanda. — Ele continuou, com os olhos fixos nos meus. — E você está entrando em um jogo perigoso.

Eu queria responder, queria dizer algo sarcástico, ou pelo menos me afastar dele, mas minhas palavras falharam e minhas pernas pareciam ter se transformado em gelatina. Eu estava paralisada, incapaz de desviar o olhar daqueles olhos intensos que me encaravam como se pudessem ver através de mim.

Após alguns segundos que pareceram uma eternidade, Nicolo finalmente se afastou, seu olhar ainda fixo no meu.

— Fica esperta. — Ele disse, antes de se virar e sair do banheiro, deixando-me sozinha, com o coração martelando no peito e uma confusão de pensamentos que eu mal conseguia processar.

Fiquei parada ali por mais alguns momentos, tentando recuperar a compostura. O que tinha acabado de acontecer? Por que a proximidade dele me deixou tão desconcertada?

Respirei fundo, tentando acalmar meu coração acelerado. Eu sabia que Nicolo era perigoso, mas aquela interação tinha sido algo além do que eu esperava. Por um momento, me permiti sentir o pânico e a adrenalina correrem pelas minhas veias, antes de me obrigar a sair do banheiro e voltar ao mundo lá fora.

Tra il Sole e il MareOnde histórias criam vida. Descubra agora